quarta-feira, julho 01, 2009

Leituras

• Vital Moreira, A crise e as eleições:
    José Sócrates bem pode queixar-se do infortúnio político que foi o inesperado aparecimento e a enorme gravidade da crise financeira e económico global. Se se recuar ao final de 2007, quando a crise ainda era somente financeira e andava fora das nossas fronteiras, as perspectivas não poderiam ser melhores, em termos de realização das metas governamentais para a legislatura. O défice orçamental estava dominado e podia estar eliminado no final do mandato, o crescimento económica ia já perto dos 2%, o desemprego começava diminuir e a meta de criação de postos de trabalho estava perfeitamente ao alcance, sendo inclusive possível pensar em diminuição de impostos (o que ainda veio a ser feito quanto ao IVA, ao IRC e ao IMI). Tudo se conjugava para um final de mandato "em grande", com uma aposta forte na renovação da maioria governamental. Com a inesperada crise global, tudo teve de mudar, com a prioridade posta no combate à crise, no investimento público, no apoio às empresas, na atenuação dos impactos sociais. Forçadamente postos de lado os antigos objectivos, o sucesso eleitoral do Governo e do PS depende agora, em grande parte, do êxito das suas políticas contra a crise (a par dos resultados das suas reformas). Daí a importância dos sinais de que ela pode estar para passar. Se essa percepção se generalizar na opinião pública, as oposições, que apostaram tudo na crise, perdem o seu principal investimento eleitoral.

3 comentários :

Anónimo disse...

Mais do que na crise, as oposicoes apostaram no Freeport.

Papillon disse...

Um governo credível não precisa preocupar-se com as oposições,aliás ainda á poucos meses se dizia que o governo de Sócrates não tinha alternativa na oposição. O problema deste governo é que não percebe o Mundo real das pessoas reais. Pensou que governava intemporalmente mas tudo termina. Sem dar conta de si não se apercebeu que como que por milagre o seu tempo passou. Passou porque o Povo quando deixa de acreditar não á nada a fazer. É a lei da alternância no sistema partidádio português. Apontem-me se conseguirem um membro do governo que seja que tenha neste momento credibilidade perante o Povo real ? Metade deles é como se não existissem,a outra metade são simplesmente vulgares e medíocres. Uma verdadeira Gaiola das Loucas.

Fernando P disse...

Objectivamente penso que Sócrates continua a ser a referência da mudança e será por isso que irei votar no PS. O artigo do Vital é muito redutor. O Sócrates que combateu com coragem e eficácia as corporações, não conseguiu combater duas corporações: a dos seus governantes e a dos candidatos a governantes. Não foi buscar gente nova, criativa, eticamente capaz. Todas as suas parcas mudanças governamentais reflectem essa incapacidade. Um governo em que metade dos ministros sobrevive e outra metade vegeta terá sempre dificuldades. Ah se ousares, ousa..