terça-feira, dezembro 27, 2011

“Esta política não tem nada a dizer sobre o futuro”

• Pedro Silva Pereira, Compreender 2011:
    ‘A demagogia triunfante esforçou-se por virar as coisas ao contrário e fazer do alegado "despesismo" do Estado a causa do risco de "não haver dinheiro para pagar salários e pensões". Mas se em 2011 o Estado teve mais receita e menos despesa do que no ano anterior, está bem de ver que o risco de ruptura teve outra origem: a impossibilidade de, em plena crise financeira, continuar a aceder aos mercados para o financiamento corrente da dívida pública, com o apoio prometido do BCE (como sucede hoje com a Itália ou a Espanha) - e essa impossibilidade foi consequência directa da rejeição do PEC IV.

    Esta opção teve custos elevados, mesmo para além do próprio pedido de ajuda externa, que levou ao Memorando de Entendimento com a troika. Mas cumpriu o seu objectivo político: proporcionar eleições antecipadas, para uma mudança de Governo.

    Se já antes o PEC IV tinha sido rejeitado em nome do argumento, hoje ridículo, de que a direita era "contra o aumento dos impostos", a campanha eleitoral do partido vencedor girou em torno de uma promessa mil vezes repetida: austeridade contra "as gorduras do Estado", não contra as pessoas. Compreende-se bem que os portugueses tenham votado na esperança de melhorar as suas vidas.

    Só que a promessa não era para cumprir, como agora se vê. Obtidos os votos, o novo Governo PSD/CDS lançou o mais violento pacote de austeridade "contra as pessoas" de que há memória - sem disfarçar a intenção deliberada de ir "além da troika". Obcecado pela austeridade e disposto a utilizá-la como instrumento de uma agenda ideológica adversa ao Estado Social, do Governo só se ouve uma palavra de ordem: parar. E, de facto, está a parar o Estado e está a parar a economia. Consultam-se as Grandes Opções do Plano para 2011-2015 ou o Orçamento para 2012 e vê-se que o Governo prevê para o próximo ano uma recessão de -2,8%, embora já admita que será pior. Mas quando se procura a previsão para a economia em 2013, não há lá nenhuma. Nem boa, nem má. E talvez isto seja o pior de tudo: esta política não tem nada a dizer sobre o futuro.’

4 comentários :

Teófilo M. disse...

Infelizmente esta é a novidade já há muito sabida. Com a mentira lá chegaram. Com as mentiras que virão hão-de sair de lá, dpois chegarão os socialistas para arrumar tudo de novo e apanhar com as culpas.

Fernando Romano disse...

Foi uma burla monumental!

Insista Dr.Pedro Silva Pereira! Insista! Para que os burlões, com a ajuda de parte da imprensa vergada e vendida, o silêncio cúmplice da velha e reumática esquerda, a colaboração militante dos burgueses da Distribuição Alimentar e da Banca, os Catedráticos da velha escolástica contra-reformista, os analistas defensores do Portugal enfesadinho e pequenininho (a cobardia de outros...), não consigam apagar o crime que cometeram nestes últimos anos, juntos na mesma barricada para se oporem à sementeira do Ciclo Histórico seguinte que estava a ser feita pelos governos de que fez parte.

Nunca uma ambição tão grande se viu em Portugal, nunca o futuro esteve tanto na ordem do dia em várias setores da nossa vida, nunca os filhos do povo trabalhador, das cidades e dos campos, polvilharam em tão elevado número as nossas universidades e outros centros de excelência na área do Conhecimento. Nunca a Ciência esteve no topo das atenções!

O PEC IV e sua aceitação pelas instâncias da UE foi uma manobra diplomática de elevado alcance, que uniu toda aquela sacanagem contra os interesses do país e do povo, movidos pela ganância pelo "Pote". Até nisso estivemos na primeira linha. Aproveitam agora a Espanha, a Itália e outros, enquanto nós estamos entregues a esta camarilha de trafulhas e incompetentes a mando dos burocratas do chamado "capitalismo virtual", dos Madoffs dos nossos dias.

Hoje, toda a cambada de malandros parece ter descoberto que a crise é sistémica, internacional.

José Sócrates foi, de facto, um Primeiro Ministro de esquerda que ousou encetar um novo ciclo na nossa democracia.

Bruno Miguel disse...

Força Dr.Pedro Silva Pereira...

Anónimo disse...

A Madeira diz que foi um acordo possivel que incetou com o 1º ministro. Espanta-se a afirmação que vão pagar a dívida que, os outros não quiseram pagar! Pagar o quê? Os despesismos do seu lider!
No entanto, agora não estamos para discutir culpas mas, que seja o momento de virar esta página com uma nova forma de fazer democracia porque existe milhares de portugueses que não tem emprego.
Isto, não haver emprego, é muito grave. Parece que os políticos ainda não acordaram. Pergunto: há acordos entre o governo e os empre´sarios para criação de postos de trabalho?
Os políticos do arco do poder estão à espera de quem?
De muitos Zés dos Telhados?