quarta-feira, julho 23, 2014

O poder da informação

Manuel Monteiro escreve um artigo que merece reflexão. É sobre o poder de J. Edgar Hoover, que dirigiu durante 48 anos o FBI: «Seria importante conhecer, por exemplo, em que medida a informação por si recolhida, permitindo-lhe aceder aos segredos de muitos dos seus adversários, ou potenciais adversários, não impediu a acção que estes poderiam ter desenvolvido contra si. Como seria importante entender quantos compromissos foram alcançados e silêncios garantidos, para que essa informação não fosse divulgada.»

Mas Manuel Monteiro vai mais longe, colocando a hipótese de casos como o de Hoover poderem ocorrer «na actual política portuguesa», admitindo que, «se isso foi assim num país de grandes dimensões, mais facilmente o será num país de poucos milhões.»

1 comentário :

Evaristo Ferreira disse...

Sem dúvida de que muitos centros de poder continuam a sonegar grande parte da informação, isto apesar de a sociedade hoje em dia ter os meios que não havia no tempo de Hoover. O mundo mudou, e muito, no caso da informação. E até há quem, dentro do "sistema", venha informar-nos do que vai acontecendo. Veja-se o caso de Snowden, que trouxe para a praça pública os documentos e as escutas feitas pela NSA a governos mundiais e parceiros da Nato.
Manuel Monteiro cita Edgar Hoover, mas podia referir-se também a Joseph McCarthy, que entre 1947 e 1952 criou um clima de terror com a "caça às bruxas", fazendo tábua rasa sobre os direitos humanos, tão caros ao povo americano.
Também podíamos referir que, o caso das escutas (Water Gate) ao partido democrata americano, em 1972 (?), acabou por ser denunciado graças ao trabalho de dois jornalistas do The Wasington Post. Hoje, com os meios que temos e a militância de alguns, é muito difícil um governo (democrático) esconder informação. Eles sempre procuram esconder os factos, mas tarde ou cedo serão desmascarados.
Hoover e McCarthy foram importantes, graças à Guerra Fria, e à falta de meios. Era o tempo do telefone, do informador, do caderno de apontamentos. Hoje a informação corre célere nas redes sociais, num simples telemóvel. Mas é avisado não esquecer, não calar, e denunciar.