- «O meu bom amigo Pacheco Pereira, com a perspicácia e a inteligência que se lhe reconhecem, não deixa de usar, consoante as conveniências, dois pesos e duas medidas na análise da nossa realidade política. É evidente que o faz com uma enorme habilidade, fazendo passar, cada uma a seu tempo, duas mensagens contraditórias.
É o caso agora das movimentações, aparentemente bem sucedidas, do primeiro-ministro a três países com quem Portugal já vinha reforçando ligações económicas mais fortes (antes da crise) e que, perante o caos internacional, justificava uma actuação mais eficaz para suprir a baixa das nossas exportações nos mercados tradicionais em dificuldades. Já ouvi Pacheco Pereira defender que, no contexto internacional, o único critério válido é o das relações Estado a Estado. Muitas vezes vi Pacheco Pereira validar acções e omissões da NATO quando era um fervoroso cultor das actividades desta estrutura militar.
Tenho ainda presente o que disse sobre a intervenção americana no Iraque, onde o seu discurso aparecia impregnado de um enorme pragmatismo a favor da paz e contra o terrorismo internacional, quando hoje está provado que não havia razões para aquela catástrofe, que tinha pressupostos falsos. Não entendo como verbera o primeiro-ministro por não seguir a doutrina de Manuela Ferreira Leite quando defende uma política de braços caídos. Julgo que todos os países que Pacheco Pereira estabelece como paradigmas de uma boa actuação política, todos eles, mantêm o mesmo pragmatismo e têm relações muito diversas, sobretudo económicas, na África ou na Ásia, com governantes pouco escrupulosos que "prosseguem acções internas pouco democráticas e políticas externas agressivas".»
- “NÃO É fácil, passados quase dois meses, por muito boa vontade e esforço de compreensão que se tenha, entender o que quer, ao que vem e para onde vai a liderança de Manuela Ferreira Leite no PSD.
(…) O que levou Ferreira Leite a quebrar o silêncio e a sair do seu retiro partidário foram, no passado fim de semana, as políticas de ajudas e subsídios à juventude. Que considera «assistenciais e totalmente desadequadas». Um tema e uma prioridade, no mínimo, perplexizantes.
NO QUE respeita ao conteúdo, Ferreira Leite levantou, até agora, duas questões. A dos «investimentos astronómicos» do Estado, que não foi capaz de concretizar (É o TGV para Madrid? A ligação Lisboa-Porto? As novas auto-estradas? - Ninguém sabe). E a da «emergência social», que não soube explicar nem substanciar a nível de propostas. Como ideias, uma única: a de que o país está outra vez de tanga. Convenhamos que, como contributo político, é pouco.
NO QUE respeita à estratégia, Manuela diz que a função do PSD é fiscalizar o Governo e não dar-lhe sugestões e propostas alternativas. É uma concepção minimalista e redutora do espaço e da intervenção do principal partido da Oposição. Reduzir o PSD ao papel de ASAE de Sócrates e seus ministros só pode ter consequências eleitorais desastrosas. Ao nível dos resultados de Santana Lopes em 2005.
Com Menezes era o populismo desenfreado e bacoco. Com Manuela, a santinha da Ladeira que o PSD em aflição tirou do pedestal, é o formalismo etéreo e politicamente oco. A caminho da não-existência.”
- «(…) Ferreira Leite desapareceu de cena. Consta (por Marcelo Rebelo de Sousa) que se está a guardar para o próximo Orçamento do Estado (em Outubro), para mostrar o que essencialmente a separa de Sócrates. Talvez sim. Só que não basta. O Orçamento não resume a sociedade portuguesa, nem uma intervenção ocasional, por muito importante que pareça, ganha à candidata Ferreira Leite a confiança do país. Falta o resto e o resto é tudo ou quase tudo.
Em 2009, o PSD corre o perigo óbvio de uma cisão definitiva. Se Sócrates chegar a maioria absoluta, fica provada a impotência intrínseca do partido: do populismo, do "liberalismo" e, principalmente, da social-democracia, que Ferreira Leite à sua maneira representa.
Se Sócrates não passar da maioria relativa, e apesar de enfáticos protestos de virtude, a perspectiva (ou a ideia) do "Bloco Central" vai dividir o PSD de cima a baixo. Para evitar o pior, Ferreira Leite precisa de transmitir uma convicção que se não sente (nada que se aproxime, por exemplo, do fervor de Cavaco por si próprio) e precisa de injectar um novo espírito no velho eleitorado do PSD, já que a unidade interna é hoje pura fantasia. Mas não se inspiram três milhões de pessoas com silêncio e uma aula ou outra de finanças públicas.»
4 comentários :
Esta fraze diz tudo sobre o que é hoje o PPD. Esta mulher abafou e o seu tempo já lá vai.
Com Manuela, a santinha da Ladeira que o PSD em aflição tirou do pedestal, é o formalismo etéreo e politicamente oco. A caminho da não-existência.”
Parece que toda a gente concorda(incluindo, pelo que se ouve e lê, os militantes do PSD)que MFL é o vazio total. Ainda não foi desta que o PSD acertou na escolha do líder.Infelizmente,acho eu.
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Vamos lá ver se toda a gente, ou quase toda, concorda: Este blog está em coma vegetativo !
O miguel não te quer cansar as meninges no Verão pá ....
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