- • João Pinto e Castro, Cenas dos próximos episódios:
- “No auge do entusiasmo com a sua própria pessoa, [o procurador-geral da República] proclamou o combate aos condes, duques e marquesas que pululavam na Procuradoria, e aí terá começado o seu calvário. Nesse dia, alguns terão pensado com os seus botões: “Deixa-o pousar…”
Os acontecimentos dos últimos meses terão mostrado a Pinto Monteiro quem de facto manda na casa que superiormente não dirige. Talvez ele continue a inquirir-se se o seu telefone estará sob escuta, mas não pode ignorar que o segredo de justiça é quotidianamente violado sob as suas barbas ao sabor das conveniências de alguns e na mais completa impunidade.
Com o caso Freeport, a Procuradoria tomou definitivamente o freio nos dentes. De Janeiro para cá, Pinto Monteiro é queimado em lume brando na praça pública. Todos podemos ver que a sua autonomia de juízo e acção compara-se à de uma punching-ball atirada continuamente de um lado para o outro por jornalistas e magistrados.
(…)
Encontramo-nos, pois, em plena intriga palaciana fomentada por um sindicato que parece arrogar-se o direito de comandar a investigação do país.
Na prática, estamos a assistir à tentativa de afastar alguém que parece não concordar inteiramente com a orientação que o Sindicato entende ser a mais adequada à condução de um caso de grande impacto público. Se a coisa pega, é de temer que os investigadores adiram a esta nova moda de se queixarem uns dos outros e conduzirem investigações uns sobre os outros – se é que não o fazem já.
Trata-se de uma evolução comum em instituições dominadas por uma lógica conspirativa e revanchista: concluída a eliminação dos inimigos externos, Estaline promoveu a condenação dos seus camaradas do Comité Central.”
• A. Moura Pinto, A defesa do automatismo nas carreiras públicas, como exemplo de demagogia
• Carlos Manuel Castro, Alguém pode confiar no Bloco?
• Carlos Santos, A receita do novo blogue do PSD: Mais capitalismo desregulado, Palin, Tortura e umas vagas ideias do Major Valentão
• Eduardo Pitta, BURACOS, NOTÍCIAS
• Francisco Clamote, "E não se atreva"...
• João Galamba, Eu suspeito, logo existo
• José Albergaria, O Bloco de Esquerda, entre a ironia e a comicidade
• José Simões, José, então és tu o leitor do filósofo?
• Miguel Cabrita, Um TPC e já está
• Paulo Pedroso,Nem por ser campanha eleitoral devia deixar de se levar a mal
• Tiago Tibúrcio, Gostava mesmo que me esclarecessem sobre isto
• Val, Crespologia - II
4 comentários :
Continuam óptimas, as viagens. Então esse texto do Pinto e Castro é de antologia.
E no "Público" ou "Povo livre", tanto faz (um é cada vez mais uma variante do outro, mas ambos com a agenda do PSD) diz-se com ironia que o presidente Cavaco foi irónico ao comentar as notícias sobre o caso das pressões sobre o caso "Freeport". São uns pândegos os jornalistas do "Povo Livre". Capazes da efectuar com brio a hermenêutica das falas de Cavaco. O homem é genial. Sempre claro, transparente e directo. E brincalhão. Com um sentido de humor e ironia de ir às lágrimas. É também um pândego. Aliás são todos eles. O pior será, muito possivelmente, no fim, quando se verificar que a montanha pariu um rato. Porque não conseguindo dar cabo do homem através do caso Freeport, propriamente dito, agora arranjaram um outro "fait-divers" para o ir queimando indirectamente, mas com o Freeport em pano de fundo. O que eles querem é manter as suspeitas. Mesmo que tudo, no final, como se depreende cada vez mais com as últimas notícias sobre o "outlet" de Alcochete, não dê em nada sobre o envolvimento do primeiro-ministro. Mas as contas fazem-se no fim. Sempre.
Quem escolheu Pinto Monteiro foi o Senhor Presidente do Conselho JSCPS.
JSCPS também tem direito a enganar-se. Outros houve que se enganaram muito mais.
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