- Caro Dr. Pacheco Pereira
Considero espantoso e interessante o incitamento ao desrespeito da Constituição e da lei que faz aos jornalistas e, indirectamente, aos membros da classe política, a propósito da Directiva da ERC sobre as campanhas eleitorais.
Num País onde muitos acusam os órgãos reguladores de não regularem e em que o espaço público mediático é estreito e “aristocrático” - no sentido em que a ele têm acesso apenas certas elites, algumas das quais opinando ao mesmo tempo em jornais, rádios e televisões - é no mínimo incoerente que seja o Dr. Pacheco Pereira, porventura o actor político com maior presença no espaço mediático (independentemente do seu mérito, que é muito), a não aceitar o princípio constitucional e legal que assiste a todos os candidatos a eleições de, em período eleitoral, disporem de igualdade de oportunidades no acesso aos media.
É uma estranha concepção da democracia e da liberdade a que revela no seu post, ao classificar como “um dos atentados maiores à liberdade de informação [e] à liberdade editorial” (!) o facto de o órgão regulador dos media adoptar uma Directiva sobre o cumprimento desse princípio de igualdade de oportunidades dos candidatos e das candidaturas em espaços de opinião (debates, entrevistas, comentários).
Mas o seu post incorre, além do mais, em omissões e equívocos. Por um lado, ignora que a liberdade editorial e os critérios jornalísticos não são absolutos e que em período eleitoral os critérios jornalísticos não podem sobrepor-se ao princípio da igualdade de oportunidades e da não discriminação entre candidatos. Por outro, esquece que esse princípio se aplica a todos os órgãos de comunicação social e não apenas ao operador de serviço público. Parece, ainda, confundir o direito que assiste aos media privados para, de forma transparente, manifestarem, se assim o entenderem, apoio a um partido ou candidato (que não é prática comum em Portugal embora exista noutros países europeus) com o dever, que sempre lhes incumbe, de conferirem a todos os candidatos e candidaturas um tratamento jornalístico não discriminatório, incluindo, portanto, a igualdade de acesso aos media.
O Dr. Pacheco Pereira defende um critério, no mínimo, redutor de classificação dos candidatos, dividindo-os entre candidatos de “primeira” e candidatos de “segunda”. Aos primeiros, confere (exige) acesso aos espaços “nobres” da opinião e do comentário; aos segundos, aceita que lhes sejam reservados alguns minutinhos nos telejornais (de menor audiência, adivinha-se, para não “roubarem tempo” aos candidatos de “primeira”, os que, em sua opinião, verdadeiramente contam). Tomando como exemplo a hipótese de o Dr. Pacheco Pereira ser candidato a uma autarquia, será que acharia que os concorrentes a essa mesma autarquia não teriam, se o desejassem, direito de usufruir de espaços de comentário equivalentes aos seus?
Mesmo correndo o risco de o ouvir dizer que “a liberdade editorial está posta em causa” (!) não posso concordar com os seus critérios de “graduação” de candidatos e candidaturas.
Diz também no seu post que o “alvo principal desta "directiva" é a Quadratura do Círculo (um dos seus espaços semanais de intervenção) mas, depois, confrontado com a sua própria contradição (afirma também que Directiva “favorece o poder actual”), duvida ”que seja pela presença de António Costa”. Afinal, em que ficamos? Bem sei que lhe é difícil aceitar (mesmo com os factos à vista) que a ERC não se move por critérios político-partidários. Mas há-de concordar que o seu argumento é um estereótipo politicamente correcto.
Também ao contrário do que afirma, nada impede que um “Obama” português possa ter um debate com um “McCain” português, “sem ter ao lado mais cinquenta pequenos candidatos”, porque, como diz o ponto 6 da Directiva, “no que se refere a debates e entrevistas, sempre que estes ocorram, deverá ser assegurada a presença, ainda que não necessariamente simultânea, de representantes de todas as candidaturas”. Faz toda a diferença, como vê.
No fundo, o Dr. Pacheco Pereira não acredita na capacidade de directores e editores alargarem os espaços de debate e comentário a outros actores (candidatos ou membros das candidaturas), para além dos que já têm entrada nesses espaços. É uma convicção elitista e conservadora que não encontra sustento na realidade, desde logo por não ter em conta a deslocação da Internet para os media tradicionais e para os partidos políticos de figuras até há pouco mal conhecidas ou mesmo desconhecidas. É que a Directiva da ERC não estreita o espaço público mediático. Ao contrário, alarga-o a outros (candidatos ou representantes de candidaturas).
Tenho, pois, de concluir que o Dr. Pacheco Pereira não leu a Directiva até ao fim e viu nela apenas mais uma oportunidade para bramar contra a ERC. Aliás, faça a ERC o que fizer sempre, na opinião do Dr. Pacheco Pereira, será para favorecer o Governo. É o seu direito à opinião. Admiradora que sou da sua inteligência leio o seu post como fruto de uma reacção impulsiva.
Cordialmente,
Lisboa, 2 de Agosto de 2009
Estrela Serrano
6 comentários :
Comentar as palermices de um BOBO da CORTE é perder tempo. Tudo que meta esse tipo barbudo a comentar, mudo logo de canal.
Estrela Serrano faz aqui o mesmo que algumas dedicadas empregadas de limpeza de casas de banho públicas. Dá conselhos, denuncia e recomenda boas práticas de utilização. Em vão. Aquilo continua a mesmíssima merda!
E o subsídio de renda dos juízes ??
Lá foram aumentados para 775 euros!!!!!!!!!!
acha normal que MFLtenha sido Administradora do Santander menos de 3 anos após ter deixado de ser ministra das finanças, como a lei impõe? e porque é qque ninguém acha issomal????
Mais piruetas aqui:
Mudança de Candidato do BE a São João – trocou um BE por um CDS/PP
Armando Costa é o candidato do BE de Vizela à freguesia de S. João das Caldas, substituindo Ana Bárbara Pedrosa, antes já apresentada como cabeça de lista.
O novo cabeça de lista do BE foi militante do CDS/PP, mas hoje, diz, identifica-se mais com o BE. “Tenho visto o partido a ter bons resultados a todos os níveis, tanto nacional como local”, explicou ao mesmo tempo que considera prematuro adiantar o seu programa eleitoral, mas promete “trabalho”. “Pretendemos trabalhar mais e melhor mas no terreno, em contacto directo com as populações. Não é dentro de um gabinete que se consegue evoluir ou fazer melhor”, adiantou ainda o bloquista.
“Reunimos e chegámos a um consenso. As razões são internas”, assim explicou José Manuel Faria, líder da concelhia bloquista, esta mudança. Reiterando: “Por razões internas do partido, chegámos a este acordo”.
http://blocovizela.blogs.sapo.pt/
-"Isaltino Morais considerado culpado de quatro crimes" (SAPO);
-"Tribunal absolve Isaltino Morais de crime de participação económica em negócio
03.08.2009 - 17h41 Paula Torres de Carvalho" (PÚBLICO);
-"Isaltino condenado por corrupção, abuso de poder, branqueamento de capitais e fraude fiscal"(SOL);
-"Isaltino Morais considerado culpado por corrupção passiva (em actualização)
Há 24 mins"(TSF)
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