domingo, julho 17, 2011

A privatização da Lusa

• Alberto Arons de Carvalho, A privatização da Lusa [ontem no Expresso]:
    ‘Não tendo o mediatismo da RTP nem o seu custo, a Lusa possui também uma importância crucial na comunicação social portuguesa. Por isso, se estranha o relativo silêncio com que foi recebido o anúncio de que a sua privatização está prevista no Programa do Governo. Admito que poucos acreditem na concretização desta medida, de tal forma ela constitui uma opção insólita e errada.

    A venda da participação maioritária do Estado na agência a um parceiro privado inviabilizaria desde logo o seu atual modelo.

    Em primeiro lugar, porque é a indemnização compensatória estatal recebida anualmente pela agência (cerca de 14,7 milhões de euros, ou seja 11 cêntimos por mês em média por cada habitante em Portugal...) que permite manter serviços claramente não rentáveis, mas decisivos para os objetivos da empresa, como uma vasta rede de correspondentes em diversos pontos do território nacional, junto das comunidades portuguesas e também em todo o espaço lusófono e nas principais capitais mundiais. A contribuição do Estado corresponde a cerca de 77% dos proveitos da Lusa, pelo que a sua inexistência anularia radicalmente esta vertente estratégica e diplomática de afirmação dos interesses portugueses e da lusofonia.

    Em segundo lugar, porque os serviços da agência constituem uma importantíssima forma de apoio indireto do Estado aos órgãos de comunicação social, que por eles pagam um preço bem abaixo do seu custo efetivo, e, por intermédio destes, aos seus consumidores. Sem a ajuda estatal, a agência nunca poderia oferecer o conjunto de serviços que presta por cerca de 7500 ou de 300 euros mensais, consoante os clientes sejam de âmbito nacional ou regional e local. Por essa verba, eles pagam os serviços de cerca de 230 jornalistas que, a todas as horas do dia (e da noite...), produzem uma média diária de 620 conteúdos noticiosos, entre texto, áudio, fotografia, vídeo, etc. (...)’

3 comentários :

Manuel Tiago disse...

Não entendo a lógica do Alberto Arons de Carvalho..
Ou melhor, entendo, mas não aceito.
Os jornais pertencem a grupos privados e nós todos andamos a sustentar 230 jornalistas para andarem a fornecer serviços a preços "abaixo do custo efetivo" a esses senhores.
Ainda por cima para a grande maioria desses jornais estarem convertidos em órgãos de propaganda partidária do PSD.
Essa Não!!!!!

Portas e Travessas.sa disse...

Não vejo que isso possa vir a afectar a grande maioria do povo, se para mais, a LUSA, é vendedora das noticias á CS - para tanto, a LUSA, é uma agencia que é paga pelos Portugueses e só servem meia duzias de Jornais - esses, é que podem sentir-se lesados...esses? PQP.

Se o PS - está preocupado com o Oliveirinha da Serra e, com o rapaz da Cofina e, com o Xico vá à merda...esse, não é o meu/nosso campeonato... o nooso campeonato é outro...é o da Saúde...do Ensino...é da SSocial

Pdem privatizar a RTP. que sustenta os Malatos Sem Graça e muitos mais Grabieis - resta saber para que mãos -- de Preferencia para mãos estrangeiras.

Ou estou a vêr mal?

Farense disse...

A Agencia é fundamental para defender os valores estrategicos do país, no que respeita à linguia portuguesa, lusofonia e valores portugueses no mundo. Não apenas como servidor dos jornais nacionais.
Privatizar a Agencia Lusa é uma forma que n vai garantir esse serviço. É um regresso a uma Agencia que ja existiu chamada NOTICIAS DE PORTUGAL (NP).
Uma agencia supostamente privada para concorrer com a nacional ANOP, mas que tinha o estado por trás a viabiliza-la economicamente.
Os nossos empresarios foram sempre assim: liberais mas com garantia de mercado.
O projecto, claro, falhou porque o estado acabava por financiar duas agencias.A fusao das duas deu origem às Lusa.
Com a privatizaçao da Lusa, o fim seria o mesmo. Os privados nomeariam os jornalistas e a administraçao, controlariam a linha editorial e o estado acabaria por ser o princpipal suporte de viabilizaçao da empresa, por apoio directo ou indirecto.
Já vimos este filme e é isso mesmo que os Balsemões e Belmiros e Cofinas desejam.
Por isso, subscrevo as preocupações de Alberto Arons de Carvalho.