terça-feira, outubro 28, 2014

Crime, disse ela

• Luís Menezes Leitão, Crime, disse ela:
    «A ministra da Justiça não consegue manifestamente assumir as responsabilidades pelo caos que causou em todos os tribunais do país. É, no entanto, evidente que essas responsabilidades são exclusivamente suas. Em primeiro lugar, a sua reforma do mapa judiciário é um disparate do princípio ao fim, tendo-se pretendido transpor o modelo da organização judiciária holandesa para um país com uma dimensão três vezes superior. O resultado vai ser os tribunais desaparecerem de grande parte de território, colocando-se as populações a 100 km dos mesmos, ao mesmo tempo que se abandonam tribunais em funcionamento para os substituir por contentores. Mas, como se isto não bastasse, a ministra decidiu fazer a migração de 3,5 milhões de processos de uma só vez nas vésperas da abertura dos tribunais. Qualquer pessoa via que isto só podia correr mal, como efectivamente correu.

    A ministra da Justiça está, no entanto, acima das pessoas comuns. Por isso, para ela, o colapso do Citius correspondeu afinal ao enredo de um romance policial, em que a suspeita principal foi injustamente acusada, havendo mentes malignas por trás desta história, que são os verdadeiros culpados da situação. E, como a ministra já há muito declarou que ninguém está acima da lei e que terminou o tempo da impunidade, lá pediu à PGR que investigue o hediondo crime cometido no Citius. Aguardemos então que surja um Hercule Poirot que ponha a funcionar as suas células cinzentas para descobrir o culpado. Por mim, aposto que foi o mordomo.»

2 comentários :

Anónimo disse...

Ao que julgo saber ou melhor, fala-se da mobilização do Inspector Ventoinhas e o seu cavalo Cara Linda

Zé da Adega...haja esperança

A.R. disse...

Uma excelente análise. O problema não é apenas do Citius mas do próprio modelo de organização.