- ‘(...) Quando não se sabe o que fazer em política económica e sobretudo em política económica internacional, em que se multiplicam vontades e centros de decisão, a única coisa a fazer é ganhar tempo.
As economias não se curam com remédios santos, revoluções ou outras coisas imaginadas nas ideologias. Curam-se devagar com os sinais emanados dos mercados, governos tacteantes mas atentos, tentativas e erros, pouca ambição. Por isso ganhar tempo para que as economias encontrem por elas o seu novo estádio de crescimento parece ser a melhor solução.
E será possível ganhar tempo? Os recentes sinais alemães dizem que sim. Merkel perdeu outras eleições, para os partidos da esquerda, mais pró-europeus. Primeiro, os mercados reagiram mal, com medo do que viria aí. Mas, depois, ainda reagiram pior com a certeza de que é preciso mudar. Para além disso, saíram duas figuras de topo do Bundesbank, daquelas que preferem curas fortes, porventura por terem pressentido mudanças no ar. Se as mudanças alemãs se confirmam - o que acontecerá ou não nos próximos dias - estamos salvos por mais um bocado de tempo.
Por cá, continuamos num mundo à parte. Pelo menos até às vésperas das próximas eleições, quando o actual Governo perceber que também precisa de ganhar tempo - embora de outro tipo.’
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