No regresso de férias da Dr.ª Manuela

1. A Dr.ª Manuela reapareceu cheia de speed: “O primeiro-ministro conhece as propostas do PSD”. Na dúvida, mais vale reavivar a memória de Sócrates:

“O país não tem dinheiro para nada.” [Manuela Ferreira Leite, TVI, 1 de Julho de 2008]

Poderá algum leitor mais reticente admitir que o PSD tenha, entretanto, arrepiado caminho. Tome-se atenção às palavras do vice-presidente António Borges perto do final do ano passado:

“Qualquer ideia de estímulo da despesa (como o aumento do investimento público…) seria desastrosa.” [Público, 27 de Novembro de 2008]

2. Para ser absolutamente rigoroso, importa destacar que Ferreira Leite acena com uma proposta: “Sempre defendi que quando as contas públicas estivessem em ordem” deveria haver uma redução de impostos e não um aumento da despesa.

A ser aceite a proposta da Dr.ª Manuela, isso significaria que:

• Tal como têm avisado os especialistas, designadamente das instituições internacionais, uma redução de impostos não contribuiria muito provavelmente para um aumento do consumo, questão básica para relançar a economia neste momento;
• Quando os sectores mais desfavorecidos já não pagam imposto sobre o rendimento, essa medida iria apenas beneficiar quem, em termos relativos, menos precisa de apoio, impedindo a canalização de recursos para todos os que são mais afectados pela crise.

3. O desafio da líder do PSD para um debate com Sócrates não é propriamente uma iniciativa original. Para além de saber que tão cedo não corre esse risco, a Dr.ª Manuela repescou apenas um desafio do Dr. Menezes momentos antes de regressar a Gaia. Estamos todos a torcer para que não se repita o triste desfecho da história.