terça-feira, dezembro 19, 2006

Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida


Maria José Morgado superou as mais ousadas expectativas de quem a sabia amiga das aparições mediáticas. No primeiro dia das investigações desportivas, Morgado deu em exclusivo ao Correio da Manhã a sua gloriosa caminhada de casa para o trabalho.

O jornal, acompanhando de perto a longa marcha, observou, entre outros factos relevantes que me dispenso de reproduzir, que a procuradora cumprimentou o merceeiro (08H25), foi tomar o pequeno-almoço ao Biovitaminas, comprou dois jornais (08H34), entrou no Metro na Av. de Roma (08H39), saiu no Campo Grande, apanhou a linha amarela até ao Rato (09H05).

Assim vai a justiça. Quando se esperaria recato e discrição, surge a exposição mais ostensiva e injustificada. Para cúmulo da brincadeira, a Dr.ª Morgado sempre vai dizendo que não presta “declarações em ambulatório, no meio da rua”, acrescentando: “Como vê, não trago segurança. A minha segurança é a vossa boa-fé e compreensão.

Quando o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público diz estar preocupado com a segurança dos colegas, a Dr.ª Morgado deixa-se fotografar à saída de casa, identifica o quiosque onde compra jornais e o café onde toma o pequeno-almoço e faz publicar o trajecto que utiliza até ao emprego. Fica-se à espera que os maviosos António Cluny e Jorge Costa se pronunciem sobre esta insensibilidade grosseira da Dr.ª Morgado com a sua própria segurança, a troco de sete fotografias no Correio da Manhã para mostrar “um fato cinzento e ténis pretos – a combinar com a mala e a écharpe”.

Seria bom que Maria José Morgado evitasse este estilo folclórico, sob pena de se descredibilizar e de descredibilizar o Ministério Público. E já que estou em maré de conselhos, que fosse criteriosa na escolha dos ajudantes da Polícia Judiciária. A primeira escolha não parece famosa segundo vozes da própria instituição, que sublinharam que havia sido comemorada a colocação nas ilhas do inspector agora chamado ao Rato.

PS — Ainda no Correio da Manhã (p. 5) se diz que a Dr.ª Morgado deu uma “ordem” para que “ninguém se pronuncie sobre o caso”. “Uma ‘ordem’ sobre a qual todos os envolvidos estão de acordo e que aceitaram acatar.” Se já é extraordinário a necessidade de ser dada esta “ordem” para que o segredo de justiça não seja violado, mais extraordinário é que o mesmo jornal (p. 4) afiance que “os próximos alvos são as claques do futebol”… “segundo apurou o CM junto de fonte ligada ao caso.” O caso é, como o leitor sabe, o processo Apito Dourado.

1 comentário :

Anónimo disse...

É o misterio da rosas. Se multiplicam porque são filhas das mesmas sementes.
Tranquilos
Kavako