- 'Além de circunstâncias específicas ao personagem e da emergência da crise financeira mundial, foram exactamente as dissonâncias de posicionamento político que liquidaram Sócrates. Os portugueses viam-no como um dirigente ambicioso, capaz de encetar mudanças e induzir progresso. Enquanto essa percepção durou – com políticas agressivas no domínio da ciência, um élan reformista na Administração Pública, festa nas escolas, expansão das redes viárias e diplomacia económica activa – Sócrates viu a intelligentsia nacional a seus pés e o povo confiante. Quando chegou a crise e foi necessário arrepiar caminho, tudo mudou. O quadro de referência mental dos eleitores – e o da intelligentsia lusitana, esse especialmente volátil – não estava preparado para um discurso de dificuldades. Daí à descoberta de "falhas de carácter" e a desmandos das contas públicas foi um passo. O seguinte foi a lapidação.
Patriota que sou, espero bem que o jogo do posicionamento político reverta a favor do povo e que o FMI, no seu 3º relatório sobre Portugal, se engane ao augurar tempos negros para a nossa economia. Se, por alturas de 2015, se revelar certo, será muito interessante revisitarmos Maquiavel. Caso contrário, recomendo a leitura de um bom manual de marketing estratégico.'
1 comentário :
Muito bem Dr. Luís Nazaré!
Sócrates foi mesmo isso: um Diamante da política portuguesa.
Mas o que gosto mais de lhe chamar é
O PRIMEIRO HETERODOXO DA POLÍTICA PORTUGUESA.
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