quinta-feira, setembro 22, 2011

A palavra aos leitores

Um e-mail enviado por Francisco R. dá-nos conta da “cartilha de Gaspar”, que “anda pela net, tem graça e não paga imposto”:
    O Diálogo (séc. XVII)
    (Diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV extraído da peça de teatro Le Diable Rouge, de Antoine Rault):

      Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar [o contribuinte] já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço...
      Mazarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado... o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem!
      Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo ? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?
      Mazarino: Criam-se outros.
      Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
      Mazarino: Sim, é impossível.
      Colbert: E então os ricos?
      Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
      Colbert: Então como havemos de fazer?
      Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos, mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um reservatório inesgotável.

1 comentário :

Rosa disse...

Excelente e oportuno...
A essência humana muda muito pouco...por isso é que há textos e obras que são universais...
Muito actual...apesar de ter mais de 3 séculos...