Quando afirmou numa entrevista que «o Pedro é que abria as portas todas», houve um só momento em que o patrão da Tecnoforma ficou embaraçado e até pediu para o gravador ser desligado. Aconteceu quando questionado acerca das remunerações pagas a Pedro Passos Coelho: «Eh pá, isso já não me recordo. É um bocado arriscado estar-lhe a dizer e era grave.» A verdade é que, já em 2011, dois administradores da Tecnoforma haviam contado ao Expresso que Passos Coelho trabalhou para este grupo enquanto era deputado.
É inverosímil que Passos Coelho «não tenha presente» se o trabalho que prestou à Tecnoforma foi pago. Então, que pretende Passos Coelho com esta estratégia de remeter o cabal esclarecimento da situação para a Assembleia da República (no início da semana) e para a Procuradoria-Geral da República (ontem)?
Vamos por partes.
O pedido de esclarecimento feito ao parlamento teve o propósito de evitar que, no caso de ser descoberto (como viria a acontecer) que Passos Coelho tinha requerido o subsídio de reintegração, fosse ele apanhado a mentir. Coube ao secretário-geral da Assembleia da República — ex-secretário de Estado de Balsemão e Cavaco — fazer esse vergonhoso papel a dois tempos: primeiro, ao negar que Passos Coelho tivesse optado pelo regime de exclusividade e, depois, embrulhando-se na explicação da atribuição do subsídio de reintegração (a que só teria direito se estivesse em exclusividade de funções).
Ontem, na conferência de imprensa conjunta com Martin Schulz, Passos Coelho voltou a fazer uma declaração inverosímil: não tinha ainda tido oportunidade de ler o (segundo) comunicado do secretário-geral do parlamento. Eram cinco horas da tarde. Mas, logo aí, após ter sido bombardeado com perguntas dos jornalistas a que não respondeu, afirmou que iria requerer de imediato que a Procuradoria-Geral da República investigasse a situação. Entretanto, ainda não foi apresentado nenhum pedido por parte de Passos Coelho.
Acontece que, do ponto de vista criminal, os factos estão prescritos. Ele sabe que nós sabemos que ele sabe que a Procuradoria-Geral da República não pode investigar factos prescritos. Assim, o pedido terá o único propósito de ganhar tempo.
De acordo com o que veio a público, as declarações de IRS de Passos Coelho não contêm os rendimentos que ele poderá ter auferido na Tecnoforma. Tendo já caducado o direito à liquidação do imposto em falta, também a Autoridade Tributária não poderá investigar seja o que for.
Por outro lado, as sociedades comerciais são obrigadas a guardar a sua contabilidade durante dez anos. Os factos em causa ocorreram há mais de dez anos.
Face ao exposto, as declarações falsas prestadas por Passos Coelho e a fuga aos impostos, a terem ocorrido, só podem ser esclarecidas por uma destas vias:
Aqui chegados, poderemos conjecturar que as manobras dilatórias de Passos Coelho visam ganhar tempo para fechar os eventuais alçapões que o possam comprometer. Ora, não podendo ter nunca a certeza de que não andem por aí provas documentais à solta, o último ano do mandato do alegado primeiro-ministro será percorrido sob a ameaça ou a chantagem da bomba atómica.
PS — Questionado há dias pelo Público acerca dos pagamentos a Passos Coelho pelos serviços prestados à Tecnoforma, o presidente da empresa respondeu o seguinte: «Estou convencido de que ele [Passos Coelho] recebia qualquer coisa, mas não posso falar em valores porque não posso provar nada». Esta declaração não deixa grande margem para dúvidas de que a «abertura de todas portas» foi um serviço pago, mas faz admitir a possibilidade de poder ter acontecido em «cash» e em espécie.
É inverosímil que Passos Coelho «não tenha presente» se o trabalho que prestou à Tecnoforma foi pago. Então, que pretende Passos Coelho com esta estratégia de remeter o cabal esclarecimento da situação para a Assembleia da República (no início da semana) e para a Procuradoria-Geral da República (ontem)?
Vamos por partes.
O pedido de esclarecimento feito ao parlamento teve o propósito de evitar que, no caso de ser descoberto (como viria a acontecer) que Passos Coelho tinha requerido o subsídio de reintegração, fosse ele apanhado a mentir. Coube ao secretário-geral da Assembleia da República — ex-secretário de Estado de Balsemão e Cavaco — fazer esse vergonhoso papel a dois tempos: primeiro, ao negar que Passos Coelho tivesse optado pelo regime de exclusividade e, depois, embrulhando-se na explicação da atribuição do subsídio de reintegração (a que só teria direito se estivesse em exclusividade de funções).
Ontem, na conferência de imprensa conjunta com Martin Schulz, Passos Coelho voltou a fazer uma declaração inverosímil: não tinha ainda tido oportunidade de ler o (segundo) comunicado do secretário-geral do parlamento. Eram cinco horas da tarde. Mas, logo aí, após ter sido bombardeado com perguntas dos jornalistas a que não respondeu, afirmou que iria requerer de imediato que a Procuradoria-Geral da República investigasse a situação. Entretanto, ainda não foi apresentado nenhum pedido por parte de Passos Coelho.
Acontece que, do ponto de vista criminal, os factos estão prescritos. Ele sabe que nós sabemos que ele sabe que a Procuradoria-Geral da República não pode investigar factos prescritos. Assim, o pedido terá o único propósito de ganhar tempo.
De acordo com o que veio a público, as declarações de IRS de Passos Coelho não contêm os rendimentos que ele poderá ter auferido na Tecnoforma. Tendo já caducado o direito à liquidação do imposto em falta, também a Autoridade Tributária não poderá investigar seja o que for.
Por outro lado, as sociedades comerciais são obrigadas a guardar a sua contabilidade durante dez anos. Os factos em causa ocorreram há mais de dez anos.
Face ao exposto, as declarações falsas prestadas por Passos Coelho e a fuga aos impostos, a terem ocorrido, só podem ser esclarecidas por uma destas vias:
- • Ou o alegado primeiro-ministro exige que a Tecnoforma e o banco onde tinha conta permitam o acesso às respectivas contabilidades para que a sua reputação não seja manchada;
• Ou provas documentais da denúncia anónima que se diz ter sido enviada para a Procuradoria-Geral da República chegam aos jornais.
Aqui chegados, poderemos conjecturar que as manobras dilatórias de Passos Coelho visam ganhar tempo para fechar os eventuais alçapões que o possam comprometer. Ora, não podendo ter nunca a certeza de que não andem por aí provas documentais à solta, o último ano do mandato do alegado primeiro-ministro será percorrido sob a ameaça ou a chantagem da bomba atómica.
PS — Questionado há dias pelo Público acerca dos pagamentos a Passos Coelho pelos serviços prestados à Tecnoforma, o presidente da empresa respondeu o seguinte: «Estou convencido de que ele [Passos Coelho] recebia qualquer coisa, mas não posso falar em valores porque não posso provar nada». Esta declaração não deixa grande margem para dúvidas de que a «abertura de todas portas» foi um serviço pago, mas faz admitir a possibilidade de poder ter acontecido em «cash» e em espécie.
10 comentários :
O que PPC pretende é ganhar tempo para poder eventualmente apagar qualquer vestígio que possa haver dos tais pagamentos de tecnoforma. A única saída que tem é provar que nada recebeu.
E o Banco onde o dinheiro de pagamentos da Tecnoforma a Passos Coelho foi depositado não seria o BES? Não foi o Dr Mário Soares que disse há dias que quando Salgado começasse a falar... e o mês de Setembro ía trazer muitas novidades? Claríssimo que os documentos de depósitos desse dinheiro devem andar já por aí!
Mesmo chegando aos jornais penso q só o Publico teria a coragem para publicar. As firewalls estão
todas activas.
Deixemos de parte, por ora, a dimensão legal, moral e ética e olhemos a questão de um ponto de vista prático, de um jovem promissor com trinta e poucos anos.
Que raio, há-de fazer alguma diferença gerir um orçamento de 3000 ou 8000 euros mensais. Convenhamos, uma diferença de 5000 euros ao fim do mês não é propriamente aquilo a que se chama um extra simpático que dá jeito para fazermos uma jantarada com os amigos ou um fim-de-semana romântico com a pequena.
Mas admitamos que sim senhor, 15 anos depois Passos Coelho não se recorda se aos trinta e poucos anos de idade vivia com 3000 euros por mês ou com um orçamento pessoal mais de duas vezes e meia superior a esse valor. Admitamos.
Na verdade, não se pede a Passos Coelho que se recorde dos «processos de rendimentos ocorridos há 19, 17 ou 16 anos», basta apenas que nos diga se há alguma razão para duvidar do rigor das declarações e documentos por si apresentados ao tempo, quando, é de supor, a sua memória dos factos estaria mais fresca. Tão só.
para mim o mais grave continua a não ser isso (o de saber de fora e tinha a dedicação exclusiva, ou se recebeu por fora legalmente e não declarou ao fisco, ou se teve o subsídio de reintegração e não o devia ter tido). o que é grave foi o esquema de corrupção ao nível do estado que o passos arranjou com o secretário de estado relvas para limpar os concursos que tinham financiamento da ue. o que é verdadeiramente pornográfico é ter um secretário de estado, relvas, a propor a outras entidades (ordem dos arquitetos, helena roseta) serem incluídas nos projectos com a condição do formador ser a tecnoforma. isso é escandaloso mas não há nenhum procurador nem juiz de aveiro para mostrar isso.
Passos Coelho é provavelmente apenas mais um liberal subsidio-dependente a trabalhar no Estado ou numa empresa privada que vive de subsídios do Estado.
Estamos a ficar como na Alemanha entre guerras: um governo legalmente eleito, de radicais ao serviço do capital financeiro, acolitados por um presidente da republica conivente e senil, servidos por um sistema de investigação e de justiça corrompido, um pais onde campeia a banditagem a caminho do SUPREMO MAL
Uma monumental barragem de contra informação! Deve andar aí o dedo do famigerado varela Gomes/5ª divisão.
Numa semana em que os indicadores Nacionais são positivos: texteis, calçado, água nas barragens, boa produção de vinho, alta na venda de carros, autoestradas com tráfego a subir ( e muito ), TURISMO como nunca, iva, irc, irs, em alta, salário mínimo a subir, tsu a baixar, CONTAS NACIONAIS equilibradas etc.etc. Vêm as greves dos enfermeiros, dos metros e sabemos lá que mais.
Esta barragem será para contrabalançar as prisões dos varas, ministras etc? Ou para desviar a atenção da vergonha que é a campanha do costa de Pangim e do inseguro?
Não brinquem.
O que vale é que, quem dá atenção a esta vergonha, são sempre os mesmos ( a sinistra ) em circuito fechado, convencidos que o povo dá alguma atenção. O povo quer é trabalhar e viver a sua vidinha...
Enganas-te, aberração: TU é que querias continuar a tua BELA VIDINHA, não era? Pois, mas vai-se ACABAR A MAMA muito em breve...
WE HAVE VERY FEATHER, cagalhoto.
Para o anónimo dos delírios anónimos:
Indicadores Nacionais Positivos? Really?
Say one please...
Passos está/será fecundado, e já vai tarde.
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