quarta-feira, setembro 30, 2015

«Ssshhh… Não acordem as imparidades!»

Autor: Luís Vargas

Excerto de um artigo de Paulo Pena, na edição de hoje do Público, no qual, como evidencia Luís Vargas na imagem supra, há razões para Maria Luís Albuquerque estar inquieta com a possibilidade de as imparidades serem acordadas. Pode ser um violento sobressalto para este governo que agora chega ao fim da linha. Veja-se:


    «É um truque contabilístico, mas custou dinheiro real. Os auditores não repararam, o Governo só assumiu a falha um ano depois, e a Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda está a investigar o que se passou. No fundo, não há nada de muito complicado neste novo "buraco" de 107 milhões de euros que o Estado teve de cobrir no BPN. Basta seguir o dinheiro.

    O fundo imobiliário Homeland, de que Duarte Lima era o mais notório accionista, devia ao BPN 47.149.123 euros. No balanço do BPN de Dezembro de 2011, calculava-se que metade desse valor, 23.574.561, fosse irrecuperável. Por isso, o banco estimava perder metade do que emprestou, declarando 50% de "perda por imparidade".

    As contas foram fechadas, auditadas, aprovadas. Porém, um mês antes da venda ao BIC, este e outros créditos foram alvo de uma mudança substancial. O fundo Homeland passou a ter uma "taxa de perda" de apenas 25%. E foi com base neste valor que uma empresa pública, a Parvalorem, criada em Fevereiro desse ano para "absorver" os valores mais complicados de cobrar, comprou o crédito ao BPN. Mais caro. Exactamente 11.787.281 euros mais caro do que previam as contas oficiais.

    Tudo isto aconteceu quando o BPN já era, na prática, do BIC. Funcionários incluídos. Quer o administrador quer o técnico que fizeram esta reavaliação já sabiam, desde Janeiro, que iriam ser contratados pelo banco privado. A mudança de valores ocorreu imediatamente antes da venda do banco ao grupo luso-angolano, em 30 de Março de 2012. Mais exactamente, no mês anterior à assinatura do contrato de venda, no dia 9 de Fevereiro.

    Há vários exemplos como o do fundo de Duarte Lima. As diferentes empresas do universo de Fernando Fantasia (amigo de infância do Presidente Cavaco Silva), como a Domurbanis, a Paprefu e a Opi 92, também viram as perdas previstas dos seus créditos reduzidas em sete milhões de euros (exactamente: 7.008.038 euros). Foram sete milhões que o Estado pagou a mais ao BIC. Tal como os 13 milhões que pagou a mais pelos créditos devidos pela Aprigius, de Aprígio Santos, empresário do sector imobiliário da Figueira da Foz. Neste caso concreto, a "imparidade" baixou de 50% para 30%. Mas esse valor é apenas a ponta do icebergue. A última avaliação conhecida, de 2015, garante que, afinal, o risco de incumprimento deste crédito é de 85% - a Parvalorem comprou um crédito que vale menos de dez milhões de euros por 46 milhões.

    O total destas "imparidades" recalculadas ascende a 107 milhões de euros. O BIC pagou quando comprou o BPN menos de metade deste valor: 40 milhões. Pelo banco todo. O movimento no valor das "imparidades" não mexeu apenas no valor pago pela Parvalorem ao BIC. Houve acertos também nos créditos do BPN que o BIC manteve na sua carteira - de sentido contrário. Créditos que tinham taxas de imparidade de 50% e passaram a ter de 75%, isto é, passaram a ser mais baratos. Tudo isto tem implicações no valor real dos activos, quer do BIC quer da Parvalorem. Além do valor nominal de cada crédito há ainda a considerar o efeito que este cálculo tem na negociação futura com os devedores. "A negociação ficou muito mais difícil para a Parvalorem, que adquiriu os créditos com imparidades sobreavaliadas, optimistas, que em muitos casos, como o Homeland, eram perfeitamente impossíveis de atingir", explica fonte da Parvalorem. (…)»

4 comentários :

pedro carrilho disse...

se repararem estes roubos de bancos têm todos um denominador comum: gente do psd, mais concretamente do período do bimbalhão do boliqueime, pode ser que quando sairem do poder, a começar já dia 4/10, comecem todos a ser presos, podem iniciar no vice que anda fugido á policia e acabarem em p merdelho e c buliqueima, que também roubaram muito, têm muito por onde escolher, porque o saque foi tão grande e os atores tão variados que não tem como enganar!

Rosa disse...



É um autêntico gang...por isso, é que os simples, como diz Passos, irão votar na coligação...como são"simples" não entendem nada destas complicações...inacreditável!

Anónimo disse...

Tudo gente que para se ser mais sérios do que eles tem que se nascer 2 vezes. Não foi isto que disse o chefe de Boliquême? Sim, tudo gente do PSD mas isso interessa lá para alguma coisa! No dia 4 escorracemos a quadrilha do BPN e dos Submarinos.

Anónimo disse...

Que horror! É um rol de más situações que mais parece um filme de terror.
Isto tem de mudar.