Operação Lusoponte

Não há obviamente um português que acredite que, seis dias após ter sido publicada a notícia, Passos Coelho tenha chegado ao debate parlamentar sem saber do jackpot doado à Lusoponte. Acontece que, quando a meio do debate muda de estratégia e se estatela ao comprido, o país ficou estupefacto, já não com a “ignorância” do primeiro-ministro, mas com as esfarrapadas e desencontradas desculpas que o Governo foi fazendo sair.

O gabinete do ministro da propaganda teve de tomar conta de ocorrência — e hoje temos uma impressionante operação para remover os estilhaços. Veja-se:

O Sol conta-nos que Passos Coelho “interpretou mal” [sic] o SMS enviado pelo secretário de Estado dos Transportes, mas o repugnante semanário não chega a explicar o que constava da mensagem. No fundo, apenas um momento de iliteracia por parte de Passos Coelho.

Já o Público, fazendo tábua-rasa de tudo o que escreveu sobre o duplo pagamento à Lusoponte, vem dizer que, desde 1 de Julho, estava acordado entre o Governo e a concessionária da ponte “a devolução da verba, a que acrescem os juros contratuais.” Ora acontece que:

• O secretário de Estado dos Transportes andou uns dias a dizer, entre outras coisas (v.g., manutenção das salinas do Samouco), que o Estado só poderia ser ressarcido quando fosse renegociado o contrato com a Lusoponte;
• O conselho de administração da Lusoponte disse taxativamente que não tinha intenção de devolver a massa.

A jornalista do Público não lê notícias, pelo menos as escritas por si no jornal em que trabalha?

PS — Pelos vistos, o FAL, que se encontra de piquete na casa das máquinas, começa a ter concorrência à altura.