sexta-feira, dezembro 09, 2011

Não foi por acaso que houve Inquisição em Portugal



As arrastadeiras e outras coisas (similares ou não) salivaram de imediato com o que Sócrates disse acerca das dívidas dos Estados (explicado aqui à RTP). À reacção pavloviana não escapou Paulo Portas, que fala sempre em ambientes controlados para não ter de responder a perguntas indiscretas sobre a aquisição de equipamentos militares. A Portas, Passos Coelho tirou-lhe o tapete. Aos restantes, a leitura de um manual de finanças públicas daria muito jeito ou, em alternativa, que lessem o que diz gente que até costumam mencionar, como esta bela citação do Vítor Bento a dizer basicamente o que o Sócrates disse sobre a dívida pública:
    ‘Os agentes económicos individuais do sector das famílias têm um “ciclo de vida” assumidamente finito e, por isso, a sua capacidade de gerar rendimento regular é normalmente temporária, correspondendo, grosso modo, à sua vida activa. Por isso, não podem funcionar permanentemente em dívida (…) Com as empresas, o Estado e o País como um todo (i.e., o agregado da Economia Interna), o processo é diferente. Não existe um horizonte temporal limitado para a sua existência, pelo que o planeamento financeiro da sua vida é diferente do caso dos particulares. Desta forma, é razoável assumir a sua existência como prospectivamente infinita, pelo que é também razoável que funcionem saudavelmente com endividamento permanente, que vai sendo periodicamente renovado, e sem que haja a expectativa – temporalmente definida – de que tal endividamento venha a ser totalmente pago.’(Vítor Bento, Economia, Moral e Política, 2011, pp. 79-80)
Vivemos tempos difíceis. Chegou a vez dos idiotas.

7 comentários :

Anónimo disse...

«Fixar uma espécie de regra de ouro é um procedimento que iremos adotar em Portugal, tenho a certeza. Veremos qual a melhor maneira. Julgo que a forma mais clara era a de a consagrar na própria Constituição. Essa é a forma mais transparente e mais clara», declarou Passos Coelho, no final de uma cimeira de chefes de Estado e de Governo da UE na qual houve um acordo para o reforço do euro.

Vamos ver se agora é a vez de António José Seguro tirar o tapete a Pedro Passos Coelho...

Francisco Clamote disse...

O texto citado devia ser esfregado no "focinho" do Portas e dos demais idiotas que ao longo da semana se têm pronunciado no mesmo sentido, incluindo o Freitas. No CM era mesmo caso de os correr a todos a eito, desde o Dâmaso ao Coutinho.

Anónimo disse...

Ver aqui também: http://adoutaignorancia.blogs.sapo.pt/265709.html


António Lopes

Ze Maria disse...

Freitas e Portas, Portas e Freitas, "farelo" do mesmo saco. Os rótulos não interessam nada...
Freitas foi mais um dos tantos erros de casting...

Troyano disse...

O feirantezeco, que andava "lost in translation", de repente elevou-se, salivando, do fedorento pântano governamental onde chafurda (quer queira, quer não) para se babosear com as declarações de ex- PM Engº José Sócrates!

Anónimo disse...

Se dúvidas houvesse que isto é mesmo um país de loucos (além de ordinários, estúpidos, racistas, homofóbicos, cobardes e porcos) este comentário de Luís Vintém veio dissipá-las por completo.
De facto este excerto de Vítor Bento (uma grande sumidade que foi substituir Dias Loureiro, depois do escândalo do envolvimento deste no caso BPN...) explica perfeitamente a razão porque chegámos ao estado que se demonstra a seguir:

“Onde Portugal é campeão
Sinal de uma situação, provavelmente ainda mal digerida, Portugal surgia na primeira posição (neste caso, pela negativa) em três indicadores-chave: dívida externa total (tanto pública como privada) líquida (88,6% do PIB, contra 82,5% no caso da Grécia, 80,6% no caso de Espanha e 75,1% no caso da Irlanda); posição negativa de investimento internacional líquida (-111,7% do PIB, contra -95,5% de Espanha, -82,2% da Grécia e -75,1% da Irlanda); e dívida externa líquida das instituições financeiras monetárias, que reflecte o endividamento externo líquido do sector bancário (50,1% do PIB, contra 42,5% de Espanha, 21,5% da Irlanda).”
Fonte: Ricardo Cabral, “The Pigs’ external debt position” (Maio 2010)

Só não percebo é como é que países como a Suécia, p. ex., que não foram abençoados com sumidades como Vítor Bento, Ricardo Cabral, Galamba e quejandos, e tratam de pagar o que devem, sem utilizar teorias rebuscada para fugir com o rabo à seringa, estão em muito melhor posição que Portugal.
Pensando bem, desde que ouvi uma grande sumidade, que é professor universitário de Direito, pessoa respeitadissíma, conceituadissima e coisa e tal, num “Prós e Contras” a opor-se ao casamento entre homossexuais com o curiosos argumento que isso levaria à permissão dos casamentos poligâmicos, por causa dos bissexuais, só parando o seu “brilhante raciocínio” quando alguém teve a caridade de lhe explicar que os bissexuais sentem atração por pessoas dos dois sexos mas não necessariamente em simultâneo daí não haver qualquer relação entre bissexualidade e poligamia, deixei de me espantar fosse com o que fosse. É que argumentos contra os casamentos entre pessoas do mesmo sexo há-os por aí aos pontapés (independentemente da sua validade), uma tolice destas nem uma criancinha de 5 anos se lembraria de proferir
Olhem, nem vale a pena publicar estes singelos desabafos. Desgraçado é de quem não saiu desta piolheira enquanto ainda era tempo...

Anónimo disse...

O que não se compreende mesmo é como é que Países que não foram governados por Sócrates "durante treze anos", como quase todos, p. ex., tenham as mesmíssimas dificuldades de Portugal...


Vai-se a ver e Sócrates esteve "treze anos" a goevrnar em Portugal, na Grécia, na Irlanda, na Espanha, na Hungria, na Itália, nos E. U. A., etc, etc., etc....