domingo, novembro 11, 2007

"O país que somes" [1]




«Sempre vi Eanes como o "Pacheco" da política militar caseira, o gestor de silêncios graves, que impressionava mais pelo que não dizia mas, muito mais, pelo que deixava intuído. A esquerda bem-pensante que se colou ao homem depois do 25 de Novembro deve ter-se arrependido. Outros, deserdados do soarismo, deixaram-se ir no sebastiânico e "poujadista" PRD, com os inenarráveis Martinhos e outras figuras que pensaram ter ali a "fast lane" que lhes tinha escapado no PS. Parte do "país que somes" (como o homem dizia, à moda de Alcains, de onde, para a História, só fica o queijo) levou a sério, por algum tempo, esse debitador de lugares-comuns com voz grossa a armar a autoridade, uma espécie de "Mr. Chance" caseiro - com a chatice de Eanes ter chegado a presidente e o outro não. A Travessa do Fala Só foi o seu Alto de S. João político. Como irónico epitáfio não podia ser melhor.

Agora, beirando os 70, Eanes labutou numa universidade da "opus dei" e saiu de lá com um canudo, a modos que um reformado na universidade da 3ª idade. Se se ler com cuidado, o que ele pensa (pensa?) continua a ser mais do que irrelevante para o país. O ser ouvido por alguém é que é estranho: ele continua a ser um patético manequim fardado que, numa parada deserta de ideias, grunhe uma coisas graves em matéria de ordem unida, "excessivement graves", como diria o Steinbroken. Em tudo isto, não nos lembrarmos do "Lusitânia Expresso" é uma obra de caridade mínima a que devemos dedicar-nos.»

1 comentário :

Anónimo disse...

imaginem a criatura nas reuniões do Conselho de Estado. Falará sobre que assunto?