São os primeiros a tentar diabolizar a utilização da despesa pública como dínamo da economia, mas depois, surpreendentemente, lançam mão da aritmética para tentar provar que Portugal está a crescer mais porque houve mais despesa pública. Ontem, foi escrito o seguinte comentário a este post:
- "A projecção da OCDE contava com a verdadeira consolidação do orçamento português, ora o Estado com o fundo da PT (descontando os submarinos) gastou mais 1.7 mil milhões de euros, ou seja 1% do PIB. Como sabe o rendimento = Consumo privado + Gastos do Estado + Investimento + Exp - Imp, logo se os gastos do Estado foram 1% do PIB acima do previsto (e descontando as importações e considerando que em Pt o efeito multiplicador é quase zero), este acréscimo de despesa deve ter impulsionado o PIB em cerca de 0.6 a 0.8%, Então 1.4% - 0.6% é... ...é 0.8%.
A OCDE não contava que se continuasse a gastar...
Publique e responda..."
Bastam dois exemplos para ilustrar esta questão. Foi admitido que um dos principais motivos de aumento da despesa foi a contabilização dos submarinos — ora consta que os submarinos não foram produzidos em Portugal e, como tal, têm de ser imputados às Importações (a deduzir no PIB). Por outro lado, também é sabido que a despesa com medicamentos aumentou mais do que previsto inicialmente e a verdade é que infelizmente a grande maioria dos fármacos é importada (a deduzir no PIB). Basta olhar para as componentes da despesa para verificar que a OCDE actualiza as projecções de todas as rubricas e, desde logo, também com aumento da taxa de crescimento das importações.
Mas a questão colocada não é apenas errada, é também injusta. É injusta porque deveria ter reparado que o esforço de consolidação orçamental de Portugal deve levar a um decréscimo dos tais "Gastos do Estado" em 6% em 2011. E aqui também deveria ter recorrido à aritmética para confessar quanto seria o crescimento do PIB se não estivesse a fazer este esforço de ajustamento das finanças públicas!
Mas é injusta também para a economia portuguesa e para os portugueses que, mesmo nas actuais circunstâncias difíceis, continuam a trabalhar e a criar riqueza. Porque é que este leitor não olhou para os valores apontados pela OCDE para as exportações? A OCDE ainda em Setembro apontava para um crescimento das exportações de 5,3% em 2010 e agora reconhece que deverá ir até aos 8,4%. Ou seja, uma forte aceleração das exportações. Mais, os técnicos da OCDE apontam para crescimento das exportações de 6,3% e 7,6%, respectivamente em 2011 e 2012, dando nota de que as empresas portuguesas têm condições de competitividade e de ganhar quota de mercado.
É assim que se sai da actual situação. E, quer se queira, quer não se queira, as previsões da OCDE ontem publicadas prevêem um crescimento de 1,5% em 2010, acima do previsto pelo Governo. Para 2011, a taxa de -0,2%, confirmando o efeito das medidas de consolidação orçamental, desmente as teses catastrofistas e dá boa nota da dinâmica da economia nacional.
Sem comentários :
Enviar um comentário