sábado, junho 20, 2009

“Política a Sério” (sempre em defesa da modernidade)



Digam lá quem é amigo, quem é? Não ficariam mais pobres se não lessem as sábias palavras do ayatollah Al-Saraiva? A luminosa declaração do pequeno grande arquitecto sobre o Cós descaído merece ser lida, estudada e guardada. Eis umas passagens:
    Um destes dias sentou-se na esplanada à minha frente uma mulher relativamente nova, nem gorda nem magra, com bom aspecto – mas que, numa observação mais atenta, revelava uma gordura anormal à volta da cintura, como se usasse uma bóia debaixo da blusa.

    Essa gordura retirava-lhe todo o encanto. Percebi então que aquele inestético ‘pneu’ era provocado pelo cós demasiado descaído das calças – que lhe pressionava o ventre, evidenciando a gordura acumulada na zona da cintura.
    É evidente que aquela mulher, se tivesse umas calças ‘normais’, mais subidas, teria uma silhueta muito mais elegante.


    Uma empregada de um café onde às vezes tomo a bica ao fim da tarde agacha-se para apanhar um papel do chão – e fica com parte das nádegas (e o fio dental) a descoberto. A rapariga certamente não se apercebe da figura que faz, nem eu posso obviamente dizer-lho sem parecer atrevido. A culpa é das calças – que, demasiado justas e abotoadas muito abaixo da cintura, se tornam indiscretas em certas situações.

    Em crónica anterior falei de um facto absurdo do nosso tempo: venderem-se calças rotas impecavelmente novas. Ou seja, as empresas fabricam calças normais – e depois rompem-nas deliberadamente para terem um ar gasto, usado, vivido. Assim, as calças rotas são mais caras do que as outras – porque têm todo o trabalho que as outras têm, mais o trabalho de as romperem.

    Aproximadamente em simultâneo com as calças rotas surgiram no mercado as calças com o cós descaído, ou seja, que não se apertam na cintura, apoiadas nas ancas, mas a meio dos quadris, num lugar indefinido onde não há nada que as segure no sítio.
    Atrevo-me a dizer que esta invenção do cós descaído é ainda mais descabida do que a das calças rotas. Porque destas não resultava incómodo para o utilizador. Era estúpido usar calças rotas ‘de propósito’, mas o nonsense ficava por aí. Ora o cós descaído causa (suponho eu) a quem as usa uma incómoda sensação de andar com as calças a cair.

3 comentários :

Anónimo disse...

O Balsemão demorou a perceber o que era o Saraiva ......

a presença das formigas disse...

Se calhar é isso mesmo que se pretende, a "sensação de andar com as calças a cair".

Cleopatra disse...

É algo assim como,.. digamos que, prever a crise, ou ou seja: - Prever que vamos andar com as calças na mão.