Elenque-se o número de “factos políticos” que Pacheco Pereira colocou nas últimas semanas no tubo de ensaio Abrupto e que abortaram à nascença por falta de substância. A situação de Pacheco não é, de facto, fácil. Tendo-se deixado encurralar pelo “gang do Multibanco”, só vê uma saída: demonstrar que é ele que faz oposição ao Governo. Enquanto Vasco Graça Moura, nas vésperas do Congresso, “opta” por assobiar para o lado, discorrendo sobre Aquilino, Pacheco barrica-se na RTP — um tema sempre popular.
A entrevista de Rodrigues dos Santos, que o Público adulterou ao omitir que os factos relatados se reportavam a 2004, caiu como mel na sopa. Nem interessa a Pacheco que Rodrigues dos Santos tenha corrigido o Público: “Não decidi fazer as acusações nesta altura. Fiz em 2004 perante a AACS e a Assembleia da República”, quando estava em funções o Governo PPD/PSD-CDS-PP e o conselho de gerência fora nomeado pelo PSD-CDS-PP. Já nada detém Pacheco: ele quer provar que faz falta ao partido, esforça-se por mostrar que, se o “gang do Multibanco” sabe ganhar eleições internas, ele, e só ele, é que consegue incendiar a pradaria.
E a faísca que poderia incendiar a pradaria chegou com o anúncio da suspensão de Rodrigues dos Santos. Transbordando de alegria, Pacheco sobe ao palanque para anunciar às massas: “Não era possível encontrar melhor confirmação daquilo que escrevi sobre o incómodo das palavras de José Rodrigues dos Santos na actual administração da RTP do que o que veio a acontecer.”
Entretanto, fica a saber-se que Rodrigues dos Santos não está suspenso e que continua a apresentar o Telejornal. Que faz Pacheco? Omite esse dado que tanta alegria lhe proporcionara e toca de empurrar o mais recente folhetim para a segunda subcave do Abrupto.
Ora é assim que hoje se vem passando uma tarde atribulada na Marmeleira. Subitamente, Pacheco lembrou-se da feira do Midi em Bruxelas, deu um pulo a Marte para rever as amolgadelas do Spirit, abala para o Algarve para nos descrever o trabalho na região de Mendes Bota (duas fotos de greens e duas de golfinhos, além de uma que parece tirada de O Padrinho), regressa a Bruxelas para transcrever uma entrevista em francês do M. José Manuel Barroso, pára no inevitável banco do jardim de S. Amaro, que continua a resistir estoicamente à passagem do tempo, reproduz uma longa reportagem do leitor Gustavo que lhe escreve do Porto por estar de candeia às avessas com a segurança social, encontrando-se agora Pacheco, bebido o chá das cinco, a deambular pelas pontes sobre o Tejo (várias fotos), após um mui breve encontro com Lenine em Seattle (apenas duas fotos).
Moral da história: Pacheco já deixou cair Rodrigues dos Santos — pelo menos, até que se conheçam os “procedimentos” levados a cabo pelo conselho de gerência nomeado na gloriosa era do PSD-CDS-PP.
PS — Se o actual governo tivesse substituído Almerindo Marques e seus muchachos, não teria aparecido no Abrupto um post a denunciar que se tratava de um assalto à informação da RTP? Morto por ter cão e morto por não ter.
quarta-feira, outubro 10, 2007
Subtil Pacheco barricado na RTP
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5 comentários :
Coitado do "historiador". Cada vez mais atarantado. Não dá uma para a caixa.
Há indivíduos que ainda não perceberam que a direita já conseguiu o poder supremo em Portugal, a bomba atômica. Ainda gritam, que tansos. Os espertos já estão mais calmos. O projecto da direita passará por não perder jamais este trunfo (Ferreira Leite já topou). Esses nervosinhos, tipo Marques Mendes, Pacheco, Marcelo e Portas têm o seu futuro hipotecado, não adianta espernear. Vão gritar, gritar, até definhar. É o canto do cisne.
A ordem agora é a normalidade institucional... o presidente não dissolve, o PM não mexe no ministério... etc... previsibilidade... equilíbrio...calma... reeleição.... Europa... euro....
Vejam Soares a convidar Cavaco... querem exemplo melhor, de calmaria? DE progresso institucional? Tem de ser O Velho a ensinar tudo, fogo.
Governo PSD é bagunça, dissolução, eleição antecipada, briga de comadres, betinhos histéricos, etc. Taquicardia, no more. Ninguém aguenta isso.
Não há mais sustos.
Ou pensavam que isso ia ser uma choldra para sempre? Com euro? Nem pensar, isso a partir daqui endireita.
Queriam.
O próximo passo será normalizar a comunicação... esses jornais e TVs que parecem que estamos na Colômbia ou no Haiti, têm que acabar, isso tem de ser posto na ordem, não pode continuar assim. Isso é euro, não é escudo não. Vejam o que fizeram com o BCP, só um exemplo na área financeira. Não pode ser este baixo nível para sempre, NINGUÉM AGUENTA MUITO TEMPO A VERBORRÉIA DA SARJETA. As confissões de Orelhas é só o início da refundação da imprensa.
Edie Falco
Mas que mal fizeram os portugueses para ter que levar com tão estranha e perigosa criatura?
Fizeram-na.
Tendo-se deixado encurralar pelo “gang do Multibanco"
está de mestre.
sonoros esgares
Zé Boné
Caro Francisco Ribeiro:
O mundo, como pensava que existia, ruiu, acabou. Caput. "Habituem-se".
Que profundidade esta frase de Vitorino: "Habituem-se".
Num contexto de reformas umas atrás das outras, tudo está contido nesta frase.
É lindo.
Edie Falco
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