A trincheira contra o experimentalismo dos estarolas da São Caetano de São Bento [2]

• Fernando Madrinha, DUELO EM BELÉM? [hoje no Expresso]:

'Uma vez que o Presidente e o primeiro-ministro não deixaram de se encontrar todas as quintas-feiras em Belém e certamente falaram sobre as medidas mais gravosas do orçamento, teremos de concluir que estamos perante uma divergência insanável, com o Governo a ignorar olimpicamente os alertas que, supõe-se, Cavaco não terá deixado de fazer. Se assim foi, o Presidente perdeu, num primeiro combate, o braço de ferro com o chefe do Governo. O que não quer dizer que, no fim do processo, não possa vir a ganhar.

Ao tornar pública a sua posição, Cavaco alimenta a contestação política e social ao orçamento. E também se compromete a defender a sua opinião, pois, de outro modo — promulgando o orçamento sem reservas, ou manifestando-as numa simples declaração à Assembleia — será legitimamente acusado de apenas ter procurado, esta semana, cavalgar uma popularidade fácil.

Caso o Governo e a maioria não revejam a questão dos subsídios, o Presidente está politicamente obrigado, desde quarta-feira, a suscitar, pelo menos, a constitucionalidade do diploma. E não viria a público falar como falou se não estivesse convencido de que dificilmente os cortes passarão no Tribunal Constitucional. Assim, o seu alerta público, depois de ter perdido em casa o suposto duelo com Passos, também oferece ao Executivo e à maioria uma oportunidade para corrigir um erro que pode ser-lhe fatal. Pior do que um recuo em tempo útil seria uma derrota humilhante com o Tribunal Constitucional a declarar fora da lei o corte dos subsídios nos termos em que são propostos.'