sábado, outubro 10, 2009

Fazer política através do sindicato: o caso dos juízes [2]

Luís Máximo dos Santos, ex-vogal do Conselho Superior da Magistratura, escreve no DN um excelente artigo de opinião intitulado “Associação sindical dos juízes contra o CSM”. Não estando disponível na Net, aqui ficam alguns extractos:
    A posição da ASJP [Associação Sindical dos Juízes Portugueses] sobre a deliberação do CSM [Conselho Superior da Magistratura] que suspendeu a actualização da classificação de serviço do juiz Rui Teixeira até ser conhecida a decisão final do processo que condenou o Estado português ao pagamento de uma indemnização, por erro grosseiro imputados àquele magistrado, evidenciou o mar de equívocos em que o sindicalismo judiciário tem vivido. Tais equívocos não devem passar em claro, pois prejudicam a saúde do nosso Estado de Direito e, paradoxalmente, os próprios magistrados que se diz pretender defender.

    (…)

    A discussão do modelo de avaliação dos juízes, incluindo a questão nuclear da selecção dos inspectores, é necessária e deve ter o contributo da ASJP. Já a atribuição concreta de uma classificação de serviço não é nem pode ser uma questão sindical. O mais elementar bom senso — essa qualidade tão importante nos juízes — impunha que esta matéria ficasse na sua sede própria: o CSM e os tribunais. Em plena campanha eleitoral, a ASJP não hesitou em colocar no terreno político uma questão que lhe é estranha, sintomaticamente logo aproveitada pelo principal partido da oposição, numa objectiva aliança político-partidária. Preocupada com os próximos actos no interior da magistratura, a ASJP sacrificou princípios fundamentais à luta pelo poder no seio da classe, imitando afinal os piores tiques dos tão criticados “políticos”.

    (…)

    É estranho que a ASJP não tenha ponderado, sequer, a eventualidade de se justificar alguma prudência em subir para a notação máxima a classificação de serviço de um juiz que o sistema judicial — através de tribunais livres e independentes — considerou ter cometido erros grosseiros no exercício da profissão, ignorando a necessidade de a avaliação dos magistrados cumprir critérios de justiça relativa. Finalmente, não receia a ASJP que a sua tomada de posição seja interpretada como uma objectiva forma de pressão sobre os magistrados que irão ainda intervir neste processo?

2 comentários :

Anónimo disse...

As avaliações dos senhores juizes deveriam ser públicas em todos os seus critérios.

Sobre os politicos há relatórios dos Tribunais de Contas, do Provedor de Justiça, de outros Tribunais e Ministério Público.

Há ainda avaliações periódicas do seu desempeho público feito pelos cidadãos em eleições livres e democráticas.

Ao abrigo de uma função judicial de soberania cometem-se autênticos crimes - basta olhar para os tribunais de familia e menores - e estes senhores não são responsáveis por nada.

Anónimo disse...

Não será mais avisado passar a conferir ao Governo a incumbência de nomear e avaliar os juízes?