quinta-feira, abril 30, 2009

Leituras

• João Pinto e Castro, Trabalhar para as estatísticas:
    “Transformar a soma de batatas com cebolas numa operação razoável foi um feito notável dos economistas, cuja relevância depende, todavia, da aceitação da equivalência entre acumulação de bens materiais e felicidade. Como toda a obra humana, também este "felicitómetro" tem os seus defeitos: o produto nacional aumenta se eu contratar uma mulher-a-dias, mas reduz-se, contra toda a evidência, se eu me casar com ela. É assim porque a contabilidade valoriza as transacções monetárias e desdenha as que não envolvem dinheiro. Mais complicado ainda é computar a riqueza gerada quando, ao contrário do que há escassas décadas sucedia, uma grande maioria da população não produz hoje nem batatas nem pregos, mas serviços intangíveis. O engenho dos economistas logrou, porém, superar essas e outras dificuldades de natureza mais técnica. Pelo menos, é assim que pensam os crentes.”
• Pedro Adão e Silva, Uma Revolução tranquila:
    “De acordo com dados da OCDE, apenas 28,3% dos portugueses tinha um grau de escolaridade equivalente ao ensino secundário, o valor mais baixo dos países da organização. Estes números têm consequências reais: por um lado, contribuem para a reprodução geracional da desigualdade naquela que é a sociedade mais desigual da Europa; por outro, colocam em risco a capacidade adaptativa do nosso tecido económico. Aliás, ainda de acordo com estimativas da OCDE, o PIB português poderia ter crescido mais 1,2 pontos percentuais por ano, entre as décadas de 1970 a 1990, se os nossos níveis de escolaridade estivessem equiparados à média.”
• Pedro Marques Lopes, Não sabe? Pergunte:
    “Mas nem tudo parece ser mau. Na falta de ideias para apresentar aos portugueses, esta direcção do PSD lançou um cartaz com um número de telefone para as recolher.

    Não é que seja muito abonatório para os homens e mulheres do Instituto Sá Carneiro que, segundo o apregoado, iam gerar os mais variados planos que nos iriam tirar do pântano onde estamos atolados. Mas, infelizmente, parece que nem uma folhinha A4 que se visse conseguiu sair de tão sapientes criaturas.

    Pena é que o outdoor se confunda com uma qualquer campanha para venda de seguros ou crédito imediato, mas pelo menos mostra que há trabalho para finalmente produzir uma ideia original.

    É assim mesmo, nada como perguntar quando não se sabe o que dizer.”

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