domingo, novembro 15, 2009
Os inimigos do Estado de direito
1. Reza uma norma aprovada pela Assembleia da República (AR) e consensualizada no Pacto sobre a Justiça que cabe ao presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) autorizar a intercepção, a gravação e a transcrição de conversações telefónicas em que intervenham o presidente da República, o presidente da AR e o primeiro-ministro, bem como a respectiva destruição.
Norma mais clara não há. Todas as competências são do presidente do STJ e basta que nas conversações intervenha um dos três titulares de órgãos de soberania referidos, mesmo que não seja suspeito ou arguido.
2. A primeira fábula contada por todos aqueles que defendem uma visão populista e justicialista é que esta norma blinda o acesso às conversações daquelas altas figuras do Estado, criando uma imunidade. Nada mais falso. Todas as conversas telefónicas estão sujeitas pela Constituição da República a autorização do juiz (artigo 34.º, n.º 4, e artigo 32.º, n.º 4). A única especificidade, neste caso, é que não é um juiz qualquer a intervir.
O mesmo se passa em sede de instrução e julgamento desses titulares de órgãos de soberania e dos próprios magistrados, que compete aos tribunais superiores — artigos 11.º e 12.º do Código de Processo Penal (CPP).
A absurda teoria da blindagem só teria sentido se o presidente do STJ fosse um delinquente que não oferecesse quaisquer garantias. Mas não é esse o caso. O presidente do STJ, que é por inerência presidente do Conselho Superior da Magistratura, é eleito pelos seus pares e faz parte obrigatoriamente do STJ, órgão de topo dos tribunais judiciais. É o primeiro entre os seus pares e é mesmo por isso que lhe é atribuída a já referida competência.
3. Os populistas e justicialistas gostam também de utilizar um outro argumento, aparentemente irrepreensível. Se o operário, o empregado de escritório ou a assistente administrativa podem ser escutados por autorização de um juiz qualquer, por que razão só podem ser escutados por autorização do presidente do STJ o presidente da República, o presidente da AR e o primeiro-ministro? Haveria aqui uma desigualdade inaceitável num regime democrático…
É óbvio que este argumento não procede. A atribuição da competência ao presidente do STJ visa, neste caso, preservar conversas dos mais altos responsáveis do país, que podem versar matérias sujeitas a segredo do Estado, de elevado melindre diplomático ou até reservadas na perspectiva do bom funcionamento e da boa cooperação entre órgãos de soberania.
4. Mas compreendida a razão de ser da norma aprovada pelo Parlamento, um último argumento tem sido esgrimido. Pela sua própria natureza, as conversações em que intervenham de forma inopinada o presidente da República, o presidente da AR e o primeiro-ministro não podem ser objecto de autorização prévia.
Se um arguido fala, por acaso, com um desses titulares de cargos públicos, é impossível a quem dirige a investigação adivinhá-lo e pedir autorização prévia ao presidente do STJ. Este argumento é verdadeiro, mas está a ser usado com manifesta má-fé no caso que hoje se nos oferece através dos media.
O argumento valeria apenas para explicar que as primeiras escutas em que interviesse o primeiro-ministro não podiam ser objecto de autorização prévia. O artigo 11.º do CPP fala em autorização para interceptar, gravar e transcrever. Por isso, as primeiras gravações deveriam ter sido imediatamente entregues ao presidente do STJ, a fim de ele se pronunciar sobre se elas deveriam ser conservadas, transcritas ou destruídas. Depois das primeiras intercepções, caberia, sem dúvida, ao presidente do STJ pronunciar-se sobre a continuidade das escutas.
Esta é conclusão que se impõe, dando por certo que as intercepções se prolongaram por muitos meses, cobriram variadíssimas conversações do primeiro-ministro e só depois foram remetidas ao procurador-geral da República e, através deste, ao presidente do STJ.
5. Para quem aprecia teorias conspirativas, a história pode ter sido desenrolada assim: quando “alguém” verificou que estavam a ser interceptadas conversas do primeiro-ministro com regularidade, achou que deveria manter-se “caladinho” para ver se aparecia alguma “matéria mais apetitosa”.
E para quem goste de teorias ainda mais conspirativas, pode ter havido quem tenha percebido que um dos arguidos tinha um relacionamento privilegiado com o primeiro-ministro e esse critério tenha sido determinante para a escolha do alvo das escutas.
6. Mas mesmo sem necessidade de teorias conspirativas, há uma conclusão irrecusável: foi violado o artigo 11.º do CPP. E para tornar essa violação plenamente eficaz, foi violado, reiterada e ostensivamente, o segredo de justiça.
Através da violação do segredo de justiça, está-se a atacar, mais uma vez, o primeiro-ministro e secretário-geral do PS, em relação ao qual basta lembrar que não é arguido em processo algum nem está indiciado de envolvimento no processo Face Oculta.
É contra tudo isto que todos os democratas e cidadãos amantes do Estado de direito se devem insurgir. Ninguém está acima da lei e não podemos começar a achar normal que a lei seja violada em matérias tão sensíveis como as escutas e o segredo de justiça, com a agravante de as violações provirem de alguns dos que têm especiais responsabilidades em fazer cumprir a lei.
No fundo, o que distingue o Estado de direito de um bando de salteadores é precisamente o primado da lei — seja a lei que pune a corrupção, seja a lei que regula o processo penal.
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55 comentários :
TEXTO IRREPREENSÍEL.
Assino por baixo!
Subscrevo. Cumpimentos.
Mas compete agora à Justiça punir exemplarmente os autores de todo este terrorismo de Estado.
Teria, porventura, sido mais adequado abrir logo processo de inquérito contra o nosso distinto e eticamente irreprensível PM.
Desta vez, até concordo, em parte, consigo.
"Por isso, as primeiras gravações deveriam ter sido imediatamente entregues ao presidente do STJ, a fim de ele se pronunciar sobre se elas deveriam ser conservadas, transcritas ou destruídas. Depois das primeiras intercepções, caberia, sem dúvida, ao presidente do STJ pronunciar-se sobre a continuidade das escutas."
Carlos Rodrigues Lima
tudo isto não lava o óbvio: o primeiro ministro é useiro e vezeiro em trapaças---belo carácter, não?
De facto, assim é. Só falta dizer que, aparentemente, há mais de dois meses que o Presidente do STJ tomou uma decisão que ainda não foi cumprida. Ainda estão a fazer a montagem final das gravações a distribuir, após a inevitável destruição legal? São elas as tais "fontes negras" que vão ocupar os jornais nos próximos tempos? Este mau tempo na Justiça pode degenerar em tempestade.
Muito bem...
O Público, a sua direcção, é que não gostou nada. E vale a pena ver capa, a pag 6 e o editorial da edição de 15-11 onde é patente que o fantasma do JMF paira naquela casa.
http://azereiro.blogspot.com/2009/11/direccao-do-publico-nao-le-o-jornal-que.html
O Sr Teófilo, o Sr Marques Vidal, o Sr Pinto Monteiro, nenhum deles sabia que era assim? Se é assim com o primeiro-ministro, o que não será com o comum dos cidadãos?
O PGR se não começar a tremer das pernas tem que abrir um processo de inquérito aos responsáveis pela violação do art. 11º.
Pois.
Depois de ouvir o inefável prof. Martelo do alta sua desonestidade intelectual, misturando alhos com bugalhos para confundir a audiência, sem fazer qualquer referência legal para concluir, sem mais, que, afinal, a divulgação das escutas ocorreu na PGR ou no STJ em Lisboa. Fiquei sem dúvidas sobre qual a origem do processo. Escuridão, M. V. Pai e filho acolitado pelo SMMP e ASJP, etc etc etc. Os mesmos que, lembram-s, foram apanhados dizer a um joirnalista que o Ferro Rodrigues ra pedófilo. É o vale tudo!!! ESta genta sem poder vende a alma ao diabo !!! Gente séria é o que é!!!! Ó Socras faz como em Angola, dá-lhes alguma coisa para mastigar.... Como se acabou o BPN, o BCP e o BPP (No qual o Chico Balsemão é accionista de referência ficaram sem mama||| Vais ver que, se socorreres o BPP ficas com a SIC a apoiar.. Conincidências certamente... Se lhes entregares a REN ou as águas, ficam sossegados. Até o escuridão que vai presidente da AG.
Se isto não é espionagem política, o que é preciso fazer para poder ser espionagem política ????
O que mais me admira é haver quem ache que é preciso uma escuta, ainda por cima ilegal, para demonstrar que o pm mentiu no parlamento acerca do negócio PT/TVI.
SE fosse uma escuta e uma fuga ao segredo de justiça que trouxesse alguma novidade, ainda entenderia a polémica, agora vir dizer-nos que o pm tem amigos e companhias muito pouco reconmendáveis e que falta á verdade sempre que lhe convém... será que alguém ainda não sabia...?
Ao anónimo da 01h43.
O 1º M terá ou não um belo carácter, será ou não useiro e vezeiro em trapaças. Isso avalia-se nas eleições, não nos tribunais. Nestes, avalia-se o cumprimento da lei. Qual será o carácter de quem fez as escutas ilegais e bufa todos os dias os pormenores que lhe convém aos seus amigos da informação?
Belo texto, subscrevo!!!
http://fait-divers.blogs.sapo.pt/
Só é pena que este rigor democrático só se aplique às vezes e quando estão em causa certas pessoas.
Em Setembro os críticos de Cavaco, em que pontificava ainda que cinicamente o Partido Socialista, louvaram a divulgação de correspondência privada pelo DN com base na relevância social do caso. Mas em relação a Sócrates, cujo caso tem relevância social ainda maior, decide-se ocultar e destruir as provas.
A Cavaco toda a gente exigia que desse esclarecimentos sobre uma conversa em que não estivera presente e em relação à qual se conhecia apenas a versão de um dos intervenientes. A Sócrates, em contrapartida, permite-se que escude o silêncio relativamente às escutas em argumentos formais.
Cavaco foi crucificado em público na sequência da sua inábil intervenção televisiva sem preocupações relativamente à dignidade do cargo. Mas Sócrates aparece na televisão a fazer exigências ao Presidente do STJ e ao PGR, falando em tom de ameaça aos procuradores e juízes que tiveram a ousadia de o escutar.
Enquanto Cavaco era ridicularizado por recear ser escutado, durante a campanha eleitoral em Setembro, o PGR já tinha na sua secretária as escutas que envolviam Sócrates e também o despacho do STJ a mandar destruí-las. E nada disse.
A Face Oculta veio mostrar, de forma irónica, que afinal os receios do Presidente estavam longe de ser absurdos. A ocultação da existência das certidões e dos despachos à opinião pública constituiu sem dúvida uma interferência grave no processo eleitoral e condicionou sem dúvida os seus resultados.
Mostrou também quem é que realmente tem influência na comunicação e na justiça.
Penim Redondo,
Acho que o seu comentário não tem pés nem cabeça. Que tem a ver andarem meses a fio a escutarem ilegalmente Sócrates com a divulgação de um e-mail do Público? Provas contra Sócrates: contaram só a si, não?
Ainda para o Penim
Se quer fazer comparações, faltou-lhe fazer a única que está demonstrada: Cavaco mandou o Lima insinuar que estava a ser escutado, quando, afinal, quem estava a ser escutado era Sócrates.
Mas afinal sabe-se o quê?
Sócrates andou meses a ser escutado?
Talvez, mas qual era o telefone sob escuta, o dele ou o do Vara?
Parece que era o do Vara... É o que dizem todos.
Assim, não se pode vir dizer que o PM andou meses a ser escutado ilegalmente.
O Vara é que andou a ser escutado durante meses, e é arguido dum processo.
Depois, parece que terão feito uma compilação das conversas havidas entre o Vara e o PM ao longo do tempo em que o primeiro andou a ser escutado.
A Justiça está mal, muito mal, muuuito mal. Mas durante - parece -bastante tempo o Vara andou a ser escutado e pelos vistos não sabia, nem ele nem o PM.
Não funciona tudo mal, então. As escutas funcionam bem. Bem demais.
E quando é que as coisas se começam a saber? Nos dias em que começam as buscas, ou seja, no dia a partir do qual já não era possível esconder, pelo menos dos próprios visados, que andavam de olho neles.
Muita pressa em processos disciplinares aos investigadores, muita conversa a meter medo(?)/pressionar os investigadores que ainda estão a investigar Vara e companhia.
Já os querem corridos a processo disciplinar. E o sr. das finanças que foi constituído arguido, ninguém se preocupa com um processo disciplinar a ele?
E onde será que fizeram mal os investigadores? Em continuar a escutar Vara? Em não desligar a escuta assim que se apercebiam que era o PM? Talvez tenham andado mal, mas não andaram tão mal assim que não tenham submetido as escutas gravadas ao PGR e ao PSTJ. Podiam não ter dado conhecimento delas a estes, tê-las mantido lá guardadinhas e apresentá-las como prova só com a dedução da acusação.
Independentemente de ser ou não defensável a putativa tese jurídica que terão defendido quanto à validade das escutas, pode dizer-se que agiram de má fé?
E que espionagem política? Com que objectivo? Prove-se, sem ser com teses.
Que uso político foi dado às escutas? Que objectivo foi prosseguido? Por quem? Por quem se "chibou"? E foi quem, na longa cadeia de pessoas por quem tudo isto passa, passando pela PGR e pelo STJ?
É que quem lê alguns comentários fica com a ideia simplista de que dois gajos decidiram pôr uma escuta a um telefone do PM,para espionagem política, durante meses a fio.
Se era para espiar o PM, para questões políticas, então para que é que iam pedir autorização à PGR e ao STJ?
Se era para espiar, já tinham atingido o seu objectivo e calavam-se bem caladinhos, não era?
Há aqui fregueses que mesmo trocado por miúdos não querem ver as coisas. não há pior cego do que aquele que .....
Ao anónimo das 02:26:00PM
.."Podiam não ter dado conhecimento delas a estes, tê-las mantido lá guardadinhas e apresentá-las como prova só com a dedução da acusação."
Acha isto de um Estado de Direito ?
Estou de acordo com o post.
Mas em total desacordo com as comparações com a cena das escutas a Belém.
Se se lembrarem bem, José Pacheco Pereira dizia nessa altura, a propósito da escolha de Cavaco para a sua declaração ao país, que provavelmente devia ter sido antes, porque assim ficariamos a saber depois das eleições coisas que deveriámos saber antes.
PP já sabia, concluo eu. Já sabia que andavam a catar as escutas preferenciais em Vara para ver se apanhavam o PM. Já sabia que alguma coisa haveria de modo a poder cirar-se uma operação de comunicação como ele tão bem sabe fazer - e que lhe vem dos tempos da agit-prop.
Ou seja, cá para mim a fuga ao segredo de justiça não funciona só para os media, mas também para o mago dos media, Pacheco Pereira, o fidalgo descendente de outros Pachecos Pereiras este porém distinguiram-se não apenas por serem hábeis na palavra e no mau-feitio.
Pacheco Pereira tem Sócrates como inimigo especificamente isolado, como caso pessoal, como problema patológico. Entretém-se a julgar o carácter e a lançar veneno disfarçando-se de homem sincero e de político (!).
Verifiquem, pois eu sou um civil não especializado em política. Cotejem as intervenções de PP no blog, na campanha, nas TV's, nos jornais (onde é que ele não estará mais, meu Deus??!!), com os acontecimentos recentes e com um post recente em que ele se disfarça de sincero para justificar a sua posição de mau de desconfiador em relação a Sócrates.
Esse homem devia ser ele mesmo internado no Ephemera.
Ao anónimo de NOV16, 03.10.00 PM:
Em que departamento trabalha?
Está com medo de quê, de processo disciplinar, está à Rasca?
Tem sempre o seu sindicatizinho, para o defender, homem.
Use aquele perfume do kalvin clein
BE A MAN.
Chama-se a isto analfabetismo funcional.
Ou mau aconselhamento.
Ora vá lá ler outra vez o CPP, mas não se esqueça, desta vez, de cotejar com os arts. 187.º e ss. Informaram-no mal. Obviamente que o art. 11 só se aplica quando os respectivos titulares dos cargos nos mesmos referidos sejam arguidos, suspeitos ou intermediários. De outra forma, estaríamos perante uma inexplicável desigualdade perante a lei e a constituição. O art. 11 do CPP é aplicável nos termos dos arts. 187.º a 190.º do CPP. O resto é conversa.
Miguel:
Afinal sempre tinha razão. O curso não te serviu de nada. Nem sequer com ajuda lá vais.
Se quiseres discutir o tema a sério diz, pq, pelo menos de direito, só escreves asneiras.
Pensa só nisto: o que acontecia se um escuta revelasse o Vara a confessar ao PM que tinha matado alguém e se essa escuta, que visava apenas o Vara, não tivesse sido autorizada pelo Presidente do STJ? Nada?
Caro José Silvério,
O que é que o leva a ser tão peremptório? Se não é como escrevo, é como?
Ó Miguel, é preciso paciência...
Apesar dos comentários idiotas de alguns sujeitinhos antes do meu, devo dizer o seguinte: esta é uma das melhores análizes deste problema que li até agora.Quizera ter mais conhecimentos para es miuçar mais este problema.Mas esta análize é suficiente,para esclarecer o problema.Em relação aos conspiradores de pacotilha, que querem à força incriminar o Engº Sócrates vão levar o caminho de todos os bandalhos e mentirosos desta terra, mais cedo ou mais tarde vão ser denunciados em público e devidamente punidos
O José Silvério acha que a lei impõe ao Noronha do Nascimento que impeça todas as escutas ao Sócrates ? Olhe que não, olhe que não.
Dizia-me um amigo que sabia destas coisas: quando a investigação é realizada por xicos espertos, sejam polícias ou magistrados, estamos tramados.
O José Silvério, não usa o verdadeiro nome... agora que está desempregado tem mais tempo para cá vir.
Vai dar «banho ao cão».
Excelente o seu texto, Miguel.
Agora, todos parecem estar esquecidos de um "pormenorzinho" importante: Armando Vara só hoje será ouvido em tribunal, mas o que disse em telefonemas (partes, ao que se lê) já foi publicado e anda meio mundo armado em juiz a condená-lo. Como ele, muitos outros. Não se trata só de José Sócrates, mas de qualquer cidadão, que corre o risco de ser atirado para um pseudo-julgamento sumário no largo do pelourinho, sem se lhe dar a oportunidade de se defender primeiro. No caso do primeiro-ministro, eleito pelo povo, mais grave ainda.
É muito triste que haja quem ainda justifique todos os meios, mesmo os pidescos, para atingir os fins. Mas haverá quem se levante contra qualquer conspiração contra o Estado de Direito.
A exemplo do que diz o Anónimo das 3.27, também já me ocorreu fazer um cotejo das datas, desde a invenção da "asfixia democrática" (foi na cerimónia do 25 de Abril, lembram-se?) e o que se seguiu, com as datas das escutas. São muitas coincidências. Junte-se a isso aquele afã de Marcelo R. S. de sublinhar, mais de uma vez, que as escutas não partiram de Aveiro. E junte-se o facto de as violações do segredo de justiça pingarem outra vez nos jornais do costume.
São coincidências a mais.
Caro Miguel Abrantes,
Concordo com tudo, mas duvido num ponto e provavelmente a lei devia ser alterada por isso.
No tal caso do PM ser escutado fortuitamente e essa escuta revelar suspeitas da prática de crimes pelo PM, diz o Miguel Abrantes, que isso iria permitir o pedido de autorização ao presidente do STJ para escutar o PM.
No entanto, esse pedido teria que ser fundamentado no teor dessa escuta, mas se esta é inválida por falta de autorização não pode servir de fundamento ao pedido de autorização para escutar o PM.
Temos aqui uma "pescadinha de rabo na boca" ou não?
Não, Anónimo 05:39. Foi exactamente isso que eu tentei fazer ver, é que o Presidente do STJ não pode, por força da lei, impedir todas as escutas ao PM. A questão depois que se coloca é da validade das mesmas em relação a um crime eventualmente praticado por aquele (PM). Ou seja, a escuta em que intervém o PM, mesmo que não autorizada pelo STJ, por não ser o PM o alvo, pode e deve ser valorada como meio de prova, mesmo ao nível dos conhecimentos furtuitos, pelo menos quanto àquele que é o alvo (por ex., no caso o Eng. Vara). A ser de outra maneira todos aqueles que, por ex. confessassem um crime em conversa com o PM não poderiam ser responsabilizados.
Mas mais haveria para dizer....
Se se admitir o princípio de que as escutas só são válidas se préviamente autorizadas então quase todas são nulas.
A escuta de qualquer cidadão tem que ser autorizada por um juiz mesmo que de primeira instância.
Uma afirmação no ponto 4 do artigo do Miguel Abrantes levanta-me muitas dúvidas:
Depois das primeiras intercepções, caberia, sem dúvida, ao presidente do STJ pronunciar-se sobre a continuidade das escutas.
Quem estava a ser escutado era Armando Vara, não José Sócrates. Assim, o Presidente do STJ só tinha que se pronunciar sobre as gravações das conversas de Armando Vara com José Sócrates, não sobre a continuidade das escutas a Armando Vara.
Terminar as escutas a Armando Vara porque este falava regularmente com José Sócrates (segundo este, conversas pessoais e não de Estado) seria estender a protecção que o Primeiro-Ministro merece aos seus amigos, o que não faz qualquer sentido.
O primeiro parágrafo do ponto 5 (alguém ter omitido que José Sócrates intervinha em algumas das conversas para ver o que apanhava) é perfeitamente plausível. Considerando o historial e personalidades dos envolvidos, a probabilidade de aparecer "matéria mais apetitosa" era muito grande e alguém terá certamente pensado nisso.
O segundo parágrafo do mesmo ponto (a amizade de Armando Vara com José Sócrates ter sido um factor na decisão de o escutar) também não é totalmente descabido mas os resultados demonstram que a decisão foi acertada. Assim, as motivações mais ou menos subectivas que levaram a que Armando Vara fosse escutado são irrelevantes.
O ponto 6 do artigo do Miguel Abrantes é que demonstra bem ao ridículo a que pode ir a defesa acrítica (acéfala?) de quem manifestamente não tem defesa.
José Sócrates não é um impoluto alvo de uma qualquer campanha de mentiras mas um mentiroso sem carácter a ser apanhado pelo seu próprio passado. É o facto de ele se ir safando com as suas óbvias mentiras e manipulações que mais choca aqueles que acreditam que "o que distingue o Estado de direito de um bando de salteadores" inclui mas não se limita ao "primado da Lei" (com maiúscula) e leva a um maior empenho em demonstrar o podre que aquela criatura é.
Já agora, considerando as personagens envolvidas neste caso, a expressão "bando de malfeitores" aplica-se perfeitamente.
Realmente o desemprego de alguns jornalistas faz-lhes agora vir aqui com mais tempo.
Pena é que não contribuam com nada de novo, a não ser a continuação da perseguição aqueles que tentam discutir os problemas «reais» do País.
Já pensou em fazer a barbar Sr. Jornalista desempregado?
Dava-lhe um ar mais fresco.
Já percebi que vai estar por aqui uns tempos, vc, e os seus amigos.
Mas olhe também vou cá estar !
O Amado Lopes leva isto a peito... Bolas! E nem perde tempo a ler o que os outros escrevem.
É a 1ª vez que aqui venho e sinceramente nunca vi tantos tolos juntos
De uma coisa podemos estar certos: depois de tudo isto, nas futuras escutas ocasionais presidente da república, o ministério público já não fará asneira.
Miguel Abrantes:
Não é assim não. É como diz o Costa Andrade e o Paulo Pinto de Albuquerque. E eu sei que até você sabe isso.
Passem à guerrilha urbana porque senão o Pinto de Sousa não cai. É isso que querem não é ?
E para terminar, continuo a dizer: A PIDE anda por aí e eles do Mp sabem bem que assim é.
Ouvi ontem o Costa Andrade a falar do assunto: deprimente. Confuso e parecendo que desconhecia o teor integral do artigo 11º.
Anónimo das 21h45,
Um Primeiro-Ministro que mente ao Parlamento é para levar a sério.
Um Primeiro-Ministro sem carácter e cujo percurso de vida é feito de esquemas obscuros, mentiras e violações da Lei e da ética é para levar a sério.
Haver quem pretenda reduzir a avaliação do comportamento do Primeiro-Ministro a leituras... peculiares de certas Leis é para levar a sério.
É lamentável que haja quem, por razões sobre as quais prefiro não especular, pretenda o contrário.
Já agora, o que foi que não li e devia ter lido antes de escrever o meu primeiro comentário?
Mente? O que mentiu?
MSG AOS APEDREJADORES..
Deixem-se de patetices, o povo já anda enjoado do constante botabaixismo e mau perder da Oposição.
A Justiça não procedeu correctamente com as escutas a Sócrates, tal como Cavaco também não procedeu correctamente ao encomendar notícias ao Público a dizer que o Governo o estava a espiar.
Afinal o espiolhado foi Sócrates e não Cavaco. O Povo percebeu isso e castigou o Psd nas eleições com a pior derrota do partido no lugar de oposição.
Com esta estoria, em que Sócrates mais uma vez está a ser ‘perseguido’ com os maus actos da Justiça e de alguma comunicação social, com espionagem política meses a fio, com as peças do puzzle a juntarem-se de novo, associadas à inventona de Belém, se não mudais o disco arriscais-vos a irmos outra vez a eleições e Sócrates vence com Maioria Absoluta.
Talvez seja mesmo o melhor, porque parece ao Povo que esta oposição não mostra ser muito responsável para os tempos que correm. Mas vamos ver..
Resumindo o homem não tem ponta por onde se lhe pegue, não é ? Seus anormais.
Mas depois vai a votos e ganha continuandamente, seremos todos estúpidos e vocês são uma minoria inteligente????
Pode até nem se gostar da Pessoa de José Sócrates... eu pessoalmente gosto.
Mas aqui o que me interessa à face da terra, é José Sócrates enquanto PRIMEIRO-MINISTRO, mas ao que parece nesse aspecto ainda há pouco tempo foi ás urnas, e para tristeza vossa voltou a ganhar. E se quisserem ele vai lá já no próximo fim de semana e trás a maioria absoluta.
Mas que cambada de pseudo homens de direito, torto.
"Mas depois vai a votos e ganha continuandamente, seremos todos estúpidos e vocês são uma minoria inteligente????"
Pensavam que esta frase é acerca do Alberto João Jardim??
Não, é mesmo acerca do José Socrates!!
Anónimo (Seg Nov 16, 11:13:00 PM),
José Sócrates mente de várias formas diferentes:
- mentiras factuais (p.e. a transferência do ISEL para a Independente);
- construíndo as frases para transmitir uma ideia que sabe ser falsa mas de forma a poder dizer que "tecnicamente" não mentiu (p.e. relatório que não era da OCDE);
- reinterpretando as suas próprias palavras (p.e. 150.000 mil novos postos de trabalho);
- fazendo distinções entre coisas que não são distintas (p.e. entre o que sabe e discute durante meses com amigos - e colegas do Governo? - e "conhecimento oficial");
- respondendo com alhos quando o confrontam com bugalhos (p.e. aumento líquido de emprego vs aumento da taxa de desemprego), transformando em mérito seu o que apontou como demérito a outros;
- ...
O que diferencia José Sócrates dos outros políticos é a frequência e a desfaçatez com que mente. A segurança com que debita mentiras perfeitamente óbvias leva a que muitos que querem acreditar nele não ponham em causa (e até defendam, frequentemente escudados no anonimato - devem ter uma réstia de vergonha) o que é simplesmente ridículo para qualquer pessoa que tenha mais do que dois neurónios a funcionar, leia outros jornais que não "A Bola" e veja televisão para mais do que telenovelas, futebol e o "Dança Comigo".
O Anónimo (que raio de nome que os seus pais lhe puseram) pode achar que ele não é pior que os outros ou não dar qualquer importância a ser mentiroso. Mas não diga que José Sócrates não é mentiroso a menos que queira que o tomem por parvo.
.
.
Pedro L (Ter Nov 17, 05:50:00 AM)
Em 5 anos e meio, ganhou duas eleições:
. as legislativas de 2005 (e essa vitória foi mais mérito de Jorge Sampaio do que de José Sócrates);
. as legislativas de 2009, em que passou de 2.588.312 votos (45,03% dos votos expressos) e 121 deputados para 2.077.695 votos (36,55% dos votos expressos) e 97 deputados.
É a isto que chama "ganhar continuamente"?
José Sócrates tem uma série de qualidades que são necessárias a um Primeiro-Ministro. É trabalhador, eloquente, decidido e carismático. O carácter (ou melhor, a falta dele) é que estraga tudo.
Oh Amado Lopes tens raiva? E mordes?
Convido-vos a lerem "CLUBE BILDERBERG" de Daniel Estulin. Ficaremos todos mais esclarecidos como esta "merda" funciona..como lixaram Ferro Rodrigues e como pelo que parece querem fazer o mesmo a JSocrates.
Oh, anónimo.
Não tens argumentos? Nem pensas?
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