sábado, novembro 15, 2008

Tópicos para um ensaio sobre a cegueira




            “Como é que a cegueira do dogmatismo e da má-fé ideológica impede pessoas inteligentes — como continuo a pensar que é José Manuel Fernandes — de ver coisas tão óbvias e tão simples?”
              Vicente Jorge Silva, Sol de 27.09.2008


1. Sempre quis chamar José Manuel Fernandes (JMF) à razão. Mas, como tantos outros, não fui bem sucedido: a cegueira (e a cólera) estorva-lhe o raciocínio. Só assim se compreende que, na esteira de outros ilustres leitores, se tenha dado ao trabalho de andar pelas caixas de comentários para escrever isto (apesar do involuntário encómio):
    “Os adversários dão a cara, os inimigos escondem-se atrás de pseudónimos, porque são cobardes. Quando o sr. Miguel Abrantes se apresentar (ou os vários Miguéis Abrantes que por aí andam) será então tratado com o respeito de quem é frontal. Como não é o caso, renovo os agradecimentos sobre o essencial: ter-me dado a conhecer um artigo que reforça os meus pontos de vista.
    Sem que possa deixar cumprimentos, este que se subscreve
    José Manuel Fernandes”
Vamos ver se a gente se entende. Quando eu escrever algo que possa ser considerado uma injúria ou um outro ilícito qualquer, o Estado de direito fornece a JMF um mecanismo eficaz para ser ressarcido: o tribunal.

Não sendo obviamente esse o caso, JMF não pode — se se sentir com forças para vir à luta — simular a leste para atacar a oeste. A acusação de anonimato só pode querer dizer que não me conhece. Mas por que raio é isso relevante numa troca de ideias? Quer distribuir a minha foto pelos quiosques para que não me vendam o Público, forçando-me a ter de aguardar 24 horas para poder ler Vital Moreira, Rui Tavares e Pedro Magalhães?

2. Quando sugiro a leitura de artigos no CC, é porque encontro neles matéria de reflexão interessante. Não significa necessariamente que esteja de acordo com o seu conteúdo.

O artigo de Edward L. Glaeser, que tanto excitou JMF, a ponto de colocar o CC no centro do editorial de ontem do “jornal de referência”, incide sobre os EUA, uma realidade totalmente diferente da portuguesa, muito embora assente num pressuposto idêntico: sem avaliação dos professores, não é possível defender a escola pública.

Hugo Mendes explica o truque de ilusionismo de JMF: enquanto “teórico” instantâneo das ciências da educação, o director do Público exalta a cartilha neoconservadora; enquanto ponta de lança de um projecto político, JMF alia-se ao diabo para obstaculizar as reformas em curso, arrastando o Público para a defesa de posições que estão nos antípodas das que, enquanto “teórico” instantâneo, sustenta.

Boa fé é que não é.

PS — As manifestações dos alunos do ensino básico e secundário parecem contrariar as teses do “facilitismo”. Mas isso agora não interessa nada.

8 comentários :

Anónimo disse...

Debater o quê? com este pirómano da escrita tão reles e ordinario é o seu comportamento, que não merece nemhum relevo. é gente para esquecer.

Anónimo disse...

"A acusação de anonimato só pode querer dizer que não me conhece. Mas por que raio é isso relevante numa troca de ideias?"
a relevancia é que na falta de argumentos se ataca o argumentador contrário.
ha jogadores que vão ao homem e não à bola.
em ambos os casos, polémica e futebol, é manifesta falta de fair-play.
é jogo feio.

Anónimo disse...

só posso dizer que aqui vejo ideias próprias e de outros bem referenciadas, citadas

e que assim lhe agradeço o manancial de reflexões sobre os problemas que me interessam como cidadão

tal como há muito tempo, muito mesmo, também o fazia com JMF.

abraço

Anónimo disse...

"As manifestações dos alunos do ensino básico e secundário parecem contrariar as teses do “facilitismo”."

Quem está liderar as movimentações dos estudantes são os alunos que se sentem prejudicados (como é possível que se "castigue" de igual modo um alino que falta por que lhe apetece e outro que foi operado...?!?).

É claro que os do costume, que gostam é de palhaçadas e faltas, vão no grupo e levam os ovos - e, já agora, que se fala de protesto telecomandadados, por que será que isto começou num concelho de maioria absoluta socialista...?

Anónimo disse...

Liberation, Dezembro de 2007:

«C’est quelqu’un de très sanguin, il a un problème avec la presse. Il est difficile de le critiquer, il le vit mal», regrette le patron de Público, devenu son meilleur ennemi. Mais, à la différence de Nicolas Sarkozy, José Sócrates ne téléphone jamais aux journalistes…

Verdade? Nem ao director do Diário Económico?

Anónimo disse...

Se os autores do blogue são o vital, o rui tavares e o pedro magalhães porque não o assumem?
Só porque são cobrades e/ou porque lhes convém?

Anónimo disse...

o CC é um excelente blog. De leitura obrigatória. E já agora diariamente. O mesmo não acontece com o Público.

Anónimo disse...

O CC é a minha leitura diaria abrigatoria, assim como de muitos amigos meus, podemos não intervir mas lê-lo e aprecia-lo ai isso fazemos.
Continue ABRANTES, abrindo a mente de muito obscurantismo que por aqui há.

francisco