Entrevista ao Público, 17.06.2015 Clique na imagem para a ampliar |
Na passagem da entrevista que acima se reproduz, António Costa expôs de forma cristalina a natureza do governo da direita radical que se alçou a São Bento em 2011. Num certo sentido, decorre desta passagem que Passos & Portas, ao aplicarem um programa de governo que não foi sufragado nas urnas, usurparam o poder.
As consequências da guerra civil provocada pelo governo estão à vista. Mas não está apenas em causa a devastação provocada na sociedade portuguesa durante os últimos quatro anos, mas o propósito de a prosseguir na próxima legislatura, como Passos Coelho não se coibiu de afirmar: «O programa com que me apresentei pressupunha duas legislaturas e há coisas que quero fazer além do programa de assistência.»
Perante este quadro, a alternativa corporizada pelo PS não pode permitir a transformação do debate eleitoral numa amena cavaqueira polvilhada por uns tantos inócuos despiques ou graçolas de circunstância. Se se deixar enredar nesta teia, o PS desfoca-se das questões essenciais, não põe a nu a natureza radical do programa oculto da coligação PSD/CDS e, não menos grave, tende a asfixiar a justa indignação dos portugueses.
Ora a comunicação do PS parece não ter ainda compreendido o que António Costa disse na entrevista citada. O último outdoor da campanha acaba por ser a caricatura perfeita da titubeante linha política que predomina na comunicação do PS.
Assiste-se, assim, à difusão de mensagens divergentes e, de certo modo, conflituantes: por um lado, uma comunicação impregnada de uma filosofia de pacotilha; por outro lado, António Costa e mais algumas honrosas vozes, que têm procurado, apesar do domínio avassalador da comunicação social por parte da direita, pôr em evidência o aviltamento das condições de vida da maioria dos portugueses, a degradação do Estado social, a periclitante situação da economia e das finanças públicas (ligadas à máquina de Draghi) e a perversão das instituições do Estado de direito — ao mesmo tempo que apresentam uma alternativa consistente, que se propõe reparar com realismo os danos da guerra civil a que o país esteve sujeito durante estes quatro anos.
Para ganhar balanço para as eleições de Outubro, a comunicação do PS tem de deixar de andar com o passo trocado. Talvez fosse útil que os responsáveis por esta propaganda sedativa sejam compelidos a preencher um caderninho com uma única frase que impõe respeito: «A direita portuguesa mudou de natureza».
6 comentários :
Meter a comunicação do PS nas mãos de um tipo que diz " tenho mais amigos de direita que de esquerda", e querer combater a direita é de uma ingenuidade atroz. Todos sabemos bem o que esta frase quer dizer, subjugação e medo de perder o acesso a contractos e empregos, presentes ou futuros. Já todos sabemos que por exemplo o Daniel Oliveira tem montes de amigos de direita, ditos por ele,não creio que seja reciproco, assim como o João Galamba que sentiu a necessidade de dizer numa entrevista ao Economico TV que tem amigos de direita, etc...estas frases sim , são um verdadeiro statement, uma subjugação e uma desistência.
Mas se o Costa quer combater a direita e depois mete um magistrado em cada ministerio, é porque o Costa não sabe bem o que é a direita. Se o Costa quer governar e acha que não tem que combater os poderes facticos que ultrapassam e muito o psd e o cds, é porque não sabe em que estado o país está. Basta ver a figura de palhaço que fez na entrevista/debate dada à TVI. Sem dignidade. Até agora e para alem do discurso previsivel, uma oitava acima do de seguro ainda não lhe vi uma medida que verdadeiramente ponha em causa o status quo dos poderes de direita. Nem uma.Muito mole e um pouco cobarde. Tambem deve ter muitos amigos de direita.
Não são xenófobos nem uma ameaça às liberdades ????
O processo Sócrates é o quê ?
ABRAM OS OLHOS OU ACABAM NUM CAMPO DE CONCENTRAÇÃO !
Isto está mau está. A gente sente-se desfalecer, percebe-se que algo não está bem. Os bandos dominam em todo o terreno: na defesa, no meio campo e no ataque. E isto causa uma dor profunda. Será que há crise de quadros no PS para as tarefas que se exigem? Tirando J. Galamba e mais um ou dois, nota-se que tudo é preparado em cima do joelho. O PS esta a deixar-se entalar entre a direita e os partidos à sua esquerda. Nota-se falta de rumo em todos os aspetos.
Por favor, reunam-se de manhã e à noite e analisem, debatam, corrijam. A forma como está a ser divulgada a mensagem não está a passar. Não está. É preciso acordar e mobilizar o partido. Mobilizar e organizar milhares de jovens urgentemente. Mobilizar os jovens!
E António Costa tem que se dirigir aos portugueses de forma mais resoluta e convincente. Mais ardor. Mais impetuosidade. Para criar uma chama imensa. Enquanto há´tempo. Fale para os portugueses. Fale para os portugueses sobre coisas profundas da nossa vida de hoje e de amanhã.
Estes gajos, estes bandos que estão no poder não são adversários. São inimigos de Portugal e da maioria dos portugueses.
Antonio Costa nao tem conseguido impor-se. Ter um rumo. Ser assertivo. Dizer o que quer fazer em contraponto a Passos. Talvez se dissesse o que disse na entrevista ao publico, este gocrrno leva-nos para onde? Maçaes aprecia o tea-party, E o que parece Passos. Mas o governo cortou nos seus gastos? Fizeram cortes nos gabinetes, assessores, viagens, carros? Nas nomeaçoes?
A TVI, segundo sergio ribeiro, no jornal das 20, no domingo, disse que vai ter sondagens diarias e mais novidades copiadas dos estados unidos e outros paises. Marcelo, ao lado dele disse, que isso influencia as pessoas. Nao devia haver comentadores na comunicaçao social durante a campanha eleitoral. Vao continuar na campanha Marques Mendes e Marcelo? E ninguem do PS nos canais generalistas. Vai ser uma campanha eleitoral dura.
A direita portuguesa não mudou de natureza. Foi-se adaptando. Se Cavaco fosse diferente de Passos não tinha andado com ele ao colo. Se Balsemão fosse diferente de Passos nem ele fazia votos de mais quatro anos nem o grupo impresa se dedicava à propaganda. Digamos que continua a ser o que foi, provinciana. Só que hoje o basbaque "pensadeiro" não é europeu mas americano. Com acesso à net hoje deliram com o Cato, a Heritage e a Hoover. Como se um país estrutural e irremediavelmente pobre do sul católico europeu e latino fosse sequer parecido à nação americana onde, mesmo aí, o xarope faz espernear.
O problema de Costa é simples: está apertado numa tenaz. à direita é como é e à esquerda tem o PCP a defender o seu quintal enquanto os doidos do Bloco de Esquerda aguardam nova aparição em Fátima (desta vez a santa deve ser do terceiro género e militante anti-capitalista na Bolívia); não servem para governar nem querem governar. Até devem preferir Passos a Costa.Têm cadeira em são bento, botam discurso, mas quando toca a tomar decisões não contam. É como se o parlamento tivesse de facto 180 deputados ou coisa aí mas ma maioria permanecesse nos 116.
É um problema de Costa e do PS? tanto quanto o é do ps francês, do psoe, do spd ou talvez do partido democrático em Itália. Digamos que a esquerda e centro-esquerda têm um problema de governabilidade - e passos joga com isso. No fundo tudo depende de quem vota à esquerda. Quer de facto por esta gente na rua mesmo que Costa seja demasiado moderado para o seu gosto? então vota ps. Acha que Passos e Costa são farinha do mesmo saco, tudo igual, então votam PCP e BE para "mostrarem o seu direito à indignação". E ficam por aí.Ou estão à espera que um desfile na avenida com a rapariga do altifalante a gritar "é preciso é urgente uma política diferente" vai mudar uma linha nas decisões a tomar por Passos?
quanto ao cartaz, que não vi a não ser por aqui, não parece ser grande coisa. Mas daí...os da coligação são melhores? não sei, também não vi.
O tempo escasseia, senhores do PS. Daqui a pouco estamos a jogar à defesa e a rezar pelos "penaltis, caramba"...
Faz-me muita espécie esta noção da "comunicação do PS". Mas o que é isso?
E quem MANDA na "comunicação do PS"???
Não é o que diz o contrário dela??
Tudo isto me faz uma grande espécie e começa a enervar estupidamente.
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