domingo, agosto 23, 2015

Uma campanha tóxica


Manuel Carvalho escreve hoje um artigo no Público, no qual procura mostrar como Passos Coelho, desde que o terrível Ângelo o lançou para estas altas cavalarias, recorreu sempre a campanhas de contra-informação para desgastar os seus adversários (internos e externos). Trata-se de um depoimento relevante, tanto mais que Manuel Carvalho — tendo feito parte, sob o inesquecível comando de José Manuel Fernandes, da direcção do Público que se prestou a assumir a autoria material da abjecta inventona de Belém — terá conhecimento (por dentro) de como estas coisas se fazem.

Recomenda-se a leitura do artigo a todos aqueles que têm uma visão idílica do funcionamento da democracia e se abespinham quando a crispação ocupa o espaço reservado ao debate de boas maneiras. Se se sentem incomodados quando, perante a profunda degradação das condições de vida da maioria da população, se exerce o direito à indignação, ao menos saibam estar à altura de dar resposta a estas manobras subterrâneas palidamente descritas por Manuel Carvalho. Eis o artigo na íntegra, intitulado Uma campanha tóxica:
    «Estamos a um mês e meio das eleições legislativas e António Costa e o PS continuam a lutar em vão para sair do buraco defensivo onde a imparável máquina de comunicação e de contra comunicação do PSD e do CDS os confinou. Os socialistas e o seu líder não perceberam ainda que os seus adversários políticos estão há anos a aprender a usar as redes sociais para armadilhar as campanhas e desta vez estão a conseguir resultados demolidores. Nos casos dos cartazes ou na história dos empregos que serão criados por um eventual governo do PS, bastou o lançamento de rápidas medidas de contra-resposta baseadas em mensagens básicas e potencialmente polémicas para alastrarem pelo Facebook ou pelo Twitter para que os socialistas acabassem acossados por pedidos de desculpas ou em explicações destinadas a conter os danos.

    No final do dia, já ninguém se lembrava das mensagens originais – o que sobrava era a espuma da sua demolição. Há mais de um mês que o PSD e o CDS estão a conseguir abater todas as iniciativas de campanha do PS ainda antes de levantarem voo.

    Bem se sabe que muita da responsabilidade por este estado atarantado e reactivo dos socialistas se deve a um interminável rol de culpas próprias — o caso dos cartazes do desemprego é mais do que “aselhice”, é pura e simples incompetência que, essa sim, merece censura e valoração política. Mas há no geral a ideia de que o PS está a ser arrasado por uma campanha tóxica que dissolve todas as acções de campanha num eficaz batido com os temperos da demagogia, do primarismo argumentativo e da manipulação. O admirável mundo novo de comunicação que começou a ser ensaiado nas primárias do PSD em 2009 e que se qualificou em 2011 chega a estas eleições num formidável grau de aprimoramento.

    Os “marqueteiros” brasileiros, que à custa de cortinas de fumo foram capazes de eleger uma presidente, Dilma Rousseff, sem que ela sequer se tivesse dado ao trabalho de apresentar um programa de governo andam por aí. Depois, na rectaguarda, nos gabinetes dos ministros, concentra-se uma tropa de reserva jovem, frenética, imersa dos pés à cabeça no mundo da net e imbuída de um messianismo que não olha a meios para erigir um país novo. Contra este saber, competência e mobilização, Edson Ataíde parece um aprendiz da idade da pedra e Vieira da Silva ou Ferro Rodrigues locomotivas do tempo do vapor. De pouco adianta fazer contas, gizar programas ou estudar propostas. Eles lá estão para as embrulhar numa fórmula devastadora que as reduzirá a uma anedota, mesmo que para lá chegar seja necessário mentir. Pela primeira vez, estas eleições arriscam-se a ser dominadas pelo império das redes sociais e só o PS e o seu líder (que só há semanas abriu uma conta no Twitter) parecem não ter percebido os impactes deste pouco admirável mundo novo.

    Vejam-se os casos dos cartazes, em especial o que ostentava uma infeliz imagem entre o zen e o profético. A facilidade com que esse cartaz foi ridicularizado pode ser justificada pela sua lamentável falta de gosto, mas para que essa consciência se tivesse generalizado ao ponto de o PS se sentir na obrigação de o retirar foi essencial a colocação nas redes sociais de uma bateria de posts que, pelo seu teor, quase forçavam os utentes do Facebook a gozá-los, a ridicularizá-los e a partilhá-los. Veja-se ainda como o caso das simulações de Mário Centeno sobre os 207 mil empregos foram transformados numa promessa de Costa através da colagem a uma declaração na qual José Sócrates aparecia a prometer 150 mil empregos. Saber o que em rigor foi dito não passou de um vago detalhe da comunicação. À noite, as televisões deliciavam-se a comparar Costa a Sócrates.

    Não precisamos de puxar muito pela cabeça para perceber que esta estratégia baseada no ardil tem tradições e experiência. Vale a pena recordar a reveladora entrevista de Fernando Moreira de Sá a Miguel Carvalho, da Visão, em 2013, no qual este especialista em comunicação explicava como um grupo de bloguers arrolado por Miguel Relvas se entreteve a “derreter” Manuela Ferreira quando foi líder do PSD, como as suas campanhas negras derrotaram Paulo Rangel nas eleições internas que se seguiram ou como trabalharam nos bastidores para levar Passos Coelho ao poder. A sua receita era bem simples e é impossível não a pressentir nestas semanas de arranque das legislativas. “Se deixarmos uma informação sobre o caso Freeport num perfil falso e se ele for sendo partilhado, daqui a pouco já estão pessoas reais a fazer daquilo uma coisa do outro mundo”, notava Fernando Moreira de Sá.

    Antes do debate entre Passos e Paulo Rangel, dizia Sá, “já tínhamos tweets preparados para complicar a vida do Rangel. Nos primeiros minutos começámos a tuitar como se não houvesse amanhã. Ao fim de cinco minutos riamos até às lágrimas! Até opinion makers repetiam o que nós dizíamos”. Convém notar que pelo menos 11 destes operacionais, entre eles o ex-ministro Álvaro Santos Pereira ou o influente deputado Carlos Abreu Amorim, acabaram por ver a sua acção premiada com belos cargos no Governo ou na Assembleia.

    Muitos dirão que aquilo que está a acontecer é uma decorrência lógica do avanço tecnológico e no modo como os cidadãos o ajustam ao seu quotidiano. É também pertinente verificar que, se o PSD e o CDS são muito mais competentes a adaptar-se a este novo mundo e a jogá-lo em favor dos seus interesses, isso só diz bem da sua competência. É verdade, mas apenas e se encararmos as eleições legislativas como um braço de ferro entre inimigos figadais, uma espécie de luta mortal onde só não vale arrancar olhos. O que está em causa, porém, é muito mais do que isso.

    Neste clima propenso ao truque e à redução da política ao grau zero da substância, o PS e António Costa não são as únicas entidades desarmadas pela surpresa e eficácia das realidades artificiais na campanha. Também o jornalismo tem pela frente um árduo desafio neste tempo em que, como muito bem escreveu Paulo Ferreira, no Observador, “os alinhamentos e a edição são, cada vez mais, feitos fora das redacções, em milhões de computadores ligados em rede e têm o ‘like’ como unidade de medida”. A reflexão sobre a pertinência, o interesse público ou a verosimilhança de determinadas informações está a perder-se na maré de posts sobre epifenómenos que são giros e suscitam reacções larvares de recusa e desdém no Facebook. David Pontes deixou no JN o registo dessa dificuldade: “As redacções dos jornais, diariamente bombardeadas por tretas”, vão ter de lidar com um “combate desigual contra um sistema montado para comunicar tretas”. A primeira forma de o travar é encarando-o de frente. Deixar que a campanha soçobre às receitas dos “marqueteiros” e dos seus homens de mão nas redes sociais é péssimo. Vai ser um combate feio, mas não se pode recusá-lo.»

12 comentários :

Anónimo disse...

Dum cantor falhado, duma Catherine Deneuve em modelo de Puta Velha, dum Nazi Amorim, dum Relvas que está metido em tudo, até na corrupção brasileira, dum José Manuel Fernandes Javardo, que se podia esperar? Só há uma resposta a dar e foi indicada pelo Eça de Queiroz; as bengaladas do homem de bem. No dia em que todos eles se virem com o focinho partido, param. É a única linguagem que entendem.

jose neves disse...

O M. Carvalho toma apenas como meio de intoxicação da informação, usado pela direita mais direita já vista, o uso das redes sociais para armadilhar as campanhas.
Deve-se perguntar aos jornalistas, especialmente aos dos jornais de "qualidade", o que fazem para desmontar tal situação de mentiras e propaganda. E se o sabem tão bem, como prova este artigo, como são montadas a mentira, propaganda informação falsa e contrainformação, porque carga de água não investigam as notícias, origem delas e lhes dão o tratamento justo merecido.
Apesar da verdade de tudo que é dito e feito neste artigo continuo confiante que o povo está à espera do dia 4Out. para, precisamente, lhes dizer que não é parvo e não papa tanta patranha; já ninguém papa as baboseiras de cavaco, nem os camponeses iletrados das aldeias, e penso que se começam a convencer que uns e outro "são farinha do mesmo saco".
Ninguém, com o mesmo ardil, a mesma mentira, o mesmo gozo de pesar e tratar os outros tolos e idiota, consegue enganar sempre.

Anónimo disse...

Redes Sociais uma ova !
Os 3 canais generalistas de sinal aberto (RTP, SIC e TVI) apenas com comentadores do PSD a intoxicar a opinião pública, bem como a mesma chusma de jornaleiros avençados a dirigir os pseudo-debates de opinião nos canais de cabo, de onde são afastados os mais assertivos, e onde a esquerda, alegadamente à esquerda do PS, em vez de fazer campanha contra o governo faz campanha contra o PS, e o NOJENTO aproveitamento do caso Sócrates em que se fabrica a ideia de que a libertação de Sócrates seria um embaraço para Antonio Costa quando seria exactamente o contrário ... e ainda a infiltração dentro do próprio PS através da ala Segurista do partido, ....etc, etc, etc,
Nestas condições se o povo português tiver o discernimento suficiente e julgar isto como deve merece uma medalha !

Mas ainda pode acontecer ...

Anónimo disse...

Alguém me pode, pf, indicar uma compilação dos episódios mais hilariantes do actual governo de coligação?

Exemplos:
- Caso Relvas
- Estado de citius
- Linha vermelha de Paulo Portas
- Decisão irrevogável da mesma personagem
- Etc, etc, etc...

É que os episódios são tantos que nem com MemoFante consigo lá chegar. :)

Anónimo disse...

Eu dou uma sugestão.
É fazer uma complicação de vídeos das promessas do Passos Coelho de há 4 anos, e meter os vídeos a circular nas Redes Sociais !
Querem melhor campanha para atacar a Coligação ?

Anónimo disse...

Coloquem uns videos do Passos de há 4 anos a prometer coisas e depois confrontem com o que ele fez a seguir.
E metam uma legenda e uma voz off a dizer coisas tipo: Foi você que pediu um Primeiro-Ministro Mentiroso ?

Porra, quem é do PS anda a dormir ?
Aonde é que anda a Juventude Socialista que não faz isso ?
Mas que cambada de murcões.

Anónimo disse...

Até que enfim lá chegaram.

O artigo põe o dedo na ferida. Mas não é só ele. Teresa de Sousa tem um outro artigo excelente. Aquando do "caso" dos cartazes uma professora de comunicação alertou para o impacto das redes sociais.

Do que tenho visto a estratégia da coligação, pelo menos nesta fase, tem dois objectivos:
- desaparecer de cena, não se dar por ela. Mas ela vai estar no boletim de voto;
-pôr os socialistas na arena do circo. Na condição de macaco ou fera amestrado a saltar a argola, a andar sobre a bola, a pular no trapézio. O domador não se vê mas está lá. O cartaz é azul? que horror! é verde? pior! disse vinte? horror? não disse? horror. Isto é, sempre a reboque - ou a chicote das tais redes. Se fizerem o que corre por aí sobre os debates para as primárias do PSD, quando Costa estiver a debater com PPC cinco minutos depois do começo e a artilharia já está a dar salvas.

Findo o espectáculo o domador recebe os aplausos e a fera ou macaco volta à jaula. Em nome da previsibilidade, da segurança, do mais vale um mal conhecido que um bem desconhecido.

Anónimo disse...

E somos nós roubados para pagar a essa parasitagem dos gabinetes ministeriais, que são pagos para prestarem serviço público e não para fazerem assessoria aos partidos do governo.
Dos gabinetes e não só, pois também andava por lá um tal qualquer coisa Lomba, secretário de estado e especialista em contra informação, que lançou com o seu ministro uma iniciativa qualquer que deu barraca.
Enfim, acho que faremos parte do povo mais estúpido do mundo se, em 4 de outubro, assistirmos à vitória da desfaçatez, da mentira e da manipulação em vez de vermos apoiada a verdade, a seriedade e a ética política.

Anónimo disse...

em todo o caso: este tipo de golpe resulta quando parece que não existe. Quando o jogo é descoberto fica tudo de pé atrás e o efeito até pode ser o oposto - mas há que combater a porcaria.

E não começou em 2009, começou com os outros colos de 2005 e o pobre do actor sem perceber como tinha acabado no filme.

Fala em ângelo mas não em miguel e este é que anda pelo brasil.

A empresa brasileira contratada é grande mas não das maiores. Julgo ser do nordeste e nunca ter trabalhado para o PT. Deve ter tracking do modo de trabalhar e dos resultados conseguidos, sendo que aquilo é o país do tiririca.

O perigo não me parece vir do microcosmo da net que a maior parte do povo não vê. O perigo vem da sua ampliação pelos jornais. Álvaro Santos Pereira escrevia uns artigos,lidos, mas era mais um. Depois terá feito parte da turma da trituração - a partir de Vancouver. Disso ninguém sabia. Hoje pode de qualquer lado.

E há ainda o jornalista blogger. Veja-se um, no jornal de negócios, nuno aguiar: quando veste a pele de jornalista é o profissional sério sem deixar de tentar vender a sua sardinha a falar de modelos de crescimento. quando vai para o twitter diz que gozou dos cartazes com afinco, provavelmente com nickname. é esta a mistura que é perigosa. O tonto ainda escreve isso. Eu, se fosse patrão dele dava-lhe a escolher, ou um ou outro. É que por causa destas e doutras raro é o dia em que compre um jornal e quando leio um artigo quero saber quem o escreveu.

Inevitabilidade duma vitória da coligação? por conta dos twitters e agora que o assunto veio ao de cima? duvido e muito. não podem é continuar a dançar a toque deles e devem denunciar bem alto a partitura. Ninguém gosta de ver merda à vista.

Pedro Carrilho disse...

é tudo muito verdade, a direita é especialista em golpes, contragolpes, e tudo o que envolva dinheiro e gente disposta a tudo para se vender por um prato de lentilhas, mas não é menos verdade que o ps se encontra num estado anacrócio, com laivos de pré-guerra civil, e que ac não tem sabido galvanizar as hostes da melhor forma possível e que seria exigível, muito menos o povo português, e com tiradas do estilo que gostaria de ver ferreira leite como ministra, só mesmo para perder votos e assim nunca irá ter maioria, porque quem sendo de esquerda ou mesmo centro-esquerda quereria ter uma mulher que tanto contribui para o estado desgraçado deste país, assim a catherine deneuve e o fedelho porcas agradecem poder ficar mais quatro anos a tirar à classe média para dar aos ricos!

Anónimo disse...

Pedro Carrilho,

Está a ver como também cai na esparrela? releia as palavras de António Costa. Siga e veja como foram citadas, deformadas e por quem; por jornalistas, incluindo de publicações "de referência", obviamente. A partir daqui talvez consiga perceber um pouco do jogo. Leia os artigos desses jornalistas, siga para ver se têm conta no twitter e o que lá dizem. Talvez consiga (e eu) perceber um pouco do jogo.

E julga que o PSD não tem problemas internos? Passos precisa do partido como do pão para a boca não vão os tribunais cair em cima dele ou dalgum membro do governo. Morais Sarmento já está à espera. Rui Rio, entre ser leader da oposição e candidato a PR, mesmo com dificuldades, optou por esta. E já se esqueceu do ninho de gatos assanhados que aquela casa é? Tirem-lhes o peixe e vão ver como se vão esgadanhar.

António Costa tem sido acusado de tudo, em boa e à má fé. A última é que o puseram mais rosado, para parecer sueco. Quando passei por entrecampos até olhei para trás para ver se era verdade. Qual quê! era o antónio costa de sempre. Mas a coligação não tinha lá nem um só cartaz. Sabe porquê? porque ou abusa do uso de fotos em bancos de imagens ou põe linha linhas "aerodinâmicas". O que não pode pôr é a cara do homem nem do seu partenaire".


Não creio que a coligação tenha grandes expectativas de subir nas percentagens eleitorais. O eleitorado deles parece estancado. O que me parecer querer é outra coisa: fazer baixar a votação no PS, sobretudo entre os indecisos. Se a campanha for feita entre o silêncio ou pouco mais e o "sucesso" mediático do PS na tv todos os dias a explicar-se pode ser que pegue.

Tenho grandes dúvidas sobre a eficácia das campanhas negativas ou negras como lhe queira chamar. Podem abalar mas não derrubam. Thatcher aguentou-se porque ganhou a guerra das Falklands em 83 e em 87 porque o país crescia. Major foi eleito apesar das víboras que tinha dentro do partido (Costa podia telefonar-lhe) e que lhe envenenaram o governo. Blair tinha uma criatura mal afamada, Alastair Campbell, mas não foi por causa dele que esteve tanto tempo no governo. Conseguiu isso porque era forte - e eu nem simpatizo com o homem. O actual PM está lá porque houve uma crise financeira enorme e porque o PM era um sucedâneo pouco popular de Blair e porque o pobre do Ed Milliband até era gago ou coisa parecida. Não consta que Cameron tenha um Campbell- pelo menos tão afamado.

Haja juízo porque se for ver os blogues de direita não encontra lá este tipo de dissertação. Estão unidos - têm muito a perder.

Anónimo disse...

Hoje passei por um escaparato cheio de revistas côr-de-rosa e pensei no enorme sofrimento da família do Dr. Passos Coelho e dele próprio. Como poderá ele tomar conta do nosso país com este grande problema familiar? Talvez por andar tão desgastado com os problemas familiares ele se tenha esquecido de que mentiu muito e tenha contribuido para a infelicidade de tantos portugueses- pensei. Será que devo votar nele para lhe aliviar o sofrimento ou devo pensar no sofrimento dos milhares e milhares de Portugueses que ficaram na miséria : sem emprego,sem dinheiro para se tratarem, para comer e dar de comer aos filhos, para manter os filhos na Escola, para pagar as propinas dos filhos nas universidades , para ... para...?