sexta-feira, setembro 19, 2014

Entre a Justiça e o Correio da Manha

• Francisco Proença de Carvalho, A Justiça e os anseios:
    «(…) Em terceiro lugar, é preciso ter cuidado com a vaidade na Justiça. Este endeusamento dos homens e mulheres da justiça que, finalmente, começaram a meter na ordem os pseudo poderosos é perigoso. Isto porque só eles têm sido valorizados. Só eles são super. Só eles têm direito a reportagens sobre o quão fantástico e humilde é o seu percurso. Só eles são incansáveis trabalhadores e corajosos representantes do povo que metem o país na ordem. Então e os outros que tiveram a coragem de absolver? Nos dias de hoje, a coragem judicial não está em quem condena. Isso é considerado incriticável e merecedor de júbilo público. Como é evidente, a coragem está em absolver, está em enfrentar os julgamentos sumários mediáticos. Não mereceriam estes juízes ver também as suas sentenças devidamente citadas e elogiadas nos meios de comunicação social? Não mereceriam estes juízes ter o mesmo tratamento mediático que outros?

    Condenando ou absolvendo, é fundamental que o sistema de Justiça mantenha um percurso sereno e alheio aos circos mediáticos e ao contexto de crise que assola a sociedade portuguesa. A Justiça deve sempre tomar apenas e só em conta o caso concreto, os factos, as provas e o Direito. E deve evitar cair na tentação de entrar no campo da moral, da opinião e das sentenças "exemplares".»

4 comentários :

Anónimo disse...

Se calhar convinha informar que a ex-Ministra está a ser assessorada pelo escritório do senhor que escreveu o artigo.

Anónimo disse...

E então? Como está a assessorar já não pode ter opinião? Esta justicinha justicialista está a ficar linda e nós todos em perigo. Livrai-nos Senhor das garras desta gente!

Anónimo disse...

É expectável que a opinião publicada de um advogado coincida com a do seu cliente. O que falta é um disclaimer no artigo de 'opinião'

Anónimo disse...

Quem tenha acompanhado o processo Face Oculta (o do PS), ou quem tenha lido o acórdão deste processo, fica a perceber claramente que se tratou de um processo essencialmente político.
Para satisfazer a antipatia política contra a figura polémica de Sócrates e contra o PS, algumas entidades políticas ligadas à direita (possivelmente da central de comunicação dirigida por Relvas), inventaram um monstro jurídico onde misturaram algumas irregularidades com invenções e processos de intensões que levaram à condenação a penas desproporcionadas a algumas figuras públicas e a uma mão cheia de condenações de pessoas inocentes. Para esta monumental intriga judiciária contaram com um investigador paranóico Teófilo Santiago e com procuradores não isentos Carlos Filipe e Marques Vidal. O Jornal Sol pela mão de Felícia Cabrita e a Revista Sábado prepararam o ambiente, intoxicando a opinião pública com a ideia da corrupção, corrupção, corrupção. O super juiz Carlos Alexandre também não se quis atravessar e fazer um pouco de justiça. Enquanto se apresentavam justificações na instrução prévia, o super batia o lápis na mesa e fechava os olhos. Ninguém estava disposto a ouvir mais nada - corrupção, corrupção, corrupção. Quais testemunhas, quais peritagens, quais justificações e pareceres das empresas - corrupção, corrupção, corrupção.