terça-feira, outubro 28, 2014

Com que então a imitar a Miss Swaps, Senhor Governador?


Hoje no Diário Económico

A trapalhada (para dizer o mínimo) em torno da resolução do BES adensa-se. A Direcção-Geral da Concorrência (DGComp) da Comissão Europeia abriu o processo que levou à autorização da utilização de dinheiros públicos no dia 30 de Julho, quarta-feira. Enquanto o Governo e o Banco de Portugal se entretinham a congeminar a operação, sem que a CMVM tivesse sido informada, as acções do BES desvalorizaram entre os dias 31 de Julho e 1 de Agosto mais de 65% e «só nos últimos 42 minutos antes da suspensão da cotação foram transaccionadas em bolsa nada menos do que 80 milhões de acções!» Por isso, a CMVM está a investigar se houve quem estivesse a par do que estava em preparação (para além de Marques Mendes, que antecipou, a 2 de Agosto, a solução que viria a ser divulgada no dia seguinte).

Acontece que, no dia 8 de Outubro, o governador do Banco de Portugal e a Miss Swaps foram ouvidos na Assembleia da República. Ambos negaram que tivesse sido informada a DGComp no dia 30 de Julho. Este departamento chegou a retirar (tendo depois voltado a colocar) do site a informação que publicara no dia 30.

As declarações de Carlos Costa no parlamento não poderiam ter sido mais peremptórias: «A notícia resulta da consulta das pastas da DGComp e só pode ser explicada pela DGComp. O Banco de Portugal não se corresponde com a DGComp». O governador afirmou ainda: «Não há nenhuma comunicação do lado português» naquela data. «Do Banco de Portugal não houve, mas tenho quase a certeza que não houve do lado português».

Hoje, o Diário Económico revela que o Banco de Portugal emitiu um comunicado, no qual confessa que «[n]o caso específico do BES, foi estabelecido um contacto informal a nível técnico com a DG-COMP, no dia 30 de Julho à tarde, por causa da dimensão dos resultados negativos que iriam ser anunciados pelo BES nesse dia.» Em português, isto significa que o governador do Banco de Portugal faltou à verdade quando declarou no parlamento que «[n]ão há nenhuma comunicação do lado português» naquela data. Houve. E o Banco de Portugal está em maus lençóis.

5 comentários :

Anónimo disse...

Alem da mais q provavel fuga de informação para os grandes accionistas convem agora saber a evolução dos depositos dos membros do governo com conta no BEs neste período de tempo.
Uma vez mais o PS vai-se encolher. O PC fez bem.

André disse...

O "contacto informal a nível técnico" foi com ou sem preservativo?

Anónimo disse...

Empastaram-se todos com acções do BES. Até a familia ES que agora se faz de vitima lá andou a chafurdar.? Houve muita gente a engordar mais uns milhões e a pôr se ao fresco... O "fundo de resolução" que pague!

Anónimo disse...

E o BP vai "sacudindo a água do capote", com um comunicado a atribuir ao (coitado do) Victor Bento a responsabilidade de não ter sido avisada a CMVM.
A demissão do Bento, tão falada mas nunca explicada, talvez tenha ficada esclarecida: apontado como responsável pela falta de comunicação da trapalhada à CMVM, será também responsabilizado pelo "roubo" praticado pelos tubarões sobre as acções do BES?

Olimpico disse...

Ninguem achou estranha a saída "airosa" de Frasquilho, alto quadro do BES. Neste momento, navega nas águas do Aicep. Que bom ninguem o irá
Incomodar, nem será chamado à "comichão de Inquerito"?
Noutro Pais democrático, quantos já estariam a ser tratados, a começar pelo próprio Cavaco?