António Cluny tornou agora pública a carta que diz ter feito chegar ao Relator Especial das Nações Unidas. Nela se queixa que o Estatuto do Ministério Público “permitia — e nisto reside o ponto mais importante — uma base material que garantia, no quadro da nossa sociedade, a independência, a segurança e a serenidade necessárias ao exercício correcto das funções dos magistrados.”
Ao ler a carta entregue por António Cluny, a secretária do Relator Especial terá ficado perplexa com tamanha afronta à magistratura portuguesa, implorando mais elementos para que o seu superior hierárquico pudesse elucidar convenientemente o Senhor Kofi Annan. O CC está em condições de reproduzir o relato da conversa mantida à porta do elevador (já no 15.º piso):
— Madame, informe o Cher Monsieur Leandro Despouy de que eles, lá em Lisboa, nos reduziram as férias judiciais em 15 dias e nos integraram no regime de assistência na saúde da maralha da função pública. Como podemos ser independentes? Como poderemos ter “a segurança e a serenidade necessárias ao exercício correcto das funções dos magistrados”?
— Quer que transmita mais alguma situação anómala ao Senhor Relator Especial?
— Sabe, Madame, isto é uma retaliação do poder político. Eu já disse isso mesmo num programa que nós temos lá na televisão, mas tive depois que recuar, porque o ministro da Justiça quase ameaçou a minha integridade física. As coisas estão a ferro e fogo!
— Monsieur Cluny, lamento não ser possível dar-lhe mais tempo…
— Madame, transmita ao Cher Monsieur Leandro só mais uma coisa.
— Diga lá, então...
— Eles aumentaram-nos os impostos.
— Só aos magistrados, Monsieur Cluny?!
— Aumentaram a taxa do escalão mais alto do IRS e em Portugal ninguém no Estado ganha mais do que os magistrados…
— Au revoir, Monsieur Cluny.
8 comentários :
Faça-se justiça - essa da retaliação o gajo assumiu cobardemente que não é ele que pensa. São os outros.
Brilhante Abrantes. Meus amigos, vale a pena ler a dita carta, pois quando pensamos que tudo era possível, ainda nos surpreendemos...
O Cluny perde a serenidade quando está no meio do trânsito entre a casa do estado em cascais e o tribunal em Lisboa.
É mentira, pá. O gajo dos que trabalha em casa, com vista para o mar. O rapaz tem horizontes...
O Cluny é bom camarada. O Cluny é bom camarada. O Cluny é bom camarada.
O Cluny é um explorado da classe intelectual. Subiram-lhe o imposto para o escalão máximo do irs, dão-lhe uma casa longe do emprego, tem uma produtividade indeterminada e é pago pelos impostos de todos nós.
E a carta do outro sindicalista que se diz especialista em assuntos laborais (como nós já o percebemos)? Deve ser linda.
foda-se, Miguel, há muita coisa para que não tens jeito. Mas para fazer humor és uma lástima. Por favor, não repitas, gosto mais de ti com cara de zangado
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