domingo, abril 26, 2009

A desintegração de um meteorito




O Eixo Lisboa/Cascais adoptou-o como um estudioso do direito, mas erros de palmatória como este borram a reputação de qualquer um. Paulo Rangel, um jovem de 41 anos, gosta de proclamar, na senda dos cavaquistas, que está na política por empréstimo, muito embora, depois de uma amizade colorida com o Dr. Portas, tivesse namoriscado, e traído, os sucessivos líderes do PSD, antes de se ter atirado para os braços da Dr.ª Manuela.

Em entrevista à revista Única/Expresso (de 06.09.2008, pp. 58-69), Paulo Rangel, que ontem discursou em nome do PSD nas comemorações do Dia da Liberdade, confessa que o seu “«background» era mais de renovação do que de revolução”, ou seja, mais esperança no marcelismo do que na Revolução de Abril.

E é nessa entrevista que Rangel faz algumas revelações ainda mais interessantes para se compreender a personagem que vai representar a Dr.ª Manuela na Europa. Por exemplo, esta revelação: “quando passei da infantil para a primária estive 15 dias sem dormir com o peso da responsabilidade”. Ou esta outra: “Quando morreu o Sá Carneiro, eu tive um ataque de choro. Ainda hoje tenho uma fotografia dele comigo.”

Paulo Rangel dá uma especial importância à “comunicação”, “[o] falar, o argumentar, o estar em contacto.” Já em criança, apurava os seus dotes de tribuno, “discursa[ndo] no jardim em cima de um caixote” [Focus, 22.04.2009, pp. 18-20]. Nunca descurou, de resto, esta sua faceta: quando fez 40 primaveras, Rangel deu uma festa de arromba, tendo subido ao palco para representar uma peça “na tradição da comédia dos filmes portugueses”.

E se a sua atribulada escolha para cabeça de lista às europeias não foi propriamente uma peça “na tradição da comédia dos filmes portugueses”, a verdade é que Rangel já a aguardava: “Senti quase uma chamamento.” Ele explica-se: “quando a vida vem ter comigo, não rejeito as oportunidades que ela me dá.”

Pois bem, se a passagem pelo governo estarola de Santana Lopes parece convenientemente esquecida, o futuro dirá se Rio, com quem Rangel colaborou na campanha de 2001, lhe perdoará a mais recente deslealdade: “Eu sou leal à direcção!” [DN, 24.04.2009, p. 8], numa alusão ao facto de o presidente da Câmara do Porto se ter oposto às leis do faz-de-conta sobre o “enriquecimento indevido”. Ou muito me engano ou é melhor admirá-lo agora, porque isto não sobrevive ao crepúsculo da Dr.ª Manuela.

6 comentários :

Nuno Simões disse...

O Rangel parece de facto uma caricatura de político, quiçá do século XIX. Tenho um a vaga ideia de que o Eça escreveu sobre ele.

Miguel Gomes Coelho disse...

Lembram-se do gajo que tinha esqueletos no guarda-fatos ?

Anónimo disse...

Há figuras muito estranhas na política portuguesa.

horacio disse...

De facto teria sido melhor ele dedicar-se à comédia tradicional portuguesa. Dotes histriónicos não lhe faltam. E até tem certas parecenças com o Vasco Santana!

don francisco disse...

Um patarata de palmo e meio. É alias um dos grandes defeitos deste actual psd.

altitude disse...

Diabo! Ninguém vê qualidades nessa rubicunda criatura?