quarta-feira, julho 28, 2010

Freeport, um golpe abortado

O caso Freeport chegou ao fim sem que José Sócrates tenha sido constituído arguido e, claro está, tenha sido acusado seja do que for. Sócrates nunca foi, portanto, suspeito de qualquer crime, porque se o fosse teria de ser constituído arguido. E ainda menos foi alvo de uma acusação, que pressuporia indícios significativos da prática de um qualquer crime, para ser submetido a julgamento.

Dizer neste caso que a montanha pariu um rato não chega para descrever a situação. É que a montanha judicial nunca tocou em Sócrates. Por isso, a comunicação social, a classe política e alguns magistrados que andaram malevolamente a insinuar ou a afirmar, muitas vezes a coberto do anonimato, que Sócrates estava implicado no processo Freeport, têm de se retractar. Embora isso não chegue, pedir desculpas ao visado seria um bom princípio de conversa…

Ao longo dos anos em que o processo se arrastou até ao fim do inquérito, a boataria, a intriga e a calúnia alimentaram várias campanhas eleitorais e serviram de arma de arremesso a políticos menos escrupulosos. Na origem de tudo isto, esteve até uma conspiração — devidamente documentada por uma sentença condenatória — que envolveu investigadores e políticos.

Seria bom que parássemos um pouco para pensar e extraíssemos as necessárias ilações de tudo o que se passou. Não podemos defender o Estado de direito em part-time. Não podemos defender a legalidade só quando nos convém e instrumentalizar o processo judicial para atingir adversários políticos. Aqueles que o fizerem hoje podem arrepender-se amanhã, vítimas da sua obra de aprendizes de feiticeiro.

Talvez fosse útil que os encenadores da Face Oculta aproveitassem esta lição para arrepiar caminho. A tentativa ignóbil de tresler as leis, inventando um atentado contra o Estado de direito a cargo do primeiro-ministro, talvez tenha um pouco mais de sofisticação nos meios, mas é ainda mais patética nos resultados do que a triste conspiraçãozinha com que tentaram atingir José Sócrates no caso Freeport.

7 comentários :

Anónimo disse...

Muito bem.

A.R. disse...

Há muitos cidadãos que estão na lista de espera a quem a justiça deve desculpas. E muitos mais haverá naquela a quem a comunicação social deve reparos.

Anónimo disse...

Já viram o Cerejo no cimo do bolo do Público hoje?
A idiotice continua.

João Ventura disse...

E o que é a notícia de hoje de manhã na TSF que tinham 27 perguntas (!) para fazer ao PM mas não tiveram tempo de as fazer devido ao prazo que lhes foi dado para encerrar o inquérito. Não tiveram tempo? Em 6 anos? Não há pachorra!

Contumaz disse...

EU GOSTAVA DE SABER QUAL A RAZÃO DE ESTAREM IDENTIFICADOS TRÊS OU QUATRO SENHORES, COMO FAUTORES DA CARTA ANÓNIMA QUE DEU ORIGEM A ESTA VERGONHA DE SE GASTAREM MILHÕES DE EUROS EM 6 (SEIS!) ANOS DE INVESTIGAÇÕES, EM QUE ANDARAM OS SENHORES PROCURADORES E OS PJs DE IDA E VOLTA PARA INGLATERRA, E A PGR NÃO RESPONSABILIZAR ESSES DITOS SENHORES POR TUDO ISTO.
PARECE-ME UM ACTO DE BANDITISMO PURO.

Anónimo disse...

Não tiveram tempo? Em 6 anos? Mas afinal o que é que estas pessoas fazem na vida? Serão competentes? Se era para interrogarem Socrates que o fizessem na altura devida, agora invocar este argumento ridículo da falta de tempo... Não terão consciência do ridículo a que se sujeitam? E para quê deixar esta insinuação no ar? (a pergunta é retórica... ja todos sabemos a resposta - na versão benévola é mau perder; na versão malévola é para tentar manter o tema politicamente na agenda.)

Costa disse...

e a bacorada em q deixaram os emigrantes por esse mundo fora, terem q explicar quase diariamente o q se passava, dizerem q PORTUGAL tinha um PM corrupto, pensem bem na luta diaria q nos todos travamos para manter o nome da Patria limpo, essa gentalha so de cana mesmo
joao costa
jjrcosta@gmail.com