terça-feira, agosto 18, 2009

Uma manchete elucidativa


Um elemento não identificado da Casa Civil da Presidência da República admite que esta possa estar sob escuta do Governo (!) , após as críticas de militantes socialistas à interferência de Belém na campanha eleitoral.

Esta manchete de hoje do Público é notável a vários títulos:


1. O membro da Casa Civil, ao admitir a hipótese de estar "sobre escuta" [sic - ignora-se quem é o analfabeto: se o encoberto de Belém se a descoberta jornalista do Público]" ou "sob vigilância" [aqui acertou no "sob", mas deve ter sido ao calhas], admite implicitamente que as supostas acusações dos socialistas são, afinal, certeiras, e não meras especulações, na medida em que resultam de "factos" alegadamente escutados.

2. A mesma fonte encoberta declara que os assessores de Belém têm todo o direito a "privar" com dirigentes do PSD. E tem toda a razão. Na verdade, os assessores de Belém até poderiam ser dirigentes do PSD (Susana Toscano, assessora em Belém, é candidata do PSD nas legislativas). Nada na lei os inibe. O problema não é esse. O problema é que - ao contrário do que defende a fonte encoberta - esse "privar" pode ter leitura política, nomeadamente quando o "privar" tem consequências concretas e bem públicas, como seja a consonância de discursos.

3. Mas o mais espantoso de toda esta história - e voltamos a não saber quem o determinou, se o encoberto, se a descoberta - é que toda ela se baseia num monumental equívoco. O que os militantes do PS têm criticado - e o Público reproduz hoje, está lá a prova - são três aspectos: a) a sucessão de notícias sem rosto vindas de Belém criticando o Governo e o PS (o último caso foi a "estupefação" da Casa Civil com o caso Lobo Antunes); b) as sucessivas e públicas (não é preciso vigilância ou escutas...) coincidências de discurso entre Belém e o PSD; c) o ostensivo silêncio de Cavaco perante a utilização do seu nome para manobras de baixa política (vidé manchete do Sol).

4. Em suma, toda a história do Público de hoje se baseia numa falsidade e, colocada nos termos em que está, torna-se, ela própria, em mais um bem demonstrativa peça da ofensiva pré-eleitoral de Belém. E, obviamente, só poderia ter saído no Público.

1 comentário :

Miguel Gomes Coelho disse...

Mas porque é que eu vim de férias ?
Estava tão bem na Alemanha, onde havendo eleições, também, em 27 de Setembro, não se ouvem 10% destas histórias.