Menino-guerreiro canta os “parabéns” ao “menino PSD”
Cunha Vaz afirmou, na célebre entrevista ao Público, que os jornais económicos são mais rigorosos do que os generalistas. Podem ser ou não — mas serão certamente mais minuciosos. Veja-se como o Diário Económico descreveu ontem a apresentação da candidatura de Santana Lopes [“Um espectáculo chamado Santana Lopes”]:
- «A festa foi preparada ao pormenor: havia música, bolo e até se cantou. Faltaram as palmas.
O cenário no pátio da sede do PSD era este: cerca de oitenta pessoas, vestidas com a roupa de domingo, uns quantos jovens a distribuir panfletos e bandeiras, a brigada do costume — Miguel Almeida, Pedro Pinto e Rui Gomes da Silva — espalhada pela multidão e Maria José Valério, de cabelo verde, com uma t-shirt a dizer "Meu querido Dr. Pedro Santana Lopes" e um fio ao pescoço com a fotografia de Carlos Cruz. Nas colunas, em bom som, ouvia-se o seguinte: "Ele sabe o que quer. Ele sabe ouvir. Mas não hesita em decidir." Ele, Santana, está de volta.
De repente, o hino do partido. Toda a gente se cala e olha na direcção da porta do palacete. Sai um anão. Passam uns segundos. Sai o menino guerreiro. "Santana, Santana", gritam empolgados alguns, enquanto outros, mais comedidos, limitam-se às palmas.
São 18h46 - o discurso vai começar com dezasseis minutos de atraso. Mas primeiro, falta aquecer a plateia. O mandatário da candidatura, Arlindo Carvalho, dá um jeito. "É sempre assim, só à última da hora é que escolhem o mandatário. Depois vem um caramelo qualquer que ninguém conhece", comenta Tomasini, militante de 73 anos, com um amigo. Segue-se, por fim, Santana.
"A nossa razão tem o mesmo nome que o nosso objectivo: Portugal, ambição nacional." Era um bom soundbite. Mas ninguém bateu palmas. O candidato respira fundo, e duas páginas à frente tenta outra vez: "Comigo, o PSD será o partido da nova ambição nacional". Silêncio.
O primeiro aplauso só surge aos onze minutos (de um discurso de vinte), quando alguém, sozinho, o incita ferozmente lá no fundo. Acaba por contagiar uma multidão, que não esperava receber duas surpresas no final: cantar com o antigo primeiro-ministro os parabéns ao partido e dividir com ele uma fatia de bolo de anos. Os jotas, menos entusiasmados com o brinde, preferiram ficar lá fora a rodear o ídolo. E voltar à carga: "Ninguém pára o Santana, ninguém pára o Santana oé ô".»
2 comentários :
É o desastre nacional com este ou outro qualquer PPD. Diferenças só de caracter. Politicamente são todos péssimos e precipicio começa com eles no poder.
eu pensava que no precipicio estavamos nos
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