terça-feira, outubro 21, 2014

O homem que cumpre o que promete


Não se deu a devida importância à circunstância de Nuno Crato ter revelado a intenção de «implodir» o Ministério da Educação, tida por um excesso inofensivo de um ideólogo da direita radical. Não sendo expectável que Crato tivesse em mente a demolição do edifício da Av. 5 de Outubro, desprezou-se o impacto que as políticas do Governo viriam a ter na degradação da Escola Pública, cujo último acto é a redução em 704 milhões de euros do montante estabelecido para o sector da Educação no Orçamento do Estado para 2015.

Entretanto, o calvário da colocação dos professores em falta agudiza-se. Apesar de «nunca evitar lavar as mãos» (ou não) e «não sacudir as responsabilidades do pacote» (ou a água do capote), a verdade é que Nuno Crato não consegue pôr as escolas a funcionar durante o 1.º período de aulas. Com efeito, os directores escolares estão a ter dificuldades em contactar os professores da Bolsa de Contratação de Escola para preencher os lugares vagos, porque as listas estão desactualizadas e algumas estão mesmo inacessíveis.

E é por isso que diariamente se toma conhecimento de casos tão bizarros como o de Rui Pinto Monteiro, que, depois de ter optado por aceitar um lugar nos Açores, foi colocado simultaneamente em 75 escolas e, agora, volta a ser colocado — desta vez em 95 escolas.

Significa isto que, até que Rui Pinto Monteiro consiga recusar todas as ofertas que entupiram o seu e-mail, nenhum outro professor possa ocupar o seu lugar e os alunos continuam sem professor. Por cada uma das 95 colocações, pelo menos uma turma de crianças de 21 alunos, no mínimo (ou seja, quase 2000 crianças), continuam sem professor. Se nos lembrarmos que há dois mil professores por colocar, era difícil fazer mais para degradar a Escola Pública.

É neste contexto que o Presidente da República — fechando os olhos ao caos no Ministério da Educação — dá hoje posse a um novo ajudante (ex-assessor do próprio Crato), após o secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário ter tropeçado nos direitos de autor. Os protestos contra o caos na Educação têm de se transferir da Av. 5 de Outubro para Belém.

2 comentários :

Espírito Santo Anjo Bento disse...


Os protestos mas é contra o CAOS NO PAÍS, têm de se transferir não só da 5 de Outubro, como de S. Bento, do Terreiro do Paço e tudo quanto é sítio para o Palhácio de Belém!


ISTO JÁ NÃO PODE ESPERAR PELO PAI NATAL!

Malhadinhas disse...

Um merdas ex-comunista levado ao colo por "iluminados" como Mário Crespo ou o anormal do Passos Coelho, queriam o quê? Um porco preconceituoso e ignorante que diz que a Filosofia (entre outras) não é ciência nunca poderia ser Ministro da Educação e Ciência de um país, mas como estamos em Portugal...