sábado, setembro 13, 2014

Da série «Estado de Citius»

Hoje no DN (clique na imagem para a ampliar)

Não foi, de facto, por falta de aviso que Paula Teixeira da Cruz se lançou nesta desbragada aventura que se traduziu na paralisia dos Tribunais — que são um órgão de soberania, é bom não esquecer. A equipa que dirigiu o Citius alertou-a para as fragilidades do sistema informático. A Inspecção Geral de Finanças confirmou que havia que adaptar previamente a plataforma informática às exigências do novo mapa judiciário.

Hoje, soube-se, através do DN, que, já em Fevereiro de 2013, «João Miguel Barros, chefe de gabinete da ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, e homem da sua confiança pessoal, bateu com a porta e avisou que o Citius e outras plataformas informáticas iriam comprometer o arranque do novo mapa judiciário.» Em declarações ao DN, «o ex-braço direito de Paula Teixeira da Cruz resguardou-se e explicou que "esta é a altura de concentrar os esforços na normalização do sistema e em salvar a credibilidade da reforma e entendo não acrescentar outras questões à enorme confusão que está instalada".»

Elina Fraga, bastonária da Ordem dos Advogados, num comentário às palavras do ajudante que substituiu à última hora Paula Teixeira da Cruz no encontro anual dos juízes, afirmou: «Parecia o ministro da propaganda do Saddam Hussein, no Iraque, que ouvia as bombas a rebentar e dizia que estava tudo em paz», lembrando que «há milhares de processos ainda em caixotes e milhões que ainda não estão na plataforma Citius». E o próprio presidente do Supremo Tribunal de Justiça, António Henriques Gaspar, não deixou de sublinhar que o pandemónio que se vive no sector da Justiça é consequência da «sedução por ideologias ou teorizações neoliberais».

O Presidente da República, uma espécie de carro-vassoura deste governo, veio ontem dar uma mãozinha à ministra. Vendo no fecho de tribunais do interior uma Justiça «mais próxima dos cidadãos», não deixou de se distanciar: esperando que «as dificuldades que surgiram na implementação desta reforma sejam rapidamente ultrapassadas», proferiu com ênfase que «as políticas são definidas, são executadas pelos ministérios e pela administração.» Pode ser necessário voltar a salvar a pele.

6 comentários :

Anónimo disse...

Com a Justça paralisada, estes bandalhos dormem impunes. Tem de ser o povo a resolver esta cégada.

Anónimo disse...

Muito tempo levou ele a bater com a porta - alguém tem paciência, mínima, para aturar a dita cuja?

Em tempos, coloquei um poste em que manifestava a ideia - que os governantes tinham de apresentar o registo criminal, limpo, e um fiador, para que, o fiador garantir o que de mal acontecesse ao País... pela acção do governante.

Porra... eu não tenho culpa do desmazelo desta gente

Até hoje e nunca mais


Zé da Adega o da esperança

Anónimo disse...

Isto é uma miséria. O citius foi uma conquista do PS contra juízes e mp. bem se sabe o quão avessos ao citius têm sido as magistraturas, tenho no meu escritório despachos memoráveis de juízes que se recusavam a trabalhar no citius. será por os obrigar a trabalhar mais? será por a possibilidade de escrutínio e análise do trabalho ser altamente facilitada através dessa ferramenta? será que esta bandalheira toda não foi propositadamente criada para ferir de morte o citius, plataforma que, essa sim, revolucionou bastante a forma de trabalhar, pelo menos no que aos advogados respeita? interrogações de um advogado.

arebelo disse...

De onde de corre que um caquético Cavaco reduza esta monumental barraca a uma mera questão técnica levando ao cúmulo a cobertura da imbecilidade.Ou seja,enveredou numa de perdido por cem,perdido por mil,como se a dignidade institucional fosse pecadilho do passado,uma recorrência tal como o entende o "cleópatro"o da propaganda do partido do bpn quando confrontado com o buracão de muitos milhões que legou aos cidadãos de V.N.Gaia!

Anónimo disse...

Mas a demissão ocorreu em 2013 e só agora é que se sabe...

Oráculo disse...



No final deste trágico consulado "prezidensial" do cavaco e da subsequente e irresponsável aventura desta "culigassão" passos cuelho/catarine deneuve, NÃO RESTARÁ PEDRA SOBRE PEDRA do Portugal de Abril!