- ‘A competência do presidente do Supremo abrange os casos em que as referidas entidades são só parceiros de conversa. Não há nenhuma razão para outra solução. A única particularidade resulta da impossibilidade de autorização prévia do presidente do Supremo quanto a escutas fortuitas. Mas persiste a sua competência para determinar a transcrição ou a destruição dos elementos que lhe devem remeter, à luz de uma norma especial que prevalece sobre as restantes.
Em teoria, subsiste o problema de saber se, durante uma escuta ilegal, surgirem indícios da prática de um crime, eles podem ser utilizados como prova. Esse é um problema comum a qualquer escuta ilegal, ao qual se dá sempre uma resposta negativa, sob pena de se pactuar com atropelos de direitos fundamentais. Por isso, o artigo 125º do CPP determina que as provas que impliquem violação desses direitos sejam nulas e não possam ser utilizadas.
Este regime vale para crimes que podem ser, em abstracto, objecto de escutas. Os conhecimentos fortuitos só podem ser utilizados se a escuta for legal, o crime a investigar a admitir e for indispensável para a prova, como dispõe o artigo 187º do CPP. Nada disto significa uma ponte para a impunidade, porque é sempre possível desencadear uma investigação contra quem é suspeito.
Validar escutas ilegais e não controlar o segredo de Justiça, isso sim, compromete a investigação.’
¹ Professora Catedrática de Direito Penal.
1 comentário :
Obviamente vocês nunca vão publicar este comentário...Acho muito estranho vocês não acharem estranho tantos casos esquisitos ligados à esfera do PS..Caso Emaudio..lembram-se? Rui Mateus e os financiamentos do PS..lembram-se? Caso dos portos de Lisboa, caso dos contentores, face oculta, saco azul de Felgueiras... pafra vocês o problema é o da fuga de informação e não o conteudo das escutas... muito interessante, mas, felizmente, há investigadores que estão a seguir estes e outros casos que conhecerão a luz do dia...Ah pois é! Pensavam que tudo terminava com o "Face oculta"? Se calhar...o face oculta é apenas um engodo para afastar as atenções e os apetites políticos de outra investigação "mais pesada" que está em curso...pensem bem...
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