terça-feira, fevereiro 03, 2015

Uma lição grega: os partidos também morrem

• Tiago Barbosa Ribeiro, Uma lição grega: os partidos também morrem:
    «(…) A cedência ao realismo impossibilista dos partidos da Direita levou muitos socialistas a uma mera gestão das circunstâncias no quadro das regras impostas por terceiros, estranhas aos seus valores. Aí foram incapazes de perceber a armadilha em que se colocaram perante os liberais, reproduzindo uma angustiante falta de respostas. Quantos socialistas não olham para a função governativa nos limites estritos das balizas do tratado orçamental e de regras europeias que, como todas as regras e tratados, devem ser alterados quando deixam de servir os povos?

    Ora, o PASOK deixou de cumprir a sua função histórica ao assimilar o eco do falso extremismo perante medidas que há poucos anos seriam consideradas sociais-democratas: maior regulação pública, reversão de privatizações de setores estratégicos, aumento do salário mínimo, mais progressividade fiscal, impostos pesados sobre grandes fortunas, forte taxação de heranças, reestruturação de dívida usurária que abafa o desenvolvimento.

    Pensando como a Direita, os socialistas do PASOK acabaram a governar como a Direita, formatando-se aos maneirismos dos eurocratas. Preferiram abdicar de transformar as relações entre capital e trabalho (em favor deste), anulando o seu papel nas sociedades modernas. Com isso deixaram de ser úteis como instrumento de mudança social para muitos socialistas gregos, que votaram no Syriza com uma genuína expectativa de mudança.

    Os socialistas do PASOK não são caso único e cabe a outros confirmar a mesma sentença ou escrever outro desfecho.

    Sim, os partidos também morrem.»

5 comentários :

Júlio de Matos disse...




Ou melhor, os Partidos também se abatem...

Anónimo disse...

Claro que os partidos são instituições com historia e pessoas, que só existem para representar interesses e defender ideais em nome do bem comum.Os partidos luta e poder vivo,máquina de coesão de uma auto-proclamada elite em nome de muitos. Defendem os interesses públicos e privados colectivos da sociedade, procuram soluções de desenvolvimento e poder dos seus representados, máxime de toda uma nação. Existem para promover o nível de vida de um pais e de um povo face aos demais, para cooperar, para evitar desgraças e as perdas. Apresentam-se revestidos de ideologia e valores comuns, e a visão e liderança que difundem, procura soluções para os problemas de vastas camadas de interesses e para as dinâmicas dessas sociedades. Mas por vezes os partidos ficam apenas a defender os seus humbigos, perdem o seu foco e razão de ser social. Quando os partidos vem uma sociedade a definhar anos a fio e negam a gravidade da situação, quando vem uma nação a ser atacada, sugada e espezinhada e se negam à sua defesa, quando se enredam em cobardias, conluios com a exploração e a rapina, contradições e silêncios, então perdem a sua base de apoio e encontram-se sós e abandonados.

Anónimo disse...

Vejam a série Borgen no canal 2.

Anónimo disse...

Um bocadinho ao lado do assunto: voto PS desde há muito tempo. Mas não sou sou do PS. Sou socialista. Escrevo porque tenho esperança neste PS e porque não tenho confiança nenhuma no PCP e no BE. E eu quero, preciso, de ter confiança em que algo mude. De vez. Para apagar estes quase 4 anos de cinismo e oportunismo político, que tudo fez para destruir muitos e alimentar muito poucos. Mas, por favor, caso o PS ganhe as próximas eleições ( e eu espero que sim) escolham uma equipa de jeito. Não me misturem aparelhos partidários com ministros e secretários de estado, que as coisas não estão para aí viradas. Há bons quadros afetos ao PS, muito bons mesmo. Escolham os melhores, não os rapazes e raparigas de boas famílias e dotes semelhantes. Procurem, também, pessoas com dimensão humanista, pois fartos de tecnocratas, de olho no umbigo e um espelho à mão, estamos nós todos.
É realmente importante que o PS faça a diferença e que se volte a acreditar nesse bem inestimável que é o Político e que se vire costas a esse mal daninho e pernicioso que é o político.

Anónimo disse...

"...Não escolham os rapazes e raparigas de boas famílias e dotes semelhantes"? Mas o que é que tem contra rapazes e raparigas de boa família e boa educação? Se forem honestos, cultos, trabalhadores e grandes profissionais, gente seguindo princípios e valores democráticos, serão uma mais valia e muito necessários. O problema do PS é não faz selecção e que tem muito poucos desses rapazes e raparigas.... Pelo contrário o vejo é muita gente a dar cartas, que só evidencia ser de más famílias e de má educação, aparelhistas e arrivistas sem valores e sem nível, que se pretendem uma elite cheia de truques e acima dos demais.