quarta-feira, setembro 24, 2008

Toni, Mimi & Forças Combinadas


Rapinei o título ao nome de um circo rudimentar que, nos anos 40, montava a barraca por aí. Esta designação faz-me lembrar a forma como Pacheco Pereira, Eduardo Cintra Torres & Forças Combinadas pressionam os media.

Há dias, Cintra Torres respigava uma fofoca em jeito de comentário (e não uma notícia, note-se) de António Ribeiro Ferreira (esse outro paradigma do jornalismo independente), segundo a qual a RTP ganhara os jogos da Liga para que Oliveira obtenha o 5.º canal; tomou-a por um facto indesmentível e toca a desancar na RTP (onde ele trabalhou e não consta que tivesse sofrido uma apoplexia fulminante nos gloriosos tempos em que Marques Mendes fazia diariamente os alinhamentos do Telejornal por telefone).

No artigo que escreveu para o Público de 13 de Setembro, Cintra Torres estava tão excitado que levou tudo à frente: a SIC — sim, a SIC — e Mário Crespo e Luís Delgado e tudo o mais que lhe passou pelo bestunto estão ao serviço do Governo. Poupou, felizmente, a TVI, porque, afinal, o cardeal não é tão mau como o pintavam.

Hoje, foi a vez de Pacheco Pereira avançar. Ele, que, por acaso, tem tempo para fazer um doutoramento numa escola pública (pago com o dinheiro dos contribuintes, não é?) e ver os telejornais da tarde (entre outros hobbies), estava a tal ponto melindrado com a RTP que desafiou a redacção (por atacado) para um duelo. Aparentemente, conseguiu que a distribuição do Magalhães a milhares de crianças fosse esta noite noticiada depois de uns furtos e mais umas coisas do género.

A verdade é que não vi Pacheco Pereira alterado quando a RTP abriu o Telejornal com a rentrée de fachada de Manuela Ferreira Leite, num hotel de província, perante 100 jovens escolhidos a dedo, enquanto a peça do recente comício do PS em Guimarães, com a participação de alguns milhares de pessoas, foi atirada para a vala comum.

É este mesmo Pacheco que quis escorraçar os jornalistas dos Passos Perdidos, quando fez de Paulo Rangel há uns anos. É também este Pacheco que apoia sem reservas o “jornalismo” paranóico do Público nos dias que correm. E é este Pacheco Pereira que se refere ao controlo da RTP no tempo do famoso Estado Laranja como o “controlo tradicional” que todos os partidos fazem.

O problema de Pacheco Pereira é outro: se a Senhora não fala nem a tiro, o político/jornalista/doutorando quer que a comunicação social faça milagres? Bem se esforçam os media, dando voz a todos os Borges e Aguiar-Brancos com que tropeçam, muito embora não haja garantias de que os resultados práticos sejam famosos.

7 comentários :

Anónimo disse...

Cá para mim o JPP anda a snifar coisa marada ....

MFerrer disse...

O desespero de que a direita trauliteira dá mostras, deve ter uma relação qualquer com o seu instinto de classe.
E este diz-lhe que vem aí chumbo grosso.
Diz-lhes também que as únicas notícias sobre essa mesma direita só podem ter origem na nacional falta de memória ou nas colunas policiais: É que cada vez se sabe mais àcerca das gestões dos anteriores (des)governos e sobre os autarcas desses partidos.
Cito de cor:
- Gelbalis
- Património Camarário para uso pessoal
- Submarinos
- Escândalo do défice da S. Social
- Venda ao City Group
- Subordinação a sindicatos médicos, judiciais e outras corporações avulsas
- Défice das Contas Públicas
- Escola Pública ao abandono
- Privatização de quase tudo e mais alguma coisa. Até os cemitérios não escapariam...

É natural que estejam desesperados!
MFerrer

Anónimo disse...

Depois da mais célebre frase de pressão jornalistica do século "Fiquei com uma boa relação com o seu accionista (Paulo Azevedo) e vamos ver se isso não se altera" dita - note-se muito bem - pelo Primeiro Minsitro, e depois do vergonhoso comportamento de uma tal ERC, é preciso ter descaramento para determinados posts.
Concordo com certos comentadores trauliteiros e rassabiados: é o desespero. Aliás, por demais notório em certas "corporações".

Anónimo disse...

o problema do pacheco pereira:

http://derterrorist.blogs.sapo.pt/596554.html

Anónimo disse...

Dedico este titulo do jornaleco fascistoide , de hoje na pag. 8.

Ao caval."penso, logo "respublico"

Então lá vai.


" APITO DOURADO E FINANCIAMENTO ILEGAL DO PSD TERÃO AUMENTADO PERCEPÇÃO DE CORRUPÇÃO"

A este sr. só digo, porque não te calas com os teus fossis argumentos? Eu se fosse desse partido cobria a cara de vergonha e afastava-me silenciosamente para local arejado e limpo...entendes? Ou queres que te explique.

Anónimo disse...

A mão invisível era maneta?


Vale a pena reflectir sobre o que disse Cavaco Silva, em Nova Iorque, a propósito da crise financeira :

"Funciona [a economia de mercado] se houver uma regulação. Não podia funcionar segundo uma regra geral da mão invisível. Por isso é que existem entidades reguladoras, por isso é que existe responsabilidade dos governos. Alguém disse, a democracia é o pior dos regimes, excepto todos os outros; a economia de mercado é a pior, excepto todas as outras". [Público]

Com esta afirmação Cavaco Silva põe o dedo na ferida e afirma que o funcionamento dos mercados não iliba os governos de responsabilidades. O Presidente não pretenderá defender o intervencionismo estatal nos mercados, mas é evidente que os governos e as democracias não poderão aceitar que possa ocorrer um colapso do sistema económico só porque os reguladores actuam com negligência e irresponsabilidade, como sucedeu nos EUA. Cavaco Silva deita por terra a tentativa de Pacheco Pereira e Manuela Ferreira Leite de usar a crise financeira para obter ganhos políticos.

Ainda no passado Sábado, num artigo publicado do Expresso, cujos argumentos eram decalcados de um artigo de Pacheco Pereira publicado no Público, Manuela Ferreira Leite defendia:

«Desta crise, vai certamente resultar o fortalecimento do papel das entidades reguladoras, como a forma mais apropriada de melhor proteger os cidadãos.»

«Por cá, tem-se actuado exactamente de forma oposta. Entende-se que é intervindo o Governo e, desta forma, desacreditando os reguladores que melhor se protegem os cidadãos. Além da falta de responsabilidade e sensatez, está-se perante o desnorte completo.» [artigos reproduzidos no Jumento]

No mesmo dia Pacheco Pereira escrevia no Púbico:

O ataque à regulação é mais do que um ataque à regulação - é um ataque à liberalização dos mercados que essas entidades são suposto regularem.

No mesmo artigo JPP defendia a tal mão invisível:

«Naturalmente, como muita gente acha, os "mercados" são maus e injustos, esquecendo-se que são os mercados que estão a acabar com o Lehman Brothers e bem, que são os mercados que estão a fazer aquilo que autores clássicos da economia liberal como Schumpeter sempre disseram que faziam, destruir, que a destruição provocada pelas crises é um mecanismo fundamental de crescimento e de inovação, de pujança do modelo económico do capitalismo. A "crise" não é o sinal da crise do liberalismo, mas sim do seu normal funcionamento, em sociedades e economias que incorporam o risco e os custos como parte do seu funcionamento normal, das regras do jogo dessa mão que Adam Smith dizia ser "invisível".»

Isto é, o mesmo JPP que defende os organismos reguladores e acusa o governo de intervencionismo dá o dito por não dito e associa a mão invisível ao funcionamento dos reguladores. É evidente que JPP não é economista, senão percebia que a existência de “regulação” é precisamente a negação da existência da mão invisível e que regular significa intervir e não propriamente auto-regular, como se viu agora nos EUA. A verdade é que os mercados financeiros revelaram-se manetas, a tal mão invisíel não actuou.

Resta a contradição entre a visão económica de Cavaco Silva que está em rotura com a posição de Manuela Ferreira Leite que em vez de estudar o assunto numa perspectiva económica preferiu os conselhos de filósofo avulso de Pacheco Pereira.

Francisco Clamote disse...

Pacheco Pereira pode ter muitas qualidades, mas, seguramente, entre elas não se conta a coerência.
Cumprimentos.