- «(…) E que acontecerá se, como tudo indica, o Novo Banco for vendido por menos de 4,9 mil milhões de euros?
Suponhamos que alguém o compra por 1,5 mil milhões. Quem cobre o prejuízo de 3,4 mil milhões? Os bancos portugueses têm capacidade para pagarem a pronto um valor dessa grandeza?
Provavelmente não. O que obrigará ao pagamento faseado do valor em falta, ao longo de vários anos, transformando uma medida de resolução de curto-prazo num novo empréstimo do Estado ao conjunto do sector bancário. Sem que, desta vez, o Estado possa cobrar juros de 9% ao ano e ter representantes nas administrações dos bancos, para defender os seus interesses, como sucedeu nas capitalizações do BCP, BPI e Banif, com ‘CoCo bonds', no tempo da ‘troika'. Por outro lado, com perdas dessa grandeza, o risco do BES/Novo Banco contaminará o conjunto do sistema bancário. Como disse Fernando Ulrich, presidente do BPI, os outros bancos não vão à falência, mas "será duro, muito duro".
Somando a isto o elevado risco de litigância (estão a "chover" processos judiciais de investidores que se sentem lesados), tudo indica que o Governo, o Banco de Portugal e as autoridades europeias poderão ter cometido um erro gravíssimo ao optarem pela resolução de um banco com a dimensão do antigo BES. Um aumento de capital subscrito pelo Estado ('CoCo bonds') e por accionistas privados poderia ter sido a melhor opção para todas as partes.
Nos anos vindouros, burocratas de Frankfurt e Bruxelas farão ‘powerpoints' com as "lições" a extrair desta experiência. À nossa custa.»
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