sábado, outubro 11, 2014

"Vão lá buscar a família Saraiva a Beja,
que afinal eles eram para ir para o depósito em Cinfães"

— Eu disse 'mantêm-se'. Não disse 'manter-se-ão. Estão a ver a diferença?

• João Quadros, Um plano demasiado inclinado :
    «Depois do famoso pedido de desculpas - seguido de várias promessas -, o ministro da Educação veio agora dizer que não prometeu aos professores a manutenção do lugar. "Disse 'mantêm-se'. Não disse 'manter-se-ão'". O Governo entrou na fase "não leram as letras pequeninas" - é muito comum acontecer quando fazemos negócio com gente sem escrúpulos. Perante as justificações do exigente Crato, penso que é possível os alunos usarem os mesmos estratagemas semânticos quando responderem nos exames: "Eu disse que Fernando Pessoa tinha, pelo menos, um heterónimo".

    Depois de ter errado na fórmula matemática de colocação dos professores, Crato começa, também, a tropeçar no português. Na sua aparição na televisão, Crato disse que vinha "esclarificar" a situação... Esclarificar é uma mistura de esclarecer com clarificar, que dá uma substância esponjosa, e pouco consistente, como se viu pelas justificações do ministro. Posso garantir que não fiquei nada esclarificado. Aliás, fiquei envergurioso: que fica ali entre o envergonhado e o furioso. As desculpas do ministro dão vergonha alheia e enfurecem porque são feitas como se aquelas pessoas e famílias (que tinham começado uma vida nova, há três semanas, e agora viram todos os seus planos destruídos) fossem mesas de escola ou estojos de química. "Vão lá buscar a família Saraiva a Beja, que afinal eles eram para ir para o depósito em Cinfães."

    O ministro foi à Assembleia da República pedir desculpa ao País e dar a sua palavra que os professores não teriam qualquer espécie de prejuízo. Agora diz "os prejudicados serão indemnizados". Se ninguém é prejudicado, como é que há prejudicados que serão indemnizados? Mais depressa se apanha um mentiroso que um semântico. (…)»

3 comentários :

Evaristo Ferreira disse...

O maoísta ministro da Educação deste país, representa o pior da escumalha que nos governa.
Coitados dos professes que andaram, em tempos recentes, em manifs de rua contra Sócrates. Agora estão melhor. Até o Mário Nogueira tem vergonha de aparecer.

Anónimo disse...

Enquanto certos professores activistas e dirigentes do bota abaixo não reconhecerem que no tempo de Sócrates a vida deles era um oásis, pois havia basicamente respeito pelas suas profissões e o seu trabalho - apesar de aguentarem a REFORMA real levada a cabo pela MARIA DE LURDES RODRIGUES, com uma estratégia bem definida de que muitos mal habituados podiam discordar - esses professores não merecem a minha pena. E esses dirigentes terão de passar à historia. derrotaram-se a si próprios.

Anónimo disse...

Agora não tenho pena dos professores... Quase apetece dizer que têm o ministro que merecem... e o leader da Fenprof também!