quinta-feira, março 03, 2011

“Só poderemos gerir melhor o risco financeiro quando reconhecermos as limitações dos modelos formais”

• John Kay, Não culpe a sorte quando os modelos falham:
    Em "O Mercador de Veneza", Shylock pede uma "libra de carne" como garantia do empréstimo que vai conceder a António, o mercador, caso este não lhe pague o que é devido em tal dia e em tal lugar. No entanto, para que o contrato tenha validade, tem de ser escrito e assinado. A palavra não basta. Nesse aspecto, Shylock é nosso contemporâneo. Mais do que nunca, ninguém aceita, hoje, a mera palavra como garantia. Shakespeare, que não era parvo, sabia que o "real" é importante.

    Nos dias que correm, porém, quem manda são os modeladores e não os poetas, sendo que aqueles prosperam graças ao nosso desejo de acreditar no impossível. Só poderemos gerir melhor o risco financeiro quando reconhecermos as limitações dos modelos formais. Isto porque o controlo de risco é quase exclusivamente um problema de gestão de competências, incentivos bem pensados e estruturas e sistemas robustos, cuja elaboração se quer simples e transparente.

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