terça-feira, agosto 26, 2014

E o prémio vai para...


Tema: notícia do Jornal de Negócios de dia 25 de Agosto, página 11, sob o título «Governo baixa taxa máxima dos telemóveis»

Comentário:

É certo que a concorrência é forte e ainda estamos em Agosto mas ou muito me engano ou o prémio para a notícia mais mentirosa do ano vai para esta magnífica pérola do jornalismo português publicada na edição de ontem do Jornal de Negócios.

Convenhamos, é preciso arte para conseguir transformar a decisão do Governo de criar a polémica nova taxa sobre a compra de telemóveis e outros equipamentos electrónicos neste espantoso título: «Governo baixa taxa máxima dos telemóveis». Lê-se e não se acredita - e ainda bem, porque não é verdade. Vem tudo explicado logo no segundo parágrafo do texto, cuidadosamente ditado pelo assessor de imprensa e transcrito pelo zeloso jornalista: «o Executivo reduziu os valores máximos face ao inicialmente previsto (de 25 para 15 euros)». E pimba, está feito o truque. Viram como se faz? Aquilo que é uma taxa inteiramente nova, representando um aumento de ZERO para 15 euros, transformou-se numa generosa «baixa da taxa máxima» dos (imaginários) 25 euros «inicialmente previstos» para uns módicos 15 euros. Nesta lógica, se tivessem «inicialmente previsto» uma taxa máxima de 30 euros estaríamos agora todos a festejar uma fantástica redução para metade da taxa máxima que não existia!

Talvez a agência de comunicação que conseguiu vender e fazer publicar este «spin» governamental fraudulento mereça todo o dinheiro que ganha. De quem faz ou deixa fazer este tipo de jornalismo é que não se pode dizer o mesmo.

7 comentários :

ignatz disse...

qualquer resultado é bom partindo do princípio que poderia ser pior.

Joaquim Moura disse...

O Jornal de Negócios, sob a direcção de Helena Garrido tornou-se no orgão de propagando deste governo.
Já não falo sequer de a opinião publicada ser quase exclusivamente de direita e alinhada com esta maioria e este governo. Essa é a tendência dominante nos jornais e orgãos de comunicação da chamada informação económica desde há muito tempo. Falo das notícias como a referida no post que são frequentes e são a negação do jornalismo sério. Helena Garrido tende a alinhar com o poder do momento, mas desta vez levou a sua habitual subserviência aos poderes mais longe e dispôs-se a dirigir propagandistas disfarçados de jornalistas. Perdeu toda a credibilidade há muito tempo e deveria ter vergonha.

james disse...

Não é a primeira vez que notícias destas aparecem e sobre as mais variadas matérias.


A seguir à Justiça, o jornalismo deve ser das artes que tresandam mais à imundície.

Fernando Romano disse...

Nunca se viram tantos escurras no nosso jornalismo. Nem no Estado Novo. Contradizer a opinião manhosa recebida é a missão do jornalista. O jornalista deve ter presente que "ocupa o território da razão e da justiça". E daí nunca deve sair.

Há dias o jornalista Ricardo Costa, na SIC, descobria, através de uma hipotética fórmula matemática aplicada à economia (portuguesa), que afinal os políticos até seriam prescindíveis; Gomes Ferreira, ontem na SIC, comportou-se como um militante radical desta maioria, atacando a oposição, especialmente o PS, com adjetivos que envergonham o jornalismo, sustentado na contabilidade salazarista do Deve e Haver. Exibiu-se sem o mínimo de vergonha como se ministro da propaganda deste governo fosse. O primeiro faz-nos lembrar o João Coito; este traz-nos à memória o Barradas de Oliveira.

Infelizmente, o jornalismo português reinante tem elevadíssima cota de responsabilidade nos caminho que a política portuguesa trilhou nestes últimos anos. Sabemos que está nas mãos de grupos económicos que fazem depender os seus ganhos do poder oficial instalado. Não está fácil a vida para os jornalistas. Reúnam-se, discutam, marquem um Congresso - façam trinta por uma linha. O que o jornalismo não pode continuar a ser é cúmplice de um conjunto de bandos que ocupa o poder e desgraça os portugueses.

Mas nunca se viram tantos escurras no jornalismo português. Nem no Estado Novo.


ignatz disse...

... e os cortes do sócras que o governo do passos aplica, duplica e triplica, são do governo anterior.

Anónimo disse...


Mas...o pior nem é esta peça canhestra, o pior é ouvir, nas peças televisivas, a todo o momento, que os cortes são provocados pelos chumbos do TC.
Não são provocados pela inconstitucionalidade do governo mas pelos chumbos do TC. Bem como a repetição de que os cortes são de Sócrates, etc...a editorialização laranja chegou a um nivel inimaginavel. Eu não acredito em nada é tudo propaganda.

Evaristo Ferreira disse...

O Jornal de Negócios é propriedade da Cofina, tal como o pasquim Correio da Mãnha. O fedor da cloaca contamina tudo e todos. Quanto à Helena Garrido está a mostrar como o poder económico, nestes dias que correm, corrompe os jornalistas sem espinha.