segunda-feira, setembro 22, 2014

O autor da «Lei Seguro»

Uma das curiosidades em torno da «reforma» da lei eleitoral de António José Seguro era saber quem tinha sido o crânio que a concebera. Ele confessa-se hoje no DN: João Vargas, «politólogo, militante do PS, colaborador de António José Seguro na questão da lei eleitoral».

O politólogo de António José Seguro, com um domínio algo periclitante da escrita, convoca, em termos enérgicos, os portugueses a repelir o «medo da mudança». Depois, explica-nos atabalhoadamente a revolução que congeminou.

Começa a matar: a «proposta de deliberação» com aqueles três pontinhos é promovida a «Lei Seguro». Mas, contrariamente ao que seria de esperar, não aflora as razões por que Seguro decidiu reduzir o número de deputados — afastando assim o país do que se verifica por essa Europa fora. E contra toda a evidência, esquece-se, por exemplo, de explicar como é que se daria a aproximação entre eleitores e eleitos com o corte de 49 deputados, sobretudo nos distritos do Interior — que veriam a sua representação parlamentar acompanhar o movimento em curso de eliminação de serviços públicos.

Se a «proposta de deliberação» em três pontinhos parecia o produto de uma noitada, este indigente artigo do politólogo de António José Seguro supera-a. Com efeito, só uma irreflectida precipitação poderá explicar que, após a «abstenção violenta» e o bodo aos ricos com a reforma do IRC, ainda haja o desplante de dizer que «António José Seguro é uma ameaça aos poderes instalados e parte dos instalados está a fazer tudo para impedir uma mudança no nosso país

Em todo o caso, não se pode dizer que o politólogo de António José Seguro não tenha sentido de humor: a «Lei Seguro» visa permitir a «escolha dos deputados pelos portugueses». Como se sabe, têm sido até agora os chineses a eleger os deputados da nação.

8 comentários :

Francisco Clamote disse...

Pelos vistos, para o "politólogo" foram. Ele há cada um!

S.Aldo disse...

O que nos vale é que já só faltam 5 dias.

Anónimo disse...

O Seguro é, já de si, pouco seguro. E então encostado a uma muleta rachada, é trambolhão certo. Coitado do Tó Zero.

RFC disse...

Bem, para além do súbito destaque que o post do CC hoje lhe conferiu, não ultrapassam a dezena os resultados devolvidos pelo Google. Apenas que o nóvel *politólogo* sorri não se sabe de quê até porque carrega os livros pelo campus da Universidade de Aveiro há seis anos (!). E é do PS. Produção científica zero, vi bem?

João Vargas
University of Aveiro, Social, Juridic and Political Science Department, Graduate Student

JoseOliveira disse...

(Desculpem mas nao tenho teclado portugues) O artigo do politologo responde a questao essencial deste debate, ou seja: eles sao parvos ou estao a fazer de parvos? A resposta foi dada de forma cabal.

Joaquim O. disse...

Fiquei-me por "Uma parte dos artigos contra a Lei Seguro, (...), focam-se(...)", mas se é pra continuar, continua-se. :D

PMatos disse...

é sempre muito divertido ver alguém sustentar alterações ao sistema eleitoral tendo por base de comparação países cujo sistema político assenta em sistemas parlamentares federais...
... a seguir vamos vê-los (como já vi alguns a ensaiar essa hipótese) a comparar o n.º de deputados em Portugal com o n.º de "deputados" na Austrália...

Conde de Oeiras e Mq de Pombal disse...



Politólogo da Universidade de Aveiro? E que se arrasta por lá há seis anos? Olhe, muito prazer, Sebastião Zé.

Até agora só conhecia daí um patetinha que faz de vez em quando uns "números" risíveis no Forum da TSF. Ai, esquece-me o nome do maltês... Adelino?

O Vargas então é da mesma Escola, tá tudo dito.