sexta-feira, dezembro 18, 2009

Leituras

• Bruno Proença, Regras mais apertadas para os bancos:
    O comité de Basileia divulgou ontem 72 páginas com propostas de novas regras para as contas da banca.
• Daniel Amaral, O crescimento:
    Mas façamos um ‘forcing'. De acordo com a estrutura do nosso PIB, por cada 100 unidades produzidas consumimos 85 e poupamos 15. E precisaríamos de investir qualquer coisa como 25. Não dispondo de poupança que chegue, como é que financiamos o resto? O leitor já percebeu: vamos ao exterior e contraímos um empréstimo de 10. Mas este é exactamente o fenómeno que mais precisamos de combater. Afinal, em que ficamos: mais investimento ou menos dívida?

    Depois vem a eficiência. Há dois factores produtivos: o capital e o trabalho. Se estes aumentam, o que se espera é que produto aumente por duas vias: pelos factores em si e pelas melhorias associadas à produtividade. E aqui falhamos. Os nossos ganhos de eficiência ficam a uma enorme distância do que obtêm outros países em situações semelhantes. Não me perguntem porquê. Mas os nossos empresários devem uma explicação ao país.
• Fernanda Câncio, O 1.º dia do resto da luta:
    É um momento como o foi o fim da criminalização da homossexualidade, em 1982; o da remoção da homossexualidade da lista oficial das deficiências, em 1999; o da aprovação da lei das uniões de facto que trata por igual casais homossexuais e heterossexuais, em 2001 (com uma excepção, a da adopção); o da inclusão, em 2004, da orientação sexual no artigo 13.º da Constituição (que elenca as discriminações interditas); o do fim do crime "acto homossexual com adolescentes" e da inclusão dos casais de pessoas do mesmo sexo na definição do conceito de violência doméstica no Código Penal de 2007.
• João Pinto e Castro, Estado de catástrofe semiótica e mistérios da produtividade:
    Diz-se que, em 1968, quando os russos invadiram a Checoslováquia, os checos retiraram a sinalização das estradas para impedir que os tanques inimigos conseguissem encontrar o seu caminho.

    Se algum exército tentasse invadir Portugal (coisa que, caso único na Europa que a todos nos envergonha, ninguém tenta fazer há 200 anos bem contados) a nossa melhor defesa seria deixar a sinalização tal como está e esperar que ele se perdesse no emaranhado de pitorescas ruas e ruelas que fazem o encanto deste nosso jardim.

    (…)

    Podemos conjecturar que a mera difusão dos aparelhos GPS permitirá superar o absurdo da sinalização que nos calhou em sorte.

    Infelizmente, na economia, o equivalente a essa submissão do país a um sistema de orientação inventado por outros será talvez o enquadramento das empresas portuguesas em cadeias de valor que não dominam nem entendem, uma forma de provincianismo a que nos encontramos muito acomodados.

    O resultado será a inelutável desqualificação e desvalorização do trabalho nacional. Ora, eu não sei será exactamente isso que queremos.
• Paul Krugman, Desastre e negação:
    Ah, e os conservadores limitam-se pura e simplesmente a ignorar a catástrofe no sector imobiliário comercial: nesse seu universo, o único crédito malparado tinha sido o entregue a pobres e a membros de minorias, porque os empréstimos concedidos a empreiteiros de centros comerciais e torres de escritórios não encaixam na pintura.

    Em parte, a influência desta narrativa reflecte o princípio enunciado por Upton Sinclair: "É difícil fazer que um homem compreenda uma coisa quando o seu salário depende de não a compreender." Como fizeram notar os democratas, três dias antes de a Câmara dos Representantes votar a reforma bancária, os líderes republicanos reuniram-se com mais de 100 membros de grupos de pressão do sector financeiro para coordenar estratégias. Mas isso também reflecte a medida em que o moderno Partido Republicano está comprometido com uma ideologia falida, uma ideologia que não o deixa encarar o que aconteceu à economia dos EUA.

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