Às vezes, dá-me para vaguear pela blogosfera. Tropecei em Pedro Correia, que me pareceu inusitadamente empolgado com o debate de ontem na SIC-N: antes, anunciando-o, como se estivesse de plantão ao site de Passos Coelho; depois, concretizando a ameaça de que “[a]nálises e comentários surgirão aqui logo a seguir.” Sentindo-se um ambiente de inquietante alheamento da refrega laranja, é salutar que haja quem se empenhe assim militantemente.
Pedro Correia socorre-se daquele estilo sui generis que predomina na actual imprensa desportiva. A análise propriamente dita é substituída pelo relato avulso das principais “incidências” do jogo (que podem ser vistas, com mais proveito, nos resumos da televisão), a que não faltam as muito oportunas referências ao estado “anímico” dos artistas que se exibem “dentro das quatro linhas”: o “eurodeputado mostrou-se mais nervoso e muito mais à defensiva neste confronto”. Ou as alusões filosóficas que deixam um leitor intrigado o resto do dia: “Em democracia, a melhor ruptura obtém-se pelo voto.” Ou aquela tirada involuntária que revela por qual dos “três grandes” pende o coração do “crítico”: “Mas em nenhum momento como este foi tão visível a discrepância entre o candidato que milita há três décadas no partido e aquele que só assinou a ficha de inscrição há cinco anos, após um percurso algo enigmático pelo PP de Manuel Monteiro.”
Cada um é para o que nasce. Eu, que não tenho as capacidades de Pedro Correia, estou mais tentado a fazer análises do debate como esta — não fosse alguém dizer-me que tenho é jeito para ir de microfone na mão para o flash interview.
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