• Francisco Louçã, O que vem depois do acordo deste fim de semana entre o PS, o Bloco e o PCP?:
- «(…) O que se consegue deste modo é estabilidade na vida das pessoas, alívio para os pensionistas, recuperação de salário, protecção do emprego e mais justiça fiscal. Por outro lado, com este aumento da procura agregada, a economia vai reagir positivamente de imediato.
O que falta então?
Faltam ainda respostas estruturais para o investimento, para gerir a conta externa e para melhorar a balança de rendimentos, o que só se fará com uma reestruturação da dívida. E, sem ela, não se vê como possa haver suficiente margem de manobra para resistir a pressões externas e para relançar o emprego. É preciso investimento e criação de capacidade produtiva e o Estado tem que ter um papel estratégico na resposta à prolongada recessão que temos vivido.
Além disso, não se pode ainda antecipar o que serão as condições de Bruxelas e de Berlim, do BCE ou das agências de rating, mas não serão favoráveis. É de recordar que a Comissão Europeia publicou um comunicado dois dias depois das eleições exigindo novas medidas para a segurança social e que o tema continuará a ser um terreno de disputa, ou que as agências de rating têm vindo a ameaçar a República Portuguesa. Finalmente, o dossier do Novo Banco vai explodir antes do Verão, com perdas importantes para o saldo orçamental ou com exigências de recapitalização, ou de um processo de resolução bancária feito segundo exigências técnicas que protejam o bem público e abatam a dívida externa.
Estes são os problemas que nos vão bater à porta nos próximos meses e anos. A nova maioria sabe que assim é, porque assina uma cláusula de salvaguarda que garante que, perante imprevistos orçamentais ou novas situações, a resposta nunca será o aumento de impostos sobre o trabalho ou a redução de salários e pensões. Convém então que comece já a preparar o que vai ser essa resposta porque os imprevistos chegarão mais depressa do que o novo Orçamento.»
2 comentários :
Os "imprevistos", os problemas orçamentais inesperados, a calamidade dos endividamentos privado abafados, os activos esturrados, as novas pressões sobre os que não pertencem ao arco e à seita mau-mau, as novas exigências sobre um estado basicamente desmantelado, em fanicos, ...tudo já está aí, ainda gatos escondidos que por debaixo do tapete da retórica do sucesso. As vinganças de classe estão a ser preparadas sem pudor, sem dó nem piedade. Vidas escarafunchadas, chantagens preparadas, calunias, as acusações e insinuações junto da mídia, sopradas às agencias de rating e aos representantes e serventuários dos credores. Vomitam telefonemas e emails, não param de intrigar e movimentar alertas nos mercados de capital, seguros dos tiques especulativos e selvagens que airam sobre a nossa Nação. Vamos ver de tudo, preparem-se, cospem na própria sopa e batem na própria mãe, na pátria que os viu nascer e alimenta! Inventam narrativas e acusam. O ódio de classe desta nossa direita, ungida e ressabiada, agarrada ao comercio dos bens públicos e às migalhas do capital, já está aí em todo o seu esplendor! Vão ser capazes de tudo, vai ser uma guerra sem quartel. Mancomunados com os bandos do Eurogrupo, com o eixo do Norte, e com um Presidente vicioso, malvado, mesquinho e senil.
Tudo isto tem hipóteses de acontecer com mais ou menos intensidade mas, aquilo a que o Francisco Louçã se refere é à necessidade imediata de estar técnica e politicamente preparado para enfrentar as situações que um governo de esquerda vai enfrentar numa Europa neoliberal.
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