segunda-feira, março 23, 2015

Viagens a outras paragens

• João Luis Mota Campos, Como já lá vão 4 meses...:
    «Volto à minha «ritournelle»: então, mas afinal de que é que o «Zé» é acusado?

    De receber dinheiro de um amigo, o que não é crime, ou de actos corruptos? Afinal é de quê? Porque é que o homem está preso?

    Essa dos cabritos e das cabras, só pode de facto vir dos Desembargadores: em vez de avaliarem factos - que pelos vistos não há no processo - põem-se com moralismos de pacotilha bacoca.

    A tese é a de que como o homem não tem recursos conhecidos, e vivia em Paris, não debaixo de uma ponte mas num apartamento no XVIème, comia em restauarantes e não nas «poubelles», recebia umas massas do amigo, o mesmo comprou à Mãe dele uns apartamentos e a Mãe deu-lhe o dinheiro, e mais assim uns esquemas, tás a ver pá,?, há-de ser muito corrupto.

    Pensava eu que quando alguém é acusado de corrupção, conviria que lhe assacassem actos corruptos em concreto, mas isso afinal, em Portugal não existe.

    Se há submarinos, não há corrupção; se há Freeport, não há corrupção; se há Macau, pode até haver corruptores, mas não há corrupção; mas se há um amigo a emprestar dinheiro, então é porque há corrupção!

    Quer dizer: quando lhes passa o elefante debaixo do nariz, os «Sinhores», só veem um poneizinho encantador. Quando lhes passa uma galinha, veem um dinossauro...

    E batatas!»
• Rodrigo Moita de Deus, e não há ninguém que diga o óbvio?:
    «"Quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vêm"

    Só agora é que consegui ler e fiquei-me por alguns excertos. A justiça portuguesa decidiu privar um homem da sua liberdade e fundamentou a decisão com um ditado popular. Como um pastor faria na taberna. Concluem que as amizades se medem em euros e acrescentam que um empresário acumula capital. Não é bem um acordão. É um texto de opinião. Com mais adjetivos e pontos de exclamação que um editor de jornal de liceu alguma vez admitiria. Quem cabritos vende e cabras não tem...isto é um tribunal. A maldade sem arte é cretinice. A maldade sem arte num juíz de direito é perigosa. Até compreendo que o pastor remate o assunto com um português "é bem feita" mas é suposto existirem uns senhores de toga que são educados e pagos para ir além do "é bem feita". O tema não é a liberdade de José Sócrates. É a forma como tratamos a nossa liberdade. E isso estar entregue a um coletivo de pastores devia aterrorizar qualquer pessoa de bem.»

4 comentários :

Rosa disse...



Concordo plenamente com Rodrigo Moita de Deus... já Pedro Marques Lopes tinha referido o texto...

Anónimo disse...

Duas pessoas de Direita mas às direitas no que concerne uma questão tão vital como seja a Justiça e o seu funcionamento em Democracia. Felizmente, nem tudo está perdido . Ainda há gente lúcida.

Rosa disse...



Eu sei...mas são pessoas desassombradas e lúcidas...especialmente o Pedro Marques Lopes.

O Povo decente disse...

«O tema não é a liberdade de José Sócrates. É a forma como tratamos a nossa liberdade. E isso estar entregue a um coletivo de pastores devia aterrorizar qualquer pessoa de bem.»


Lapidar.