domingo, julho 06, 2008
Manuela e o Presidente [1]
A excitação causada pela eleição de Manuela Ferreira Leite não durou muito. A velha novidade encarregou-se de acabar com quaisquer ilusões na primeira entrevista de fundo que deu à TVI. Veja-se:
1. Em matéria de costumes e direitos, mostrou ser de um reaccionarismo primário. Esquecendo o casamento entre homossexuais, que ainda suscita controvérsia, são lapidares as afirmações que fez acerca da procriação.
Manuela dixit: “a família tem por objectivo a procriação”. Ai dos estéreis ou daqueles que simplesmente decidem não ser pais. Com esta doutrina, até admira que os professores de Direito da Família não se tenham lembrado de descobrir mais um impedimento ao casamento — a esterilidade.
Por outro lado, com a sua provecta idade, Manuela já não poderá casar por razões óbvias… Todos estes dislates seriam irrelevantes se não proviessem de uma candidata a primeiro-ministro, apoiada por pretensos pensadores forjados na caldeira do estalinismo e do maoismo.
2. No âmbito económico, Ferreira Leite propôs algo muito simples: a paralisação do país e, em especial, das obras públicas.
Regressa o salazarismo no seu máximo esplendor: pobretes mas alegretes, a plantar couves e a dividir pedaços de toucinho; tementes a Deus e a fornicar só para procriação.
O pormenor de o país deixar de poder ir buscar verbas à União Europeia não tem importância nenhuma. Bem vistas as coisas, essas verbas são uma tentação demoníaca para tornar o nosso bom povo menos obediente e temente a Deus.
Coisas como o aeroporto, o TGV ou as auto-estradas são males a evitar a todo o custo. A ideia estúpida de construir uma auto-estrada para Bragança só faz florescer o vício e favorece a circulação das prostitutas brasileiras.
3. Por fim, no capítulo social, Ferreira Leite também tem ideias. No essencial, são estas: quem não tem dinheiro, não tem vícios.
E como a líder do PSD acha que não temos dinheiro nenhum, o salário mínimo e o rendimento de inserção social nunca deveriam ter sido actualizados pelo Governo. Cá está um despesismo com que Manuela nunca pactuaria.
A solução é o “carinho, muito carinho”, palavras que proferiu na histriónica entrevista à TVI, como ainda na sexta-feira passada, no Rádio Clube, Pedro Marques Lopes fez questão de recordar.
O ar doce e as palavras amigas de Manuela servirão de consolo alternativo aos portugueses. É isso todo um programa para o país.
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2 comentários :
Ainda que bem "montada" nesta senhorinha, trazida quiçá do Hotel da Lapa,de um qualquer "palais" de S. Petersburgo ou de um restaurador (Olex) qualquer do Príncipe Real, é manifesto que a Dr.ª MFL, excepto aos olhos de uma miserabilista tipo João Gonçalves/Fernando Pessoa em 4.ª edição, não tem qualquer quaisquer hipóteses, nem apresenta estatuto para ser a "premiére"...
Ainda que Maria Filomena Mónica a craveje dos mais cintilantes diamantes, a Senhora não passa de uma amanuense sem brilho e com destino incerto, mesmo com um par de castanholas...- Santander dixit.
Triste figura a desta mulher. Não deviam pôr os velhos a fazer tristes figuras.
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